22/11/11

Rosebuds - Loud Planes Fly Low

No mês em que celebraram o seu casamento, Maio de 2001, Ian Howard (voz e guitarras) e Kelly Crisp (teclados), decidiram formar os Rosebuds, em Wilmington, na Carolina do Norte.
Sem nunca abdicarem do conceito de duo, convidam Billy Alphi para baterista do grupo, e em 2003 editam através da conceituada label Merge, o primeiro longa-duração do grupo, “The Rosebuds Make Out”, disco que foi muito bem recebido pela crítica e pelos circuitos da música independente americana. Após a edição deste disco, Alphi, deixa o grupo e é substituído por Jonathan Bass, que mais tarde é substituído por Waters Lee para a gravação do segundo disco do grupo, “Birds Make Good Neighbors”, em 2005, disco este que ficou um pouco aquém do seu antecessor.
Com uma cada vez maior predominância do conceito duo, a música do grupo torna-se muito mais introspectiva e pessoal, e o grupo vai colmatando a parte da bateria através de convites que vão sendo feitos a vários músicos, à medida que vai sendo necessário. É neste espírito que é editado o terceiro disco, “Night Of The Furies” em 2007, com Matt McCaughan na bateria e os Shout Out Louds no apoio ao nível de coros, o que acaba por se tornar uma mais valia para a música e sonoridade do duo.
Em 2008 é editado “Life Like”, e após a edição deste disco Howard junta-se a um novo projecto, os “Gayngs”, uma espécie de super-grupo de que também faz parte Bon Iver e que edita "Relayted" em 2010, dentro de um estilo totalmente diferente dos Rosebuds, mais próximo do Trip-Hop, e para além deste novo projecto e, para além disto, Howard e Kelly divorciam-se mas decidem manter o grupo.
É com toda esta envolvência e ambiente que é elaborado, produzido, e editado já em 2011, este “Loud Planes Fly Low”, para o qual convidam Chris Stamey e BJ Burton, como produtores. A música do grupo surge diferente, mais calma e mais melódica, como se fosse necessário aos elementos do grupo relaxarem.
Composto por dez temas calmos, vozes e melodias suaves, quase ausentes de densidade com excepção de "Woods" e "A Story", trata-se de um disco extremamente agradável de se ouvir e sentir, pois é bastante melódico e intimista.

01 - Go Ahead
02 - Limitless Arms
03 - Second Bird of Paradise
04 - Come Visit Me
05 - Without a Focus
06 - Waiting for you
07 - Woods
08 - A Story
09 - Cover Years
10 - Worthwhile

Nota - 7.7 /10

21/11/11

Setlist... GNR

Alinhamento do concerto dos GNR, no Coliseu de Lisboa:

Reis do Roque
Video Maria
Sete Naves
Asas Eléctricas
Efectivamente
Ana Lee
Bellevue
Sangue Oculto
Piloto Automático
Mais Vale Nunca
Vocês
Burro em Pé
Pronúncia do Norte
Cais
Voos Domésticos
Las Vagas
Únika
Popless
Morte ao Sol
Dunas
Inferno

Encore

Sangue Oculto (versão original)
Espelho Meu / Portugal na CEE
Sexta-feira

15/11/11

Sigur Rós - Inni

Este é o primeiro trabalho ao vivo editado pelos islandeses Sigur Rós. Se nos registos em estúdio os créditos do grupo já estavam mais do que confirmados através da edição de vários discos, todos eles de grande qualidade, a expectativa para a edição de um trabalho ao vivo era imensa, pois podia surgir uma certa dificuldade do grupo conseguir reproduzir a sua sonoridade intimista num ambiente ao vivo, o que felizmente não se verificou.
A excelente e melodiosa voz de Jónsi, a perfeição da execução musical, e a sonoridade do grupo, estão presentes neste disco ao vivo, como se de um disco de estúdio se tratasse.
Já tive a oportunidade de assistir a um concerto dos Sigur Rós, no dia 16 de Julho de 2006 no Pavilhão Atlântico, e recordo-me que na altura fiquei extremamente surpreendido por o grupo conseguir transpor para o conceito "ao vivo" os trabalhos de estúdio, com um preciosismo impressionante, o que faz com que não possa considerar uma grande surpresa a sonoridade do grupo neste "Inni".
É lógico que a música dos Sigur Rós, dada a sua complexidade e o seu cariz conceptual, não se pode enquadrar naquele género que se possa ouvir em qualquer altura ou qualquer lugar, pois é preciso existir um ambiente adequado e uma fonte sonora de qualidade para, desse modo, se poder desfrutar de toda a sua magia e qualidade.
Apesar de não ser um disco composto por temas originais, e devido a toda a sua envolvência, é um disco altamente recomendável, do qual não é possível destacar um ou outro tema, pois a música deste grupo e toda a sua obra, primam por uma enorme complexidade que só a enaltece. Sendo um estilo música que não tem rigorosamente nada de comercial, é fascinante.
"Inni" é um disco duplo, ao vivo, que merece toda a atenção.

Svefn-g-englar
Glósóli
Ny Batteri
Fljóavik
Vlô Spilum Endalaust
Hoppipolla
Meô Blóônasir
Inni Mér Syngur Vitleysingur
E-Bow
Saeglópur
Festival
Hafsol
All Allright
Lúppulagió

Nota - 7.5/10

05/11/11

Walkabouts... Travels In The Dustland

Seis anos após a edição do seu último álbum de originais, "Acetylene", os Walkabouts estão de regresso às edições discográficas, com um disco surpreendente.
Este "Travels In The Dustland" surpreende, não porque exista uma inovação na música do grupo, ou surja algum pormenor peculiar em termos de produção ou sonoridade. Nada disso: este disco surpreende pelo seu equilíbrio, pela sua vertente melodiosa e sedutora, e pela sua qualidade.
Os Walkabouts, formaram-se em 1984 na cidade de Seattle. que na altura vivia o período áureo do grunge. Mais de vinte e cinco anos depois, o grupo liderado por Chris Eckman e Carla Torgerson continua a ter a capacidade de nos presentear com bons discos, e demonstrar que a sua criatividade se mantém incólume.
"Travels In The Dustland" é composto por onze canções, algumas cantadas por Carla Torgerson, outras por Chris Eckman e uma delas em forma de dueto.
Logo a abrir o disco, surge "My Diviner", com o som de uma slide guitar que permanece durante toda a música a servir de base à sedutora voz de Carla, num tema em jeito de balada, daquelas que só eles sabem fazer tão bem e que nos cativam à primeira audição.
Em "The Dustlands" e "Soul Thief", é a vez de Chis Eckan entrar em acção para dois temas menos calmos, mas sempre melódicos e com bons pormenores em termos instrumentais. Se no segundo tema do disco a voz de Chris aparece algo distorcida, o que na minha opinião era perfeitamente evitável, já em "Soul Thief", um tema forte para espectáculos ao vivo, aparece naquele tom a que nos habituou, quer como membro dos Walkabouts, quer na sua carreira a solo.
Segue-se "They Are Not Like US", que nos traz um dos momentos mais belos do disco. Carla, num tema extremamente calmo, é acompanhada básicamente por um piano, e em algumas partes ouve-se a voz de Chris em jeito de sussurro, numa canção maravilhosa e com o poder de nos relaxar, aquele poder que só algumas canções têm, e só alguns músicos o conseguem transmitir.
Os Walkabouts são peritos nisso, mas também são peritos em nos despertar para a realidade e fazer com que voltemos a vibrar com temas mais enérgicos como "Thin Of The Air", com a predominância da voz de Carla acompanhada pelo sussurro de Chris, desta feita num tema mais ritmado e com uma excelente parte orquestral. Não sendo um dos bons temas do disco, ouve-se com bastante agrado, bem como o tema que se segue, "Rainmaker Blues", cantado por Chris e onde são visíveis algumas influências que o grupo tem de Blues. No entanto, estes dois temas são, na minha opinião, os menos conseguidos deste disco.
Segue-se o tema mais longo do disco, "Every River Will Burn", e, como em todos os temas longos da discografia dos Walkabouts, ficamos maravilhados com os pormenores musicais das guitarras que só este grupo consegue fazer, principalmente através dos "dedos" de Carla Torgerson. Aquela forma de tocar em que se entra no acorde seguinte sem se sair do anterior é algo que a mim me fascina, e Carla Torgerson faz isso melhor do que ninguém, criando um elo de ligação entre cada acorde. Neste tema, o solo de Carla pode estar longe do brilhantismo de "Train to Mercy" do álbum "Scavenger", mas é na mesma fabuloso, como fabuloso é o solo do tema seguinte, "No Rhyme, No Reason", cantado por Chris Eckman, num estilo mais rock, e que antecede o melhor tema deste disco, a balada "Wild Sky Reverly". Com um fundo musical em que sobressai o som da slide guitar e de um piano, a voz de Carla Torgerson é simplesmente bela, numa canção ideal para ouvir num bar em ambiente de fim de noite, quando os nossos corpos estão cansados de mais um dia em que sobrevivemos num mundo cada vez pior, numa sociedade sem valores. Esta música tem o dom de conseguir com que nós a interiorizemos, e dessa maneira transporta-nos para longe, não para um mundo perfeito pois esse não existe, mas sim para um ambiente em que nos conseguimos alhear das coisas más que nos rodeiam, e são estes pequenos momentos e prazeres que fazem com que a música deste grupo seja, acima de tudo, bela.
Depois de um raro momento de beleza, eis que surge "Long Drive In a Slow Machine", cantado por Chris Eckman naquele que será, seguramente, o melhor tema deste disco para ser tocado ao vivo. Bem ritmado, um refrão fácil e contagiante, a boa voz de Chris Eckman e um excelente solo de guitarra de Carla Torgerson, fazem com que este seja o eleito para para criar um ambiente de apoteose em final de concerto.
E, para terminar, nada melhor do que mais uma balada, desta vez em jeito de dueto, com Chris e Carla. "Horizon Fade", não sendo um tema brilhante, é aquele tipo de canção que num disco pode ser entendido como uma espécie de agradecimento por parte do grupo a quem os ouviu, mas quem tem de agradecer, é quem ouve, pois a música dos Walkabouts faz-nos felizes.

01 - My Diviner
02 - The Dustlands
03 - Soul Thief
04 - They Are Not Like Us
05 - Thin Of The Air
06 - Rainmaker Blues
07 - Every River Will Burn
08 - No Rhyme, No Reason
09 - Wild Sky Reverly
10 - Long Drive In a Slow Machine
11 - Horizon Fade

Nota - 9/10

P.S. - Vi Walkbouts no dia 09 de Outubro de 2009 na Aula Magna em Lisboa, no dia 10 de Outubro no Hard Club em Vila Nova de Gaia e no dia 12 de Agosto de 2000 em Paredes de Coura.
Espero que voltem a Portugal este ano, ou em 2012. Se vierem, eu vou.