29/09/10

Entrevista... "De Fio a Pavio"

Segunda parte de uma entrevista feita no início dos anos 80, a um conjunto de jornalistas responsáveis pelo programa "De Fio a Pavio", da Rádio Renascença.
...
Perg. - Agora falem-me um pouco das linhas gerais das vossas entrevistas.
Resp. - (Miguel Lemos) - O entrevistado vai acompanhando todo o programa. Normalmente, temos uma pequena síntese noticiosa do dia e o entrevistado pronuncia-se sobre uma das principais questões em foco. Depois, ao longo do programa, procuramos ir abordando diversos temas da actualidade e, à medida que isso vai acontecendo, o entrevistado pronuncia-se sobre esses temas.
(Nuno Jonet) - Outra característica do programa, é que o entrevistado não fala durante meia hora mas sim um ou dois minutos sobre cada tema, e às vezes até fala menos tempo. Isto faz com que as pessoas não se cansem e não adormeçam ao som de uma voz. Depois, entre cada resposta, passamos uma pequena faixa musical.
Perg. - Esse género de entrevista talvez seja a primeira vez que acontece em Portugal, não?
Resp. - (Miguel Lemos) - Não direi que é a primeira vez, mas na época que corre, não existe. Usa-se muito em França e no Luxemburgo (RTL).
(João Viegas Soares) - Em Portugal o que se faz é tipo mesa redonda, com o entrevistado a ser bombardeado com perguntas durante uma hora. Neste programa, tentamos ser nós a dar a informação e o convidado a comentar o tema. Nas entrevistas, não vão ser sós os políticos a ser entrevistados, mas também pessoas ligadas à música, ao desporto, a tauromaquia, etc.
Perg. - Como jornalistas de um programa de rádio, como é que analisam a lei que vai obrigar as rádios a passarem 50% de música portuguesa?
Resp. - (João Viegas Soares) - Acho que mais do que obrigar a que exista esse espaço, se exija um mínimo de qualidade e existam estruturas para que essa qualidade exista. Essa lei vai obrigar a que se produza mais música e da melhor qualidade, para se ocupar esse espaço. Apesar de ser uma lei que considero insuficiente e incontrolável, acho que é positiva, e as leis surgem, não para criar situações novas mas em função das que já existem. Se foi preciso criar essa lei, é porque de facto estava a aparecer música portuguesa com qualidade para poder passar na rádio. É uma lei que surge para defender a música portuguesa e, na minha opinião, pode vir a ter efeitos positivos em relação à quantidade.
...