23/11/09

Momentos... Jonas Brothers

Jonas Brothers, na Wembley Arena, em Londres

Alberta Cross... Broken Side Of Time

Alberta Cross, grupo oriundo de Londres, é formado por Terry Wolfers no baixo, Petter Ericson na guitarra e voz, John Alexander Ericson nas teclas e Seb Sternberg na bateria.
Após a sua estreia no mundo musical com o EP The Thief & The Heartbreaker, editado em 2007 pela label Fiction, o grupo regressa neste ano de 2009 com Broken Side Of Time, disco onde mantêm a sua linha musical, assente num blues-rock com grande influência de Neil Young, quer a nível vocal quer instrumental, sendo evidente o som das guitarras, permanentemente a solar, por traz da voz frágil mas agradável de Petter Ericson a fazer lembrar um pouco os Death Cab For Cutie.
Um bom disco de um bom grupo que pode ter grande futuro na cena indie britânica e, quem sabe na europa, se bem que me pareca mais o género de música para vingar no mercado americano, com aquele tipo de som blues-rock americano, não faltando a típica slide-guitar.

01 - Song Three Blues
02 - ATX
03 - Taking Control
04 - Old Man Chicago
05 - Broken Side Of Time
06 - Rise From The Shadows
07 - City Walls
08 - The Thief & The Heartbreaker
09 - Leave Us And Forgive Us
10 - Ghost Of City Of Love

Nota - 8/10

20/11/09

Penelopes... Priceless Concrete Echoes

Apesar de, do meu ponto de vista, a música moderna francesa não apresentar grandes nomes, salvo algumas boas excepções entre as quais Daft Punk ou Air, de vez em quando chegam-nos algumas boas surpresas da terra dos gauleses.
The Penelopes (Axel Basquiat e Vincent Tremel) formaram-se no ano de 2002, altura em que editaram alguns singles e em 2007 gravaram o primeiro álbum, The Arrogance Of Simplicity.
No início deste ano de 2009 os The Penelopes & Morpheus editaram este Priceless Concrete Echoes, um bom disco pop com uma música à base de sintetizadores que nos faz lembrar alguma da música dos anos 80 e, principalmente, New Order.
Uma pop simples e despretensiosa.

01 - Stuck In Lalaland (Feat Morpheus)
02 - Demian (Feat. Dierde)
03 - Licked By Love (Feat Morpheus)
04 - Circle Of Reasons
05 - Saved (Feat Morpheus & Malka Spigel)
06 - Joey Santiago
07 - Sabotage
08 - Long Black Fly (Feat Morpheus)
09 - The Heat Goes On (Feat Morpheus)
10 - Concrete
11 - your Plan For Happiness

Nota - 8/10

16/11/09

Presets... Apocalypso

Com edição de 2008, este disco assinala o regresso dos The Presets, duo australiano de Sidney, composto por Julian Hamilton na voz e teclados e Kimberly Moyes na bateria e programação.
Apocalypso, apesar de não conseguir atingir o nível de Beams (2005), é um bom disco que no entanto peca a partir de determinada altura, pois torna-se monótono e maçador; este é, quanto a mim, um dos problemas da maior parte da música electrónica e dança.
Apesar de alguma monotonia, no geral é um bom disco no qual estão bem patentes as influências dos Pet Shop Boys ou dos Smith; é um trabalho que nos mantém bem dispostos e nos convida para a dança.

01 - Kicking and Screaming
02 - My People
03 - A New Sky
04 - Tgis Boy's In Love
05 - Yippiy-ay
06 - Take Like That
07 - Eucalyptus
08 - If I Know you
09 - Together
10 - Aeons
11 - Anywhere

Nota - 7/10



13/11/09

Choir Of Young Believers... This Is For The White...

Choir Of Young Believers é um projecto a solo de Jannis Noya Makrigiannis, guitarrista dos Lake Placid. Neste disco, This Is For The White In Your Eyes, este músico dinamarquês apresenta-nos uma dezena de canções de uma forte vertente acústica, num pop suave, agradável e extremamente melódico.
Podemos não estar perante um grande disco, um disco de excepção, mas estamos concerteza perante um trabalho discográfico de qualidade e que nos dá prazer ouvir... principalmente nestes dias de inverno em que apetece ficar em casa a ouvir a chuva e o vento. É uma música que nos apazigua e relaxa, perante o tempo agreste e frio de inverno.

01 - Hallow Talk
02 - Next Summer
03 - These Rituals Of Mine
04 - Action-Reaction
05 - Under The Moon
06 - Wintertime Love
07 - She Walks
08 - Why Must It Always Be This Way
09 - Claustrophobia
10 - Yamagata

Nota - 7/10

09/11/09

Soulsavers... Broken

Como grande admirador da música e voz de Mark Lanegan, qualquer comentário que possa fazer a este "Broken" pode ser suspeito. No entanto, não hesito em afirmar que este terceiro disco dos Soulsavers, duo britânico formado por Rich Machin e Ian Glover, é um excelente trabalho. São treze temas brilhantes, dos quais oito têm o toque de Lanegan, quer ao nível vocal quer de composição. Apesar da presença de Mark Lanegan e Will Oldham funcionarem como um "certificado de qualidade", "Broken" é um disco de extraordinária beleza com uma mescla de sonoridades e ambiências incríveis que, simultaneamente, nos deliciam e assombram, de forma extremamente saudável.

01 - The Seventh Proof
02 - Death Bells
03 - Unbalanced Pieces
04 - You Will Miss Me When I Burn
05 - Some Misunderstanding
06 - All The Way Down
07 - Shadows Fall
08 - Can't Catch The Train
09 - Phrao's Chariot
10 - Praying Ground
11 - Rolling Sky
12 - Wise Blood
13 - By My Side

Nota - 9/10

07/11/09

Roofwalkers - Roofwalkers

No final de 2005, em Washington D.C., Adrian Carroll, Ramirez Gadhia, Ben Licciardi, Chris Licciardi, TJ Lipple e Elmer Sharp formaram os Roofwalkers que editaram recentemente o su primeiro trabalho, intitulado precisamente "Roofwalkers". Estamos perante um bom disco de estreia que, sem deslumbrar, revela um grupo que pratica um rock suave, muito assente em guitarras e com alguns "jogos interessantes" ao nível de teclas.
Ao longo de todo o disco, estão bem patentes as influências assumidas por parte do grupo dos Yo La Tengo (numa versão mais pastoral) ou dos Silversun Pickups. Graças a esta conjugação de estilos e ao nível de execução musica e vocal, "Roofwalkers" proporciona-nos bons e suaves momentos, através de uma música extremamente melódica e agradável, aliada a uma voz suave.

01 - To The Quick
02 - Chin Music
03 - What Happens Next
04 - Birds Of A Feather
05 - Cut Every Corner
06 - They Think They Own The Place
07 - Desert Scene
08 - Northern Spy
09 - Final Flight
10 - Port Of Call

Nota - 8/10

14/08/09

Entrevista... Fernando Correia Marques

Terceira parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog ao Fernando Correia Marques no ano de 1982, para o jornal Musicalíssimo.
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Perg. – Podes não te considerar um rocker, mas tens de ter algo a ver com o rock quando cantas temas como, por exemplo o “Hey mano”, ou mesmo o “Louco, amor louco”. Não concordas?
Resp. – A nível de rock considero-me um “revival”. Os anos 50 foram fundamentais para o rock, e o resto que se passou até agora são tentativas de se encontrar algo no caminho.
Perg. – O que achas do rock que se faz em Portugal?
Resp. – Em Portugal, infelizmente, o rock é muito mal tratado. Para além disto, existem empresários que são do pior que pode haver, em que exploram as bandas e os músicos até à medula, e todos nós sabemos que uma banda de rock não vive dos músicos que lá tocam. Eu, se tiver uma banda e os músicos não tiverem instrumentos, como é lógico, eles não podem tocar. Em Portugal os instrumentos musicais são considerados artigos de luxo e isso já é uma grande exploração que se faz às bandas musicais. É por isso que eu não acredito em muitos esquemas de rock que aprecem por aí ao nível da promoção empresarial. Isso é um roubo, infelizmente.
Perg. – Em termos de projectos para o futuro, o que é que tens em mente?
Resp. – Pretendo continuar a gravar, fazer um som porreiro e tentar experiências novas ao nível das letras e também tentar criar um estilo próprio.
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Nota – Entrevista feita para o jornal Musicalíssimo. Fernando Correia Marques gravou os primeiros discos com o nome de Fernando e foi nessa altura que esta entrevista foi feita. Os seus primeiros singles, eram num estilo rock n’ roll muito comercial (daí o ser acusado de oportunismo para vender). A partir de 1983 o seu estilo musical situa-se na chamada música popular portuguesa ligeira, muitas vezes denominada “música pimba”. Ainda hoje grava, sob o nome de Fernando Correia Marques. Obtém grande sucesso e dá imensos concertos pelas terras portuguesas e no estrangeiro, junto das comunidades de emigrantes.

FIM

13/08/09

Band Of Skulls - Baby Darling Doll Face Honey

O trio Band Of Skulls editou recentemente o seu trabalho de estreia, Baby Darling Doll Face Honey, para a editora Shangri-La. Oriundos de Southampton, Inglaterra, trazem-nos um conjunto de doze boas canções, estando patente em algumas delas influências revivalistas (destaque para o tema Blood) que, misturadas com um som alternativo muito actual, criam uma atmosfera musical simultaneamente curiosa e estranha, mas muito interessante.
Russel Marsden na guitarra e voz, Emma Richardson no baixo e voz e Matt Hayward na bateria, têm, com este disco, uma estreia auspiciosa; Baby Darling Doll Face Honey é um bom disco repleto de boas canções para serem tocadas ao vivo na digressão que o grupo está a preparar.

01 - Light Of The Morning
02 - Death By Diamonds And Pearls
03 - I Know What I Am
04 - Fires
05 - Honest
06 - Patterns
07 - Hollywood Bowl
08 - Bomb
09 - Impossible
10 - Blood
11 - Dull Gold Heart
12 - Cold Frame

Nota - 8/10

12/08/09

Entrevista... Fernando Correia Marques

Segunda parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog ao Fernando Correia Marques no ano de 1982, para o jornal Musicalíssimo.
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Perg. – Musicalmente, como é que te defines?
Resp. – Defino-me como um músico que gosta de cantar aquilo que compõe. Se for rock é rock, se for balada é balada; desde que eu componha e goste, está tudo bem.

Perg. – Tu podes gostar, mas os críticos acusam-te de um aproveitamento para cantares aquele género musical que está a vender mais, para dessa forma ganhares dinheiro. Não concordas?
Resp. – Vou-te responder em duas alíneas. Em primeiro lugar os críticos em Portugal são indivíduos em que a maioria deles não percebe nada de música, vão ver um concerto e não estão a perceber nada daquilo. Os críticos em Portugal funcionam da maneira que a música lhes entra no ouvido, ou seja: se fica no ouvido gostam, se não fica não gostam. Quem faz isso não é crítico, pois eles devem analisar o esquema todo, a música toda, e depois então podem criticar. Eu, quando não percebo uma coisa, não a crítico. Quem critica tem de ouvir o concerto e não se limitar a dizer que gosta quando a batida é boa, ou que não gosta quando a batida é má. Acho muito bem que se critiquem certas bandas estrangeiras que vêm cá dar concertos e que são uma bela porcaria. O concerto que as Girl School deram, por exemplo, na minha opinião foi um insulto actuarem cá e cobrarem um balúrdio. Esse dinheiro podia ser para os grupos portugueses. Não é porém os portugueses a fazerem as primeiras partes desses concertos, em que o som que temos sai completamente “esburacado” e onde somos pagos miseravelmente. Salvo raras excepções, os críticos portugueses não percebem muito de música.
O segundo ponto, em relação a eu estar a aproveitar-me do rock para ganhar dinheiro, isso é um erro, pois o rock também já este na moda nos anos 60. Por outro lado, não tenho interesse nenhum em estar o nível do rock já que não sou um rocker, pois se fosse formava uma banda e ia para a estrada, pois um rocker faz-se na estrada, não é num estúdio. Fiz o “Hey Mano” porque curti muito. O rock não dá dinheiro e as bandas que vivem disso vêem-se com muitas dificuldades para sobreviver. Eu não sou um rocker, apenas canto aquilo que componho e posso acrescentar que ainda não ganhei muito dinheiro como músico, por isso não acho que esteja a existir um aproveitamento.
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11/08/09

Hoje - Amália Hoje

Sónia Tavares e Nuno Gonçalves (dos The Gift), Paulo Graça (dos Plaza) e Fernando Ribeiro (dos Moonspell), juntaram-se para este projecto "Hoje", com o intuito de homenagear a maior fadista de todos os tempos, Amália Rodrigues. Embora possa parecer, à partida, um projecto com o seu "quê" de estranho - um pouco por causa dos músicos que fazem parte do mesmo - arrisco afirmar que estamos perante o melhor disco de música portuguesa do corrente ano.
Um conjunto de temas interpretados outrora por Amália Rodrigues, aqui com uma "roupagem nova", um disco bem gravado, com uma excelente produção e, sobretudo, tocado e cantado com alma, como manda o fado. Obrigatório.

01 - Fado Português
02 - Grito
03 - Gaivota
04 - Nome de Rua
05 - Formiga Bossa Nova
06 - Medo
07 - Abandono
08 - L'Important C'est La Rose
09 - Foi Deus

Nota - 9/10

10/08/09

Entrevista... Fernando Correia Marques

Primeira parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog ao Fernando Correia Marques no ano de 1982, para o jornal Musicalíssimo.

Fernando (Correia Marques), começou a ser um nome conhecido no nosso meio artístico quando editou o seu segundo single, que incluía o tema “Hey Mano”, que obteve grande sucesso. O primeiro disco da sua carreira foi o single “Melodia Chá-lá-lá”, editado em 1980 e que passou despercebido. Recentemente foi posto à venda o single “Louro Amor Louco / Ninguém é Louco” que, segundo informações colhidas junto de um responsável da editora, está a vender-se bem.
De seguia, transcreve-se uma entrevista feita recentemente.

Perg. – Fernando, como esta entrevista se deve principalmente ao facto de teres editado recentemente mais um disco, o terceiro da tua carreira, gostava que falasses um pouco sobre esse teu novo trabalho.
Resp. – Uma das faces do single, “Louro Amor Louco”, é na mesma linha musical que o “Hey Mano”, embora não tão acelerada. Em “Louco Amor Louco” tento mostrar que todos nós temos um louco amor que é um amor louco; no tema “Ninguém é Louco” tento mostrar que de são e de louco todos temos um pouco. De facto, todos nós temos uma paranóia em que nos apetece fazer qualquer coisa; nas letras eu faço uma crítica social.

Perg. – Até que ponto essa crítica social pode ser importante?
Resp. – Quando digo, numa canção, “ninguém te engana, mas és enganado” ou “ninguém te crava, mas és cravado”, isso é verdade, critico aquilo que não gosto e isso vai obrigar-te a pensar, é algo real. Tudo o que canto tem um conteúdo que de facto é louco mas que tem uma parte sã. Inicialmente, nas letras das minhas canções, começo com uma parte sã e depois entro na parte louca que é para levar a pessoa a pensar naquilo que quero dizer.
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07/08/09

Entrevista... Rui Veloso

Quinta e última parte de uma entrevista feira a Rui Veloso, publicada no jornal Musicalíssimo no dia 30 de Setembro de 1981.
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Perg. – Falaste em falta de condições. Achas que isso influi na qualidade?
Resp. – Influi minimamente. Um tipo, tendo uma boa guitarra evolui muito mais facilmente do que com uma má guitarra, pois o som é completamente diferente e essa diferença na qualidade do som é algo que incentiva os músicos, pois ao gostarem desse som tentam sempre fazer algo melhor.
Perg. – Seguiste algum critério especial quando escolheste o Zé Nabo e o Ramon Gallarza para te acompanharem em disco e ao vivo?
Resp. – Não segui critério nenhum pois nem os conhecia. Eles foram-me apresentados pelo António Pinho. Primeiro conheci uns músicos aqui em Lisboa que eram dos Petrus Castrus, mas não me dei bem com eles a nível musical, só ensaiamos duas vezes e depois acabou. Depois comecei a tocar com o Zé Nabo e com o Ramon e demo-nos bem, pois eles atinaram com aquilo que eu fazia e foi assim que aconteceu eles virem tocar comigo.
Perg. – Entre os grupos do rock português existem algumas divergências que fazem com que as bandas se ataquem umas às outras, para além da grande rivalidade entre as de Lisboa e as do Porto. Não achas que isso possa ser prejudicial para os grupos?
Resp. – Não acho que seja prejudicial.
Perg. – Por exemplo, no teu caso em que os Roxigénio acusam a tua música de ter um atraso de 20 anos em relação à deles?
Resp. – Eles podem dizer o que lhes apetecer. Eles não vendem 10 % dos discos que eu vendo e a prova é essa. O que eu costumo dizer é que isto é um pequeno país, cheio de grandes homens. Na minha opinião, essas divergências não afectam os grupos, pois existir uma certa rivalidade até é bom: picam os do sul e picam os do norte. Há sempre divergências e rivalidades.
Perg. – Então, não concordas quando se diz que isso afecta os grupos?
Resp. – Acho que não devia haver rivalidades, mas há sempre pretensiosismos. Eu até evito falar dos outros por causa disso, porque os músicos não entendem as críticas que os outros lhes fazem, ao nível de gosto. Se dizemos mal de um grupo, os músicos desse grupo ficam todos chateados e por isso, mais vale não falar. Quando houver algo de que goste mesmo, digo, como por exemplo GNR ou Jafúmega (apesar de ser um grupo um pouco indefinido). Há também os NZZN que acho engraçados.
Perg. – O que é que achas dos Street Kids?
Resp. – São mais ou menos, mas é uma onda em que eu não vou muito. Já gostei mais deles, mas acho que não evoluíram muito e ainda não têm um bom som. Sinceramente não há em Portugal algo de que eu goste muito, não há ninguém que “ligue” à minha onda a não ser o João Allain da Go Graal Blues Band que, quanto a mim, é um dos melhores guitarristas portugueses… se não for mesmo o melhor.
Perg. – Achas que o Rock que se faz cá em Portugal já tem qualidade suficiente para poder ir além fronteiras?
Resp. – Acho que sim; não vejo porque não. Lá fora também se faz muita música má, não é só cá. No entanto acho que se for cantado em português não consegue ter êxito lá fora, porque os estrangeiros não percebem nada de português. Por exemplo, no festival do Midem, houve quem se mostrasse interessado no meu disco mas disseram que as músicas tinham de ser cantadas em inglês e já ando a tratar disso. Mais tarde ou mais cedo, gravo um disco em inglês para ir lá para fora.
Perg. – Já que estamos a falar de ir para o mercado estrangeiro qual é, na tua opinião, o cantor português com mais hipóteses de obter êxito?
Resp. – Não há dúvida nenhuma de que é o José Cid. Ele é a pessoa que tem mais facilidades em fazer êxitos e tem a cabeça a pensar internacionalmente. Ele, se quiser, faz coisas lá para fora mas não pensa muito nisso, porque ganha bastante dinheiro cá em Portugal.
Perg. – Já que actualmente se fala tanto na qualidade da nossa televisão, o que é que achas desse tema?
Resp. – É uma merda. É uma anedota perfeita, e para ver isso não é preciso conhece-la muito a fundo; agora se uma pessoa começa a conhecer muito a fundo, então começa a ser triste.
Perg. – Uma das falhas nos teus espectáculos ao vivo é que, em palco, não és muito expressivo e estás muito parado. Não achas que isso dificulta um bocado a comunicação entre o músico e o público?
Resp. – Dificulta de certeza, mas eu não me consigo mexer, quer dizer é natural que me consiga mexer e ser mais comunicativo quando estiver mais à vontade e com um bom som de palco. Se não tiver problemas de som, estou mais à vontade, mas isso não tem acontecido pois tenho tido sempre problemas ao nível do som. Às vezes estou em palco e não ouço a minha guitarra. Além disso, já viste o que é estar em palco com uma guitarra ao tiracolo? E ainda por cima eu sou fraquito. Essencialmente o que faz com que me mexa pouco, é estar pouco à vontade.
Perg. – O que é que achas das editoras clandestinas de cassetes?
Resp. – Acho que isso está mal e devia acabar. É dinheiro que eu perco e que ganha alguém que empata o seu dinheiro em meia dúzia de gravadores, só para copiar e sem o mínimo de preocupação em termos de qualidade. Eu perco muito dinheiro com as cassetes piratas e esse dinheiro faz-me jeito.
Perg. – Para terminar esta longa entrevista, gostava que me dissesses quais os teus projectos para o futuro?
Resp. – Os meus projectos são ir gravando, trabalhando, pois isto é o meu trabalho, e também ir dando alguns concertos, mas não muitos, pois como já disse não tenho grande vida para concertos.

06/08/09

Entrevista... Rui Veloso

Quarta parte de uma entrevista feita a Rui Veloso, publicada no jornal Musicalíssimo no dia 30 de Setembro de 1981.
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Perg. – Quais são as tuas principais influências?
Resp. – As minhas principais influências são de músicos blues, como por exemplo Eric Clapton, B. B. King e também de Mark Knopfler, isto como guitarristas; como voalistas gosto muito do Stevie Wonder e do Ray Charles. Acho que é difícil procurar influências, pois ouço imensas coisas.
Perg. – Achas que existe aquilo a que muita gente chama “Movimento Rock português”?
Resp. – Acho que não.
Perg. - Porquê?
Resp. – Porque isso não existe, esse movimento não existe. Existem músicos a tocar, mas não existe um movimento. Os músicos não se conhecem entre si, portanto, não pode haver movimento nenhum. O que se está a passar é que as editoras abriram as suas portas aos grupos.
Perg. – A partir da altura em que tu surgiste, começaram a aparecer uma série de grupos incentivados pelo êxito do teu LP. Consideras que foste o responsável pelo aparecimento desses grupos?
Resp. – Eu não fui a chave disso; a chave foi a venda do meu disco e do êxito que obtive. As editoras, a partir dessa altura começaram a exigir que os grupos cantassem em português, pois assim tinham mais sucesso.
Perg. – Afirmaste que as editoras abriram as suas portas aos grupos portugueses. Não te parece que, caso esses grupos fracassem, essas portas possam ser fechadas?
Resp. – Os grupos não vão dar prejuízo porque já existe um público. É natural que as vendas venham a estabilizar, mas há sempre quem compre. Há muitos grupos que já vendem bem como por exemplo, GNR, Salada de Frutas, UHF, Táxi e muitos mais; se esses grupos vendem bem é porque há mercado e, como tal, há público.
Perg. – Mas não achas que será tarde para aparecer um movimento desses?
Resp. – Não acho que seja tarde, e não sei porque razão é que as editoras só agora é que começaram a dar o apoio necessário. Há músicos, eles gravam e existem, e havendo músicos não quer dizer que eles estejam atrasados. Há uma data de factores a que se deve este atraso. Por exemplo, uma boa guitarra cá em Portugal é caríssima e além disso temos falta de aparelhagem, e existe também o problema do alto preço do material, pois esse tipo de material quando é importado, tem de pagar uma taxa de luxo que é muito elevada e isso põe os instrumentos a um preço exorbitante.
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05/08/09

Entrevista... Rui Veloso

Terceira parte de uma entrevista feita a Rui Veloso, publicada no jornal Musicalíssimo no dia 30 de Setembro de 1981.
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Perg. – Com o êxito que obtiveste com o teu primeiro disco, criaste um certo compromisso para com as pessoas que o compraram e geralmente, quando um cantor aparece com um primeiro disco que se vende bem, esse cantor mais tarde ou mais cedo “morre”, quer dizer deixa de se falar nele. Será que isso é algo que te preocupa?
Resp. – Preocupa-me na medida em que eu preferia ganhar dinheiro à custa dos discos, porque não tenho grande vida para fazer espectáculos e é nesses espectáculos que se ganha dinheiro, embora eu não tenha ganho muito mas, se a coisa for bem feita, pode ganhar-se muito dinheiro. No meu caso, como ganhei mais ou menos bem com a venda de discos, preferia viver à custa dos discos, mas para isso é preciso manter um certo público que os compre, como é lógico. O “Ar de Rock” já é quase disco de ouro, e o single ultrapassou o disco de prata há muito tempo. É evidente que não acredito que o meu segundo LP vá vender tanto como o primeiro. Tenho a impressão que o grande número de vendas do “Ar de Rock”, deveu-se mais ao entusiasmo inicial e toda a gente o comprou porque não havia mais nada.
Perg. – Este teu próximo trabalho vai ser mais à base de blues, ao passo que no “Ar de Rock” apareceste numa onda um bocado diferente. Não achas que essa mudança de estilo pode vir a decepcionar alguns dos teus fans que compraram o primeiro disco?
Resp. – Acho que não. Não é a opinião de quem comprou o “Ar de Rock” que me vai forçar a mudar de estilo ou a continuar com o mesmo estilo e uma coisa que o público tem de respeitar é a criatividade. Portanto, não é o público que vai indicar a via que eu devo seguir e, mesmo assim, não acho que vá decepcionar. Se gostarem… gostaram; se não gostarem… não gostaram. Isso é um problema meu.
Perg. – Como disse na pergunta anterior, o teu próximo disco vai ser à base de Blues. Para além disso tem a particularidade de ser cantado em português. Achas que a língua portuguesa se integra dentro do espírito do Blues?
Resp. – É uma experiência. Eu acho que sim, mas não é fácil. O que é preciso é haver sensibilidade por parte da pessoa que escreve para apanhar a métrica e os sons e caso haja essa sensibilidade a coisa funciona e eu até tenho um blues em português.
Perg. – Mas achas que o blues tem aceitação suficiente no mercado português?
Resp. – Acho que sim. Os espectáculos de blues que já houve em Portugal, como por exemplo o Blues Band, foram porreiros e tiveram bastante público; e mais, no festival de jazz de Cascais, havia muita malta que ia lá só para ver tocar o pessoal do blues. Acho que tem aceitação.
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04/08/09

Entrevista... Rui Veloso

Segunda parte de uma entrevista feita a Rui Veloso, publicada no jornal Musicalíssimo no dia 30 de Setembro de 1981.
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Perg. – O “Ar de Rock” foi um LP que caiu do ar, quer dizer, apareceu de repente. O que é que vai aparecer agora?
Resp. – Para mim, a única diferença que existe agora é que antes eu fazia músicas e não as gravava e agora já as gravo. Continuo a fazer músicas, coisas que eu e o Tê escolhemos, digamos que é um trabalho de continuidade. Uma pessoa todos os dias está a sofrer influências musicais, influências de todo o género e ao mesmo tempo está a crescer, a cabeça vai envelhecendo e portanto, tudo isso se vai reflectir. Não sei colocar as coisas de outra maneira, mais ao nível de sensações.
Perg. – Essa tua definição de saíres, de não seres o ídolo protótipo, tem alguma coisa a ver com a continuidade do disco, pois tu assumiste uma responsabilidade em termos de qualidade de impacto.
Resp. – São coisas que me passam ao lado, são as pessoas que me classificam dentro de um certo estilo, dentro de vários parâmetros em que está incluída a chamada qualidade. Não sei se a minha música tem ou não qualidade, pois isso depende do padrão que uma pessoa toma, quer dizer, se for um padrão nacional talvez tenha alguma qualidade, mas se for um padrão internacional já é capaz de não ter assim tanta qualidade.
Perg. - Mas agora tu tens uma responsabilidade perante as pessoas que compraram o teu disco e que aguardam o teu próximo trabalho.
Resp. – Às vezes nem me lembro dessa responsabilidade e algo de que ninguém se lembra é que eu tenho só 24 anos e ainda sou um puto. Muitas vezes, as pessoas esperam que eu reaja como um homem e depois põem-me um peso em cima chamado responsabilidade, e isso oprime. A música é uma coisa que oprime um bocado quando se entra no meio. Era bom ter-se a possibilidade de ter uma casa fora, ninguém chatear por causa de contratos, não ter a preocupação de gravar um disco e, além destas, há uma série de coisas que se um gajo acorda mal disposto, começa-se a lembrar e fica oprimido.
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03/08/09

Entrevista... Rui Veloso

Primeria parte de uma entrevista feita a Rui Veloso, publicada no jornal Musicalíssimo no dia 30 de Setembro de 2001.

Rui Veloso é sem dúvida alguma, o nome mais importante do panorama rock português. Essa importância deve-se a vários factores, como por exemplo o facto de ter sido ele o primeiro cantor a chegar ao primeiro lugar de todos os tops com um disco de rock cantado em português e, isso fez com que as editoras abrissem as suas portas aos grupos portugueses, pois o seu LP “Ar de Rock” obteve um sucesso estrondoso.
Actualmente está a preparar outro disco que promete ser de grande qualidade.

Todos estes motivos serviram de pretexto para lhe fazer uma entrevista… mais uma.
Perg. – Rui Veloso, quais as principais diferenças que se deram na tua vida, depois de teres editado o “Chico Fininho”?
Resp. – A principal diferença é que antes vivia no Porto e agora vivo em Lisboa. O estatuto de estrela não serve para nada e eu não o sigo à regra, mas há muitos gajos que o seguem, e esses são capazes de arranjar conhecimentos, mas que não passa disso, porque amigos arranjam-se aos poucos.
Perg. – Antes de editares o “Chico Fininho” o que é que fazias? O que sentes depois de o teres editado e de teres adquirido o sucesso?
Resp. – Antes estava pior, porque sonhava gravar um disco e ter guitarras; agora gravo e toco e consegui fazer disto a minha vida. Mas este mundo da música dá cabo da cabeça a uma pessoa, porque os músicos atacam-se uns aos outros e por vezes nós, músicos, ouvimos cochichos desagradáveis. O antes é antes e o agora é agora; uma pessoa tem de fazer para que o que vem a seguir seja ainda melhor e fazer com que nos sintamos mais à vontade.
Perg. – Essa violência nos poemas das tuas músicas ao retratar os problemas do dia a dia, vem de onde ou de quem?
Resp – Vem do Carlos Tê que é quem escreve os poemas.
Perg. – Tu não escreves mas és quem os canta, quem lhes dá vida. Identificas-te de alguma maneira com aquilo que cantas?
Resp. – Identifico-me totalmente com aquilo que está escrito e é por isso que eu e o Carlos Tê nos damos muito bem, engatamos um no outro a nível musical. Eu atino com o que ele faz e ele atina com o que eu faço. Mas essa violência a que te referes, essa maneira de pôr as coisas a frio e de mostrar às pessoas como as coisas se passam, vem dele.
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10/07/09

Entrevista... Filhos da Pauta

Segunda parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog aos "Filhos da Pauta" no Rock Rendez-Vous.
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Perg. – Achas importante que através das letras se critique aquilo que não está correcto?
Resp. - (Carpinteiro) Nós criticamos um todo do qual fazemos parte e estamo-nos marimbando para a sociedade pois a sociedade actuar está a tender para um egocentrismo. Não há sociedade… há uma pessoa em cada um, somente.
(Joca) – Nós nas letras das nossas canções falamos daquilo que existe. Por exemplo, temos um tema chamado “Pintor”, que fala do haxixe e o nome da música é o termo que se usa para o adquirir. Isso é uma realidade e temos de falar nisso.
(Carpinteiro) – Mas só o povo é que compra haxixe, pois os da alta sociedade comprar cocaína e heroína.
Perg. – Quanto a contratos e gravações de discos, o que é que têm a dizer?
Resp. - (Carpinteiro) – O que está destinado é que vamos gravar um single, mas ainda não temos marcado a data do estúdio; isso já pertence à editora que é a Valentim de Carvalho e às suas burocracias.
Perg. – Quais as possibilidades que vez de conseguirem obter sucesso?
Resp. - (Carpinteiro) - Não pensei muito nessa questão, pois o estouro dá-se mais através da promoção, disso não tenho dúvidas e a editora aposta em nós.
Perg. – Queres dizer que por vezes a qualidade da música não é importante?
Resp. - (Carpinteiro) – A qualidade não é o mais importante. O que interessa é a promoção, mais nada.

FIM

09/07/09

Entrevista... Filhos da Pauta

Primeira parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog aos Filhos da Pauta, no Rock Rendez-Vous, no início dos anos 80.

Apesar de já se verificar em menor quantidade, de vez em quando ainda aparece algum grupo de rock português cuja música tem qualidade, como por exemplo os Filhos da Pauta, que brevemente vão editar um disco. Eles dão-nos, segundo nos disseram “música a martelo”, afirmação de que discordo pois a música deles não é feita às três pancadas, antes pelo contrário. Pelo que nos foi dado a ouvir durante a sua actuação no rock Rendez-Vous, a música do grupo tem qualidade e o seu vocalista tem uma voz extremamente potente, apesar de um pouco imatura. Os Filhos da Pauta são um grupo que promete.
Após esta pequena introdução, vamos passar à entrevista que lhes fizemos no final da sua actuação no RRV.
Perg. – Em primeiro lugar, gostava que um de vocês fizesse a apresentação do grupo.
Resp. – (Carpinteiro) O grupo é formado por mim na voz, Quintela no baixo, Joca na guitarra, Araújo na bateria e o Jorge nas teclas.
Perg. - Como é que se definem musicalmente e quais as vossas influências?
Resp. – (Carpinteiro) Influências directas, propriamente ditas, não temos. Eu tenho mais influências dos fado do que do Rock n’ Roll e é por isso que nos dedicamos um bocado a essa linha. Tu até podes ver que quando estou em palco, a cantar, exploro um bocado essas influências do fado. A nível do grupo, as influências que podem existir são por causa destes anos todos de Rock n Roll. Quanto a influências portuguesas, é só o fado e o folclore. A nossa sigla de apresentação é que “somos a banda mais fatela e mais malaica de 1982”, porque repara quando uma pessoa se põe com olhos citadinos a olhar para fora da cidade, é capaz de chamar fatela ou malaico a uma certa camada da população e em cima do palco é essa camada que eu pretendo representar, o povo.
Perg. – Porquê o povo fora da cidade e não o de dentro, já que vocês passam a maior parte do tempo na cidade?
Resp. – (Carpinteiro) O povo da cidade pouco me diz.
(Joca) – Repara que o mise-en-scene dele tenta cair no ridículo e destruir aquela imagem de novo-rico, a imagem do gajo que partiu dos primórdios dos campesinos com as botas ao pescoço e hoje em dia é um novo-rico. Ele tenta mostrar isso, que é uma pessoa revoltada e a sua coreografia em palco tenta mostrar os males da sociedade que o rodeia, por exemplo nas cidades.
Perg. – Através das letras, tentam fazer alguma crítica à sociedade?
Resp. - (Carpinteiro) Não é bem isso. Por exemplo, o povo da aldeia onde eu vivo é um povo que está sempre naquela de revolta.
Perg. – Porquê?
Resp. – Não existe uma razão directa do porquê da revolta do povo. O povo nunca está contente e não existe uma razão directa que justifique isso; se lhes fores perguntar porquê, eles não sabem. Eu ligo-me mais com o povo de fora da cidade.
...

06/07/09

Moby - Wait For Me

O regresso de Moby aos discos, com este "Wait For Me", não acrescenta nada de novo à já extensa lista de trabalhos lançados por este músico de Nova York, e inclusivamente, dá a sensação de ser uma "segunda parte" do seu último trabalho "Last Night". Composto por dezasseis temas, "Wait For Me", transmite-nos um ambiente chill-out e traz-nos à memória muitos dos temas do disco lançado em 2008.
Na minha opinião trata-se de um disco inconsequente na carreira de Moby, com imensas possibilidades de ser votado ao esquecimento, já que não está dotado de temas fortes (talvez as únicas excepções sejam Mistake e o lindíssimo JLTF). Será extremamente difícil extrair um tema que possa dar um bom single, e desse modo criar um grande sucesso de vendas que possa impulsionar o disco.
É pena, pois apesar de não ser um disco brilhante, não se pode considerar um mau disco; apenas não acrescenta nada de novo à carreira de Moby e fica a sensação de ser aquele género de trabalho lançado somente para cumprir prazos contratuais e também de que Moby podia e tinha capacidade para ir mais longe, pois é um compositor de grande talento.

01 - Division
02 - Pale Horses
03 - Shot In The Black Of The Head
04 - Study War
05 - Walk With Me
06 - Stock Radio
07 - Mistake
08 - Scream Pilots
09 - JLTF-1
10 - JLTF
11 - A Seated Night
12 - Wait For Me
13 - Hope Is Gone
14 - Ghost Return
15 - Slow Light
16 - Isolate

Nota - 6/10

01/06/09

Placebo - Battle For The Sun

Ao ouvir o mais recente disco dos Placebo, "Battle For The Sun", pode-se afirmar que os novos temas que nos trazem são "mais do mesmo". Isso é inegável, no entanto, temos de admitir queapesar das evidentes semelhanças com trabalhos anteriores, estamos perante mais um bom disco do grupo liderado por Brian Molko.
Sem um tema que se destaque, "Battle For The Sun" é um disco equilibrado, com canções muito agradáveis no estilo e ritmo a que o grupo nos habituou ao longo dos seus quinze anos de carreira; um conjunto de temas fortes e excelentes para serem tocados ao vivo, algo em que os Placebo são muito bons.
Tendo que destacar um tema dos treze que fazem parte do disco, não resisto a "Happy You're Gone", uma bonita balada com um bom arranjo de "orquestra" e onde a voz de Brian Molko "encaixa" muito bem, como aliás em todo o disco. Excelente, também e pelas mesmas características, "Come Undone".

01 - Kitty Litter
02 - Ashtray Heart
03 - Battle For The Sun
04 For What It's Worth
05 - Devil In The Details
06 - Bright Lights
07 - Speak In Tongues
08 - The Never-Ending Why
09 - Julien
10 - Happy You're Gonne
11 - Breathe Underwater
12 - Come Undome
13 - Kigs Of Medicine

Nota - 8/10

27/05/09

The Pink Mountaintops - Outside Love

Stephen McBean, para além da sua actividade como compositor, guitarrista e vocalista dos Black Mountain, tem desenvolvido uma carreira a solo com o projecto The Pink Mountaintops, que editaram o seu primeiro disco, homónimo, no verão de 2004, seguindo-se em 2006 "Axis Of Evol" e este ano de 2009 chega-nos "Outside Love".
Neste seu projeco a solo, apesar de serem naturais algumas semelhanças com a música dos Black Mountain, essas semelhanças são ténues. Os temas de Stephen a solo transportam-nos numa viagem pela sua terra natal, Vancouver no Canadá, graças ao arrastar da sua voz e dos sons extraídos da sua guitarra que tanto se torna suave e doce em certos momentos como por exemplo em "Closer to Heaven", como forte e agreste em "The Gayest Of Sunbeams", ou mesmo apoteótica em "And I Thank You", um dos mais belos temas deste disco, ou ainda numa viagem ao interior do Canadá e à sua música popular através de "Holiday".

01 - Axis: Thrones Of Love
02 - Execution
03 - While We Were Dreaming
04 - Vampire
05 - Holiday
06 - Come Down
07 - Outside Love
08 - And I Thank You
09 - The Gayest Subbeams
10 - Closer To Heaven

Nota - 9/10

25/05/09

Cage The Elephant - Cage The Elephant

Curiosamente, o sucesso dos americanos Cage The Elephant começou através dos tops britânicos, ao que não será alheio o facto da música deste grupo formado pr Matt Shultz, Brad Shultz, Jared Champion, Lincoln Parish e Daniel Tichenor, ter imensas influências do rock da ilha de "Sua majestade", como por exemplo dos Arctic Monkeys ou Libertines.
O disco de estreia desta banda que se formou em 2005 em Kentucky, Cage The Elephant, é um soberbo e excelente trabalho, e também um disco de verdadeiro e puro rock, um rock maisntream com grandes doses de adrenalina e que deixa no ar a promessa de grandes concertos do grupo, pois os temas são todos muito fortes e excelentes para serem tocados ao vivo.

01 - In One Ear
02 - James Brown
03 - Ain't No Rest For The Wicked
04 - Tiny Little Robots
05 - Lotus
06 - Back Against The Wall
07 - Drone In The Valley
08 - Judas
09 - Back Stabbin' Betty
10 - Soil To The Sun
11 - Free Love

Nota - 9/10

22/05/09

Faunts - Feel.Love.Thinking.Of

Um pop suave, envolvente e melancólico é o som nos traz este grupo do Canadá, Faunts, neste seu segundo disco, "Feel.Love.Thinking.Of". Os Faunts foram fundados pelos irmãos Tim Batke (guitarra, teclas e voz) e Steven Batke (guitarra e voz), tendo posteriormente entrado para o grupo Paul Arnusch (bateria), Joel Hitchcock (teclas) e Scott Gallant (baixo). Incialmente começaram por actuar como grupo de suporte nos concertos dos Broken Social Scene, Do Make Say Think e Stars. Após verem a boa receptividade que a sua música tinha, gravaram o primeiro disco em 2005, "High Expectations / Low Results" que foi muito bem recebido pela critica musical conseguindo obter algum sucesso. Após a edição deste disco, Joel hitckcock abandona o grupo e para o seu lugar entra outro membro da familia, Rob Batke.
Em "Feel.Love.Thinking.Of." o som do grupo mante-se muito similar ao seu antecessor, o que se por um lado não desilude, por outro, pode-se tornar preocupante pois significa que não houve grande evolução, quer ao nível da criatividade do grupo quer ao nível da execução musical. Continua a ser o mesmo pop agradável mas inconsequente, que se ouve mas que não é suficiente para nos deliciar e deixar ansiosos por um próximo trabalho do grupo.

01 - Feel.Love.Thinking.Of
02 - Input
03 - It Hurts Me All The Time
04 - Out On A Limb
05 - Lights Are Always On
06 - Das Malefitz
07 - I Think I'll Start A Fire
08 - Alarmed / Lights
09 - So Far Away
10 - Explain

Nota - 7/10

20/05/09

Crocodiles - Summer Of Hate

Brandon Welchez e Charles Rowell iniciaram-se nestas aventuras pelo mundo da música, ainda jovens, em San Diego. Formaram os Crocodiles em Abril de 2008 com Brandon nas vozes e Charles nas guitarras. O seu primeiro trabalho, em edição de autor, foi o single "Neon Jesus" e em Abril de 2009 editam este "Summer Of Hate" para a Fat Possum.
Sem deslumbrar, "Summer Of Hate" é um disco interessante com um conjunto de bons temas que por vezes pecam por ser demasiado experimentais mas que continuam a manter algum brilho e acabam por ser uma prova da criatividade dos músicos e deixam a ideia que o grupo ainda pode evoluir muito num próximo disco.
No conjunto dos nove temas que fazem parte do disco destaco "Sleeping With The Lord" num tom calmo onde é possível apreciarmos a excelente voz de Brandon Welchez, "Summer Of Hate" com autênticos devaneios musicais por parte de Charles Rowell que nos apresenta um bom trabalho nas guitarras, "I Wanna Kill" a fazer lembrar a música electrónica do inicio dos anos 80 com a mistura de sintetizadores e vacoders e, no final, o soberbo "Young Drugs" que é sem qualquer duvida o melhor tema do disco, o tema que o encerra e que nos faz ficar ansiosos pelo próximo trabalho destes Crocodiles.

01 - Screaming Chrome
02 - I Wanna Kill
03 - Soft Skull
04 - Here Comes The Sky
05 - Refuse Angels
06 - Flash Of Light
07 - Sleeping With The Lord
08 - Summer Of Hate
09 - Young Drugs

Nota - 7/10

18/05/09

Bat For Lashes - Two Suns

Bat For Lashes é o nome artistico de Natasha Khan, nascida em Brighton na Inglaterra e de descendência paquistanesa. "Two Suns" dá seguimento ao seu anterior disco "Fur And Gold" e neste disco Khan confirma-se como excelente compositora e senhora de uma voz potentosa, num disco repleto de boas canções com interpretações seguras, onde Natasha Khan consegue ultrapassar o estigma do primeiro disco.
Não fossem alguns temas extremamente virados para a dança (como por exemplo Pearl's Dream ou Daniel) e estávamos perante um trabalho soberbo, sem defeitos, bem interpretado vocalmente (com grandes influências de Bjork, principalmente em Two Planets), bem produzido e, sobretudo, muito bem elaborado e idealizado de forma a proporcionar-nos um prazer contagiante. Objectivo conseguido.

01 - Glass
02 - Sleep Alone
03 - Moon And Moon
04 - Daniel
05 - Peace Of Mind
06 - Siren Song
07 - Pearl's Dream
08 - Good Love
09 - Two Planets
10 - Travelling Woman
11 - The Big Sleep (Feat. Scott Walker)

Nota - 8|/10

17/05/09

Entrevista... Salada de Frutas

Segunda parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog aos Salada de Frutas, após as saídas de Luis Pedro da Fonseca e Lena D'Água do grupo, pela altura da edição do disco "Se Cá Nevasse...". Esta entrevista foi feita em Dezembro de 1982 no Rock Rendez-Vous, para ser publicada num jornal de escola do Externato de Odivelas, no dia 05 de Janeiro de 1983.
...
A SOLUÇÃO É EMIGRAR…

A nossa opinião era diferente ao observarmos a cara de frustração de Zé da Ponte que afirmou “não, frustrado com o disco não, estamos frustrados é com o país em que vivemos. É um país em que não se pode fazer nada fora do vulgar, porque caso se faça algo diferente, somos logo criticados. Não dá para atinar com isto e julgo que a solução é emigrar. Nós não temos culpa de viver num país que é uma treta, onde existem 30% de analfabetos e onde as pessoas não estão preparadas para ouvir música, nem habituadas a isso. Por exemplo, os instrumentais é um tipo de música que pouca gente aprecia e é a isso que eu me refiro; as pessoas não estão habituadas a ouvir a música pela música.”
Esta afirmação, até certo ponto pode ser considerada verdadeira, mas de certo modo também pode ser interpretada como uma forma de justificar um possível e previsível fracasso que o disco venha a ter e quanto a isso Zé da Ponte disse “não, não é isso. Acho que tu também já deves ter reparado que as pessoas, geralmente, não gostam de música instrumental e isso é tudo uma falta de hábito. Para além disso posso-te dizer que a primeira edição do disco já esgotou completamente”.
Quando os Salada actuaram no Rock Rendez-Vous a televisão quis estar presente e vocês não autorizaram. Porquê?
“Essencialmente, porque estamos fartos disto tudo, de hipocrisias e de falsidades. Para além disso, não estamos para aturar a televisão.”

FIM

16/05/09

Entrevista... Salada de Frutas

Primeira parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog aos Salada de Frutas, após as saídas de Luis Pedro da Fonseca e Lena D'Água do grupo, pela altura da edição do disco "Se Cá Nevasse...". Esta entrevista foi feita em Dezembro de 1982 no Rock Rendez-Vous, para ser publicada num jornal de escola do Externato de Odivelas, no dia 05 de Janeiro de 1983.

SIM, O GRUPO ACABOU…; se é isso que queres saber, o grupo acabou.
Intrigados e atónitos, perguntámos se estavam a falar a sério e, pensativamente, Zé da Ponte responde que “não, não estamos; quer dizer acabou e não acabou. O grupo não acaba, nós é que vamos abandonar os circuitos normais e os concertos ao vivo.”
Ora, um grupo de rock faz-se na estrada com a experiência e não em estúdio. Quanto a nós, os Salada ao deixarem a estrada vão estagnar e tornar-se-ão um grupo decadente. A propósito disso, Zé da Ponte afirma que “vamos deixar de actuar ao vivo porque em Portugal não há condições. O público não merece ouvir-nos em más condições e nós não podemos fazer uma boa actuação se estivermos a dar o nosso espectáculo em cima de carroçarias de camionetas o que já aconteceu. Ora bem, há que ter o mínimo respeito pelos músicos e pelo público”.

“CRIME PERFEITO” É UM DISCO DIFERENTE

O principal motivo que nos levou a fazer esta entrevista, foi o lançamento do terceiro LP dos Salada. Intitulado de “Crime Perfeito”, o disco tem sido completamente arrasado pela crítica, um pouco injustamente.
Seguidamente pedimos ao Guilherme para ele se pronunciar sobre este “Crime Perfeito” e segundo a sua opinião “é um disco diferente de tudo o que se tem feito em Portugal em termos musicais; a forma do tratamento musical é diferente e é um trabalho que me deu imenso gozo fazer e do qual gosto muito”.
Eu, pessoalmente, também gostei deste disco, apesar de ser numa linha muito diferente daquela a que os Salada de Frutas nos habituaram e, talvez por esse motivo, o grupo actualmente á pelo nome de Salada, após a saída da Lena D’Agua.
Como já foi dito atrás, a critica foi arrasadora, principalmente por parte do jornal Sete e por parte da rádio, a divulgação tem sido quase nula, pois segundo eles, o disco é de fraca qualidade. Por isto tudo, achamos interessante perguntar ao Zé da Ponte o que ele achava destas críticas e a sua afirmação não podia ser mais clara pois “quanto ao crítico do sete, gostava de saber quais os conceitos musicais que ele tem para poder fazer uma crítica desse género. Em contrapartida, o crítico da revista Mais, diz muito bem do disco. No fundo de tudo isto, acho que os críticos o que deviam fazer era estar calados e não se pronunciarem sem saber o que vão dizer”.
“No fundo são opiniões e contra isso, nada podemos fazer”, afirmou Guilherme Inês, para desta forma tentar acalmar os nervos ao Zé da Ponte e, afirmou ainda “posso-te dizer que nós já andamos nisto há muitos anos e já temos levado muitos pontapés ao longo desses anos e, como tal, isto pouco nos afecta”
...

15/05/09

Maccabees - Wall Of Arms

The Maccabees com este "Wall of Arms" são uma boa surpresa neste ano de 2009. Um rock fortemente marcado pela, por vezes estranha mas interessante voz de Orlando Weeks, que tanto nos dá a sensação de estar constantemente em falsete como nos transmite a ideia de estar à beira do abismo, a parecer algo completamente desconexo.
A música do grupo é interessante, com influencias de Gang Of Four, Puressence, David Bowie ou The Fall. Composto por onze temas, este "Wall Of Arms" - que sucede a "Colour It In" (editado em 2007)-, tem bastantes temas suficientemente fortes para singles e divulgação na rádio. Não digo nas rádios portuguesas, porque essas estão excessivamente subjugadas ao mainstream, mas nas rádios europeias e americanas. Este agrupamento inglês deve muito do seu sucesso, por exemplo, à excelente rádio britânica XFM.
No geral pode ser considerado um bom disco, mas é daqueles que normalmente são colocados naquele género de "aprender a gostar", à medida que o ouvimos. Como é sabido, muitas vezes esse género de disco acaba por tornar-se uma autêntica obra de arte musical.

01 - Love You Better
02 - One Hand Holding
03 - Can You Give It
04 - Young Lions
05 - Wall Of Arms
06 - No Kind Words
07 - Dinosaurs
08 - Kiss And Resolve
09 - William Powers
10 - Seventeen Hands
11 - Bang Of Bones

Nota - 8/10

13/05/09

Manic Street Preachers - Journal For Plague Lovers

Dois anos após a edição de "Send Away The Tigers", os Manic Street Preachers estão de regresso aos discos com "Journal For Plague Lovers", um disco repleto de boas canções que pode ser considerado, desde já, um dos melhores discos de sempre do grupo.
Um rock simultaneamente suave e agressivo, repleto de guitarras fortes e ritmadas, percorre este disco composto por catorze canções, onde não faltam algumas baladas no tom acústico a que o grupo nos habituou.
Catorze anos após o desaparecimento de Richard James Edwards, este "Journal For Plague Lovers", está ao nível do mítico "Holy Bible", último trabalho em que Edwards participou. Todos os temas do álbum foram feitos com base em letras que Edwards deixou ao grupo, sendo o disco produzido por Steve Albini e, curiosamente, gravado em fita analógica.
Richard James Edwards, desaparecido em Fevereiro de 1995 numa das pontes do rio Tamisa em Londres, foi dado como morto em Novembro de 2008. O seu corpo nunca apareceu, mas o seu espírito e a sua influência estão presentes de forma indelével na música dos Manic Street Preachers.
"Journal For Plague Lovers" pode não ser uma obra-prima, mas trata-se de um excelente disco que traz de volta o prazer de ouvir a música deste agrupamento formado no País de Gales em 1991.

01 - Peeled Apples
02 - Jackie Collins Existencial Question Time
03 - Me And Stephen Hawking
04 - This Joke Sport Severed
05 - Journal For Plague Lovers
06 - She Bathed Herself In A Bath Of Bleach
07 - Facing Page: Top Left
08 - Marlon J.D.
09 - Doors Closing Slowly
10 - All Is Vanity
11 - Pretension/Repulsion
12 - Virginia State Epilpetic Colony
13 - Williams Last Words
14 - Bag Lady

Nota - 8/10

11/05/09

Ben Harper - White Lies for Dark Time

Ben Harper está de regresso aos discos mas desta vez sem os Innocent Criminals, a sua banda de sempre. Quem "acompanha" agora Ben Harper são os Relentless7, com Jason Mozersky nas guitarras, Jesse Ingalls no baixo e Jordan Richardson na bateria. O resultado não podia ser melhor.
Em "White Lies For Dark Time", graças à associação aos Relentless7, a música de Ben Harper, é completamente diferente daquela a que nos habituou e praticamente corta o cordão umbilical que o ligava aos Innocent Criminals e à sua anterior obra que, na minha opinião, já era demasiado repetitiva como se a sua critividade já estivesse esgotada. Este disco apresenta uma linha mais pesada com um rock puro mas extremamente agradável, sempre com um dedilhar constante de guitarras, pelos dedos de Mozersky, como se estivessem sempre a solar e para além disso, com excelentes solos de guitarra, não fosse Ben Harper um dos melhores guitarristas da actualidade. Soberbo o tema "Why Must You Always Dress In Black", a concluir uma sequência de cinco temas electrizantes para depois nos presentear com uma bela balada "Skin Thin", aqui já mais ao seu estilo antigo mas mesmo assim diferente; a viola acústica traz-nos à memória o "velho" Ben, mas o som da guitarra eléctrica está presente... e de forma diferente. "Fly One Time" é o tema que se segue e, mais um vez, brilhante, ao começar com num tom calmo que vai aumentando de intensidade chegando quase a ser conceptual, acabando de forma apoteótica para servir como elo de ligação para uma sequência final de quatro temas, sendo dois de um rock puro com grandes momentos de guitarras e os outros dois que fecham o disco são duas baladas, como que necessárias para nos acalmar e tranquilizar, pois aquilo que ouvimos até aqui foi um conjunto de canções de grande intensidade, bem elaboradas e interpretadas vocal e musicalmente de forma irrepreensível.
"White Lies For Dark Time" é já um dos discos obrigatórios de 2009, que marca o regresso de um Ben Harper mais criativo e com possibilidade de demonstrar e confirmar todas as suas qualidades musicais, quer como compositor quer como músico.

01 - Number With No Name
02 - Up To You Now
03 - Shimmer & Shine
04 - Lay There & Hate Me
05 - Why Must you Always Dress In Black
06 - Skin Thin
07 - Fly One Time
08 - Keep It Together (So I Can Fall Apart)
09 - Boots Like These
10 - The Word Suicide
11 - Faithfully Remain

Nota - 9/10

10/05/09

Fischerspooner - Entertainment

"Entertainment" assinala o regresso aos discos dos Fischerspooner, após o muito produtivo ano de 2005 em que editaram "Odissey" e "The Other Side New York". Em 1998, em New York, Warren Fischer e Casey Spooner decidem formar os Fischerspoon. No início a banda actuava exclusivamente como duo, mas actualmente nos seus espectáculos chegam a estar em palco cerca de 20 elementos, desde instrumentistas que colaboram com a banda, a bailarinos e cantores convidados para interpretar algumas das canções.
"Entertainment" segue a linha dos trabalhos anteriores do grupo, ao apresentar um estilo musical muito melodioso graças aos imensos "Vocoders", assentes numa música electrónica bem ritmada a fazer lembrar Depeche Mode, mas que também nos traz à memória Giorgio Moroder, produtor e compositor de grande sucesso no início dos anos 80, que chegou a trabalhar com Freddie Mercury no tema Love Kills.
A música dos Fischerspooner é agradável de ouvir e "Entertainment" é um bom disco pop.

01 - The Best Revenge
02 - We Are Electric
03 - Money Can´t Dance
04 - In A Modern World
05 - Supply & Demand
06 - Amuse Bouche
07 - Infidels Of The World Unite
08 - Door Train Home
09 - Danse En France
10 - To The Moon

Nota - 7/10

09/05/09

White Lies - To Lose My Life

Harry McVeigh (voz e guitarra), Charles Cave (baixo) e Jack Lawrence Brown (bateria e teclas) formaram os Fear Of Lying em 2004 na cidade de Londres e em 2006 editaram o single More Attempts at Perfection, num estilo brit-pop. Apesar do sucesso obtido com este single, decidem alterar o nome do grupo e o seu estilo musical; passam a ser os White Lies.
É com este nome que gravam o seu primeiro trabalho "To Lose My Life", produzido por Ed Buller e Max Dingel. Neste disco, é abandonado em definitivo o estilo brit-pop e o grupo pratica um rock com algumas influências pop que nos trazem à memória alguns sons dos Joy Division, Teardrop Explodes e, a nível vocal, de Robert Smith dos Cure.
"To Lose My Life" é um disco agradável, composto por dez temas, sendo todos eles potenciais singles. Longe de ser uma obra-prima, é um bom disco que abre boas perspectivas para o grupo poder afirmar-se na difícil cena rock britânica e mundial.
Sem ser deslumbrante, "To Lose My Life" não desilude e os White Lies trazem alguma frescura e um som novo à cena musical britânica que, apesar de ser no geral de grande qualidade, por vezes torna-se muito idêntica.
É um disco a merecer alguma atenção e a ouvir mais do que uma vez pois, como é sabido, grande parte da boa música aprende-se a gostar à medida que a ouvimos e descobrimos novos sons, apesar de já termos ouvido esses temas imensas vezes.

01 - Death
02 - To Lose My Life
03 - A Place To Hide
04 - Fifty On Our Foreheads
05 - Unfinished Business
06 - E.S.T.
07 - From The Stars
08 - Farewell To The Fairground
09 - Nothing To Give
10 - The Price Of Love

Nota - 8/10

30/04/09

Remmy Ongala

Há quem diga que na Tanzânia, Remmy Ongala é mais conhecido do que o próprio presidente da república. Ele e a sua Orchestra Super Matimila desenvolvem toda a sua actividade musical a partir de Dar Es Salaam, antiga capital da Tanzânia e onde estão situados a maior parte dos agentes económicos e sendo praticamente o centro da decisão política, apesar da capital ser Dodoma desde 1973.
Remmy Ongala como músico iniciou-se na bateria e mais tarde passou à guitarra e é responsável por uma grande parte dos mais excitantes e envolventes temas da música africana, graças ao cruzamento muito conseguido do som da guitarra soukous (tipicamente do Zaire, país onde nasceu, na região de Kivu e de onde emigrou para a Tanzânia em 1968), com ritmos tanzanianos, latinos e algumas influências da música das Caraíbas, aliando a este cocktail musical a sua soberba voz. As suas canções são normalmente longas, com extensos solos de guitarra que nos maravilham com aquele som típico que só os africanos conseguem obter desse instrumento.
Através da sua música, Remmy Ongala tenta ir mais longe e evitar que ela seja somente uma forma de fazer as pessoas dançar através do seu ritmo contagiante. Para isso, foca sempre questões sociais nas letras, abordando imensos temas como por exemplo a sida, a corrupção governamental, as injustiças sociais, e uma imensidão de assunto que, infelizmente, são comuns e retratam a realidade da maioria dos países do continente africano, continente esse que tanto nos encanta com as suas maravilhas naturais como nos entristece e constrange com a sua realidade social.
África é um continente único, quer a nível musical quer em termos místicos. Talvez seja por isso que quando escutamos um disco de música tipicamente africana seja impossível ficarmos impávidos e serenos à escuta. Existe algo nos toca e nos faz vibrar, e a música de Remmy Ongala é um desses casos.

Discografia selectiva:

1990 – Songs For The Poor Man
1991 – Mambo
1996 – Sema

26/04/09

Bob Dylan - Together Through Life

Em "Together Through Life", Bob Dylan traz-nos uma dezena de boas canções que conseguem levar-nos numa viagem através da música americana. Sendo um disco fortemente influenciado por blues citadino, que no entanto não esquece os instrumentos da música popular americana, temos a oportunidade de ouvir excelentes momentos de guitarra que, aliados à extraordinária e inconfundível voz de Dylan, são transformados em autênticas pérolas musicais e numa fonte de prazer e sedução, pois a sua voz à medida que os anos vão passando torna-se mais sedutora.
Apesar do seu feitio, da sua forma de estar, da sua arrogância e pouca comunicabilidade, Bob Dylan continua a ser um músico de excelência que, após mais de 45 anos de carreira, consegue manter um excelente nível e surpreender-nos com mais um bom disco, do qual destaco Beyond Here Lies Nothin, Jolene e It's All Good como excelentes blues e também a soberba balada, ao estilo Dylan e com o acordeão de David Hidalgo, This Dream Of You.

01 - Beyond Here Lies Nothin'
02 - Life Is Hard
03 - My Wife's Home Town
04 - If you Ever Go To Houston
05 - Forgetful Heart
06 - Jolene
07 - This Dream Of You
08 - Shake Shake Mama
09 - I Feel A Change Comin On
10 - It's All Good

Nota - 8/10

23/04/09

Entrevista... Afrika Star

Segunda parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog aos Afrika Star, publicada no jornal Musicalíssimo.
...
Perg. – Além de cantares no grupo, também cantas a solo, tendo inclusivamente concorrido ao festival da canção. Fala-nos da tua carreira a solo.
Resp. – O gravar a solo é secundário. O objectivo que tive no cantar a solo, foi concorrer ao festival da canção, mas a minha canção não foi apurada. Agora vou concorrer ao festival da canção que o Stress está a organizar, em que como se sabe, vão estar presentes algumas das canções que o júri não apurou.

Perg. – No próximo dia 3 de Maio vocês vão arrancar para a Europa, numa tournée em que irão actuar no Luxemburgo, Itália, França, Holanda. Fala-nos um bocado, acerca disso.
Resp. – Nós, todos os anos fazemos essa tournée e o público reage bem à nossa música. A maioria do público que temos nesses espectáculos, é público cabo-verdiano, mas também vão alguns estrangeiros. Por vezes até temos que prolongar as nossas tournées, porque o público exige. Os países onde temos mais sucesso, é na Itália e na França. O público gosta de ouvir as nossas músicas.

Perg. – Em termos de planos para o futuro, o que é que vocês têm planeado?
Resp. – Além dessa tournée e do LP, estamos a pensar organizar um festival de reggae que contará com a presença de Peter Tosh e dos Culture, mas estas presenças ainda não estão confirmadas. Estamos também a pensar em organizar um espectáculo que durará dois dias, e para isso pensamos levar lá os Ferro e Fogo e os UHF. Este espectáculo ainda está em fase de estudo.

FIM

22/04/09

Entrevista... Afrika Star

Primeira parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog aos Afrika Star, publicada no jornal Musicalíssimo.

Perg. - Jô, em primeiro lugar gostava que me dissesses qual a formação actual do grupo.
Resp. – O grupo actualmente é formado por mim, que sou o vocalista; no baixo temos o Joaquim, o guitarra solo é o Jorge, contra viola solo é o Pedro, viola ritmo é o Zé, na bateria o Manuel e temos um director que é o Zeca.

Perg. – Quais os objectivos que pretendem atingir ao fazer a divulgação da música de Cabo Verde?
Resp. – Nós tentamos mostrar às pessoas que a música de Cabo Verde merece que lhe seja dada mais atenção, e para isso divulgamo-la, apesar do pouco apoio que temos a nível editorial. Em Portugal já existem cerca de doze agrupamentos de música Cabo-Verdiana e aos poucos está-se a implantar, mas quando tivermos mais apoio por parte das editoras, ainda será maior.

Perg. – Em termos de discos, como é que vão os Afrika Star?
Resp. – No final do ano passado editámos o LP “Puli S. Bento” e em Abril deste ano editámos o LP Afrika Star 82. Neste próximo disco, todos os temas vão ser originais e serão cantados em crioulo, na sua maioria.

Perg. – Os vossos discos são difíceis de encontrar no mercado. Não haverá um desinteresse por parte da editora na divulgação da vossa música?
Resp. – A editora tem-se mostrado interessada em nós, mas não nos tem dado apoio promocional, devido, possivelmente, a condições financeiras. Inclusivamente, há certos trabalhos que deviam ser feitos pela editora e somos nós que os fazemos, como por exemplo a promoção dos discos pois somos nós que os levamos às rádios. Esse tido de trabalho devia ser feito pela editora, mas não é isso que acontece.

Perg. – Porquê? Por falta de dinheiro?
Resp. – Não é por falta de dinheiro. Eles não têm feito promoção, nem na rádio nem nos jornais. Sinceramente não sei porquê, ainda estou para entender isso. As discotecas até se recusam a receber os nossos discos, devido a esse pouco apoio. Outro defeito que a nossa editora tem é que se preocupa mais em chegar ao público Cabo-Verdiano, somente.
...

17/04/09

Recortes... Amadou & Mariam

Amadou Bagayoko e Mariam Doumbia conheceram-se em Bamako, no Mali no ano de 1975, no instituto para jovens invisuais. Amadou nasceu em Outubro de 1954 e com apenas 14 anos começou a sua carreira musical como membro do agrupamento Les Ambassadeurs du Motel até 1974. Amadou ficou invisual na adolescência, tendo então ingressado no instituto onde veio a conhecer aquela que viria a ser a sua esposa Mariam Doumbia, também invisual desde os cinco anos de idade. Mariam nasceu em Abril de 1958 e após ingressar no mencionado instituto, aprendeu Braille, dança e música. Para além destas actividades, Amadou & Mariam fizeram com que as actividades musicais e artísticas no instituto tivessem grande desenvolvimento.
Em 1980 decidem casar e dar início a uma parceria, também em termos musicais. Até 1985 Amadou desenvolve uma intensa carreira a solo onde ganha alguns prémios e obtém relativo sucesso e nesse mesmo ano fazem os primeiros espectáculos fora do Mali, mais propriamente no Burkina-Faso e em 1986 mudam-se para a Costa do Marfim em busca de melhores condições de gravação. É que, por incrível que pareça, no Mali as condições eram fracas, apesar de ser um autêntico “viveiro” de músicos de grande qualidade como por exemplo Ali Farka Touré, Fela Kuti ou Salif Keita (que também fez parte dos Les Ambassadeurs du Motel, com Amadou).
Em termos de edições musicais, o grupo começou por lançar várias cassetes produzidas por Maikano, até que em 1994 foram convidados para gravar em Paris, trabalhos esses que nunca chegaram a ser editados e, finalmente em 1998 é lançado o primeiro CD “Sou Ni Tile”, ao qual se sucederam vários discos quer do grupo quer a de Amadou a solo, e em 2002 colaboram com Manu Chao. Esta parceria com um dos mais bem sucedidos músicos de World Music fez com que a sua música começasse a ser mais conhecida a nível mundial e deu nova projecção ao grupo.
Finalmente em 2004 o sucesso e o talento são reconhecidos um pouco por todo o mundo, graças ao fabuloso disco “Dimanche au Bamako” que obtém grande sucesso a nível internacional tendo sido considerado pela crítica, quase unanimemente, como o melhor disco de World Music desse ano. Esse enorme sucesso fez com que iniciassem tournées pela Europa e África, e obtivessem muitos e importantes prémios no mundo da música.
A partir desta altura começaram a colaborar com vários músicos de renome, como por exemplo Damon Albarn e actuaram em vários festivais, um pouco por todo o mundo.
O ano de 2008 trouxe-nos mais uma agradável surpresa (em tom de confirmação), com o disco “Welcome to Mali”, onde colaboraram vários e importantes músicos, como por exemplo Toumani Diabete, Tiken Jah Fakoly, Juan Rozoff, e também o ex-Blur e Gorillaz, Damon Albran na produção. Trata-se de um disco diferente do anterior, onde se nota uma ligeira fusão com ritmos ocidentais, o que dá origem a uma música de “dançante” e contagiante, mas sem perder a identidade com esse país de grandes músicos – Mali -, e esse continente – África –, onde se toca (e que nos toca) de uma forma inigualável e peculiar.
Amadou & Mariam são, sem qualquer dúvida, um dos nomes mais importantes do actual panorama da World Music, neste caso do Mali e de África.

DISCOGRAFIA
- 1999 - Se Te Djon Ye
- 1999 - Sou Ni Tile
- 2000 - Tje Ni Mousso
- 2003 - Wati
- 2005 - Dimanche a Bamak0
- 2006 - Paris Bamako
- 2008 - Welcome To Mali


12/04/09

Dan Deacon - Bromst

Dan Deacon nasceu em West Babylon no dia 28 de Agosto de 1981. Desde muito cedo manifestou o seu interesse pela música electrónica e de computadores tendo frequentado o conservatório de música no Purchase College onde concluiu a sua formação académica. Aos 22 anos grava os seus primeiros trabalhos em simples CD-R e passado algum tempo muda-se para Baltimore onde se torna popular no seio dos músicos e amantes da música electrónica.
Em 2007 surge a sua consagração com o trabalho Spiderman Of The Rings, onde estão bem patentes todas as suas qualidades no campo da música electrónica, bem como as evidentes influências de grupos como os Devo, Scratch Orchestra ou Talking Heads.
Em 2009 lança Bromst, um disco soberbo onde confirma todos os seus dotes como músico. Apesar de parecer uma música estranha, com ritmos por vezes anárquicos e desconexos, Dan Deacon brinda-nos com um disco coeso onde existe um fio condutor que nos deixa perplexos e deliciados. Arrisco a afirmar, que estamos perante aquele que vai ser um dos melhores discos de 2009.

01 - Buid Voice
02 - Red F
03 - Padding Ghost
04 - Snookered
05 - Of The Mountains
06 - Surprise Stefani
07 - Wet Wings
08 - Woof Woof
09 - Slow With Horns / Run For Your Life
10 - Baltihorse
11 - Get Older

Nota - 9/10

11/04/09

Leonard Cohen - Live In London

Se existe alguém ou algo intemporal neste mundo, Leonard Cohen e a sua música são um desses casos. Tive a felicidade (pois foi disso que se tratou) de assistir ao concerto que Cohen deu em Lisboa no já longínquo ano de 1988, no Coliseu dos Recreios.
Ainda hoje me lembro desse dia e desse concerto, de pequenos pormenores, como por exemplo a imensa fila para entrar ou a postura e traje de Leonard Cohen, as músicas que foram tocadas durante cerca de duas horas para uma sala cheia de um público devoto e fiel que prestava o seu culto a um Senhor.
Vinte anos depois regressou a Portugal para mais um concerto, desta vez em recinto ao ar livre, menos intimista. Não pude deixar de estar presente e, como referi na altura num post colocado neste blog, foi algo de sublime e soberbo, de um prazer indescritível, o prazer de ouvir belíssimas canções e de ver uma plateia dos 15 aos 80 anos em delírio, num delírio muitas vezes arrepiante tal era o silêncio, pois quando se presta culto, é o que deve se deve fazer... permanecer em silêncio. Era uma sensação estranha, estar no meio de cerca de 15000 pessoas e não se ouvir nada, chegando a dar a sensação de que as pessoas nem respiravam, como se estivessem siderados, para não perderem nada de uma noite que iria ficar para sempre gravada nas suas memórias.
. Do alto dos seus 73 anos - nasceu no dia 21 de Setembro de 1934 no Quebec (Canadá) -, Leonard Cohen continua a irradiar simpatia, talento e charme. A sua voz, à medida que os anos vão passando torna-se mais grave e isso, por incrível que pareça, torna as suas músicas ainda mais belas, de uma beleza contagiante e inebriante.
Leonard Cohen - Live In London, foi gravado ao vivo no dia 18 de Julho de 2008, um dia antes dessa mágica noite de Lisboa. Estamos perante um CD / DVD que retrata de forma fiel o que se passou em Lisboa.
São vinte e quatro belas canções num CD / DVD de grande qualidade.

01 - Dance Me To The End Of Love
02 - The Future
03 - Ain't No Cure For Love
04 - Bird On The Wire
05 - Everybody Knows
06 - In My Secret Life
07 - Who By Fire
08 - Hey, That's No Way To Say Goodbye
09 - Anthem
10 - Tower Of Song
11 - Suzanne
12 - The Gypsy's Wife
13- Boogie Street
14 - Hallelijah
15 - Democracy
16 - I'm Your Man
17 - Take This Waltz
18 - So Long, Marianne
19 - First We Take Manhattan
20 - Sisters Of Mercy
21 - If It Be Your Will
22 - Closing Time
23 - I Tried To Leave You
24 - Whither Thou Goest

Nota - 9/10