11/12/13

Entrevista... Trabalhadores do Comércio

Quarta parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog aos Trabalhadores do Comércio, em vésperas de concerto no Rock Rendez-Vous.

Perg. – O que levou tu e o Sérgio Castro a desdobrarem-se em dois grupos, os Trabalhadores do Comércio e os Arte & Ofício?
Resp. – Eu estava a ouvir as perguntas que fazias ao Sérgio, e ouvi-o falar mais ou menos do assunto. Nós estávamos nos Arte & Ofício que é o grupo onde tocamos há 6 anos. Os Trabalhadores do Comércio surgiram de uma brincadeira e graças ao impacto que teve obrigou-nos a pensar um bocado no que tínhamos feito. A partir daí começaram a surgir concertos, contratos que a principio não podíamos cumprir, pois éramos só três. Claro que mais tarde isso veio dar origem a que tivéssemos que procurar mais pessoas para fazerem um suporte musical. Inicialmente foi uma brincadeira, mas agora é um caso nacional; então surge a inclusão do Luís, que é um cantor (não gosto de dizer que é um puto). Apesar de ser um “puto”, ele assume o seu papel de vocalista, e posso adiantar que assume muito mais profissionalmente que muitos músicos que existem e que já andam nisto há muito tempo.
Perg. – Para terminar, gostava que me dissesses quais os músicos que servem de vosso suporte musical nos espectáculos ao vivo.
Resp. – Os músicos que nos acompanham são: Miguel Cerqueira (baixo); Jorge Filipe (sintetizados, vacoder); e o Carlos Araújo (guitarra).

FIM

10/12/13

Entrevista... Trabalhadores do Comércio

Terceira parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog aos Trabalhadores do Comércio, em vésperas de concerto no Rock Rendez-Vous.

(Depois do grande João Luís, chegou a vez do Álvaro Azevedo).
Perg. – O que achas desta enorme avalanche de grupos rock Portugueses, que surgiu no ano passado e este ano continua?
Resp. – Ora bem: tu dizes avalanche porque talvez não tenhas assistido aqui há 15 anos atrás como eu assisti, e foi nessa altura que comecei a tocar num grupo que na altura ganhou alguma nomeada que foram os Pop Five, que eram formados por mim, pelo Tozé Brito, Paulo Godinho e pelo Miguel Graça Moura. Foi um grupo que foi para a frente e em 1971 chegou a ir a Inglaterra gravar. Nessa altura já havia uma grande avalanche de grupos rock. Talvez não existisse uma grande publicidade por parte dos jornais nem apoio por parte da rádio, e eram coisas isoladas que se faziam, pois havia um grupo aqui e outro ali. Actualmente existem alguns 20 ou 30 grupos já com discos gravados e a fazerem espectáculos. Desses grupos, alguns têm qualidade, outros não, mas eu acho que da quantidade irá aparecer a qualidade, e já se fala muito de separar o “trigo do joio” e é claro que isso vai acontecer. Há quem condene esta avalanche, mas eu não porque a acho necessária, pois a lei dos 50% da música Portuguesa vai fazer com que as editoras tenham de editar qualquer coisa, já que têm de ter músicas para a rádio funcionar.
Perg. – Falaste numa selecção de grupos. Quais são, na tua opinião, os que “vão ficar pelo caminho”?
Resp. – Isso é uma pergunta um bocado tirada de surpresa. Sou uma pessoa que não gosta de estar a dizer mal disto ou daquilo, porque por um lado o que está mal agora daqui a um ou dois meses pode estar bem, porque já existe uma rodagem e ensaios. Grupos de certa nomeada ouço todos, como por exemplo os Salada de Frutas.
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09/12/13

Entrevista... Trabalhadores do Comércio

Segunda parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog aos Trabalhadores do Comércio, em vésperas de concerto no Rock Rendez-Vous.

Perg. – Disseste que o “Lima 5” não obteve maior êxito porque a editora não fez grande promoção. Quer dizer que muitas vezes, a música pode não ter grande qualidade e ser um grande êxito, de vido a uma boa promoção editorial?
Resp. – Exacto. A campanha promocional é uma coisa fundamental. Nós temos um exemplo a nível mundial que é o caso dos Ramones e do Elvis Costelo, que são muito maus músicos. Mas os Ramones são um grupo que se dá ao luxo de vir aqui sacar quarenta e quatro mil contos por um ou dois concertos. Ora bem, isto é grave e é um insulto aos verdadeiros músicos; é uma amostra mais do que suficiente de como é que se funciona a nível promocional. Quer dizer, a partir do momento em que há uma editora gigante, como a dos Ramones, esses músicos têm êxito. Eu considero os Ramones um disparate absoluto e são apenas um caso de publicidade. E depois temos o caso contrário: toda a gente sabe que o John McLauphin é um tipo que tem imensos problemas quando toca em determinados sítios; quer dizer, as pessoas estão assim um bocado “nas tintas” para o que se passa num concerto dele, e isso acontece porque ele tem pouca publicidade.
(Mudando de entrevistado, a próxima pergunta é para o João Luís que tem apenas nove anos).
Perg. – Gostas de cantar numa banda que é composta por elementos muito mais velhos do que tu?
Resp. – Gosto. Adoro.
Perg. – Como é que foi que apareceste a cantar nos Trabalhadores do Comércio?
Resp. – O Sérgio mostrou-me as músicas e eu andava sempre a cantá-las. Um dia, estava a cantar e passado um bocado o Sérgio olhou para o Álvaro, o Álvaro olhou para ele e abanaram a cabeça; depois o Sérgio perguntou-me se eu queria vir a Lisboa gravar e aceitei. Depois gravámos, começamos a tocar ao vivo e agora vamos gravando.
Perg. – Em quê que a música mudou a tua vida.
Resp. – Antes, eu estava em casa sem fazer nada, só com a minha irmã a chatear-me. Agora já não.
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08/12/13

Entrevista... Trabalhadores do Comércio

Primeira parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog aos Trabalhadores do Comércio, em vésperas de concerto no Rock Rendez-Vous.

Sérgio Castro, Álvaro Azevedo e João Luís formam um grupo rock que apareceu em 1980, grupo esse que tem o nome de Trabalhadores do Comércio. Actualmente tem gravado um LP e dois singles, e uma característica do grupo, é que cantam à moda do Porto. Aproveitando uma vinda deles a Lisboa para uma actuação no Rock Rendez-Vous, fui entrevistá-los.
Perg. – A gravação do vosso LP foi feita em Londres. Porquê Londres? Será que os estúdios portugueses, não têm as condições necessárias para a gravação de um álbum.
Resp. – (Sérgio Castro) – Isso é uma pergunta que muita gente nos faz, e não tem nada a ver com a questão dos estúdios cá não terem as condições necessárias. Efectivamente existem algumas carências nos estúdios portugueses, muitas vezes até a nível humano, por muito que isso possa custar a muita gente e já nos tem acontecido trabalharmos com pessoas pouco experientes o que, às vezes, nos traz alguns problemas. Por outro lado, e a principal razão, é que enquanto nós estávamos ligados à antiga editora (Gira), não havia estúdios disponíveis, e quando a editora quis alugar o estúdio para gravarmos não conseguiu, e foi então que pusemos a hipótese de ir gravar a Londres pois éramos poucos e a coisa às tantas não ficava mais cara. Então marcámos a gravação, aquilo foi adiado por várias razões, e entretanto houve algumas chatices com a editora, que levaram à nossa saída. Foi então que passámos para a Polygram; aceitaram a nossa ideia pois tinham o mesmo problema que a editora anterior: só nos podiam arranjar estúdio para uma determinada altura, altura essa que já não nos interessava, sequer, gravar. Aproveitámos esse estúdio para os Arte & Oficio e fomos gravar a Londres. Foi essa a principal razão.
Perg. – Como toda a gente sabe, vocês cantam à moda do Porto. Existiu alguma preocupação especial, nessa escolha?
Resp. – (Sérgio Castro) – A preocupação é esta: durante muitos anos afirmei, e continuo a afirmar que não gosto de rock cantado em Português, e continuo a não gostar por muito que isso possa custar a muita gente e por muito que eu esteja fora de moda, e de certeza que estou. De repente, porque fizemos este projecto que começou por ser um disco que eu e o Álvaro íamos fazer, e que depois apareceu o João Luís; depois aparece um nome, a seguir há aquele “boom” que foi o “Lima 5”, que não foi maior porque a editora “Nossa Senhora”, não é? Portanto a partir daí os Trabalhadores do Comércio são um projecto para levar para a frente. Acontece que já nesse disco estava notório o nós cantarmos à moda do Porto, ou melhor, utilizando a fonética, o sotaque portuense de determinadas zonas (como por exemplo a Ribeira), nós vamos conseguir, sem dúvida, uma maior musicalidade. Temos uma data de palavras que conseguimos aumentar, temos outras que conseguimos comprimir, mas sem aparecerem como erro. Aí já começo a concordar em cantar daquela maneira, e acho que conseguimos uma determinada musicalidade. Propriamente a nossa música tem influências rock, Reggae e de alguns blues. Essas influências todas juntas, com uma influência fundamental que é a da música popular portuguesa em que fomos descobrir que tínhamos algumas influências do António Mafra, a quem nós dedicámos o nosso LP, dão um tipo de música que me parece um pouco perto de raízes algo folclóricas.
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04/12/13

Ao vivo... Festival Primavera Sound


Cartão e pulseira de acesso ao recinto do Festival Primavera Sound 2013, Barcelona

03/10/13

Entrevista... Rui Veloso

Terceira parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog a Rui Veloso, após a edição do disco "Ar de Rock".

O “Ar de Rock” foi o maior êxito de sempre do Rock Português. Recentemente num programa da rica querida (?) televisão, mostrou as emissoras de rádio piratas de França, e numa dessas emissoras passaram o “Ar de Rock”. Será que a música rock Portuguesa já tem qualidade para se poder implantar com êxito no mercado internacional? “Acho que sim, não vejo porque não. Lá fora também se faz muita merda, não é só cá. Mas se for cantado em Português acredito que não tenha êxito lá fora pois os estrangeiros não percebem nada da letra. No festival do Midem, mostraram-se interessados no meu disco, mas disseram que tinha de ser cantado em Inglês, pois em Português não dava”.
Voltando um bocado atrás na entrevista, falamos novamente da televisão em Portugal, de péssima qualidade. Relativamente a este assunto, a opinião de Rui Veloso é de que “É uma autêntica merda, uma anedota, algo que só vendo é que se acredita. Superficialmente é uma anedota; agora se as pessoas a conhecerem a fundo, começa a ser triste”.
Entre um e outro copo, um e outro cigarro, a entrevista aproximava-se do seu final. Para terminar, a pergunta da praxe: Projectos para o futuro? Rui Veloso disse “Ir gravando, dando uns espectáculos e continuar o meu trabalho que é a música”.
Possivelmente, muito ficou por dizer, mas acho que o essencial foi dito e escrito.

02/10/13

Entrevista... Rui Veloso

Segunda parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog a Rui Veloso, após a edição do disco "Ar de Rock".

Outro problema que leva a interrogar sobre o êxito do próximo LP de Rui Veloso é a sua linha musical, o seu estilo, que vai ser completamente diferente do “Ar de Rock”. No próximo LP, Rui Veloso vai cantar o Blues e em Português. Sobre a sua opinião sobre a aceitação do mercado Português desse estilo musical, Rui Veloso diz que “acha que tem uma boa aceitação, pois os concertos de grupos de Blues que têm acontecido por aqui, foram porreiros e o pessoal aderiu”.
As editoras actualmente têm as portas abertas aos grupos Rock Portugueses mas há quem diga que mais tarde ou mais cedo voltarão a fechar essas portas devido a eventuais prejuízos. A opinião do Rui Veloso é ligeiramente diferente: “Acho que as editoras não vão fechar essas portas. Quanto aos grupos darem prejuízo, isso não deve acontecer pois existe mercado. É natural que as vendas daqui a cinco anos estabilizem, mas para já não pois há por aí muitos grupos a vender bem”.
Neste tom descontraído a entrevista foi decorrendo, sendo constantemente interrompida por uma passa de cigarro. Assim, chegamos ao Rock Português e falamos da existência de um movimento Rock Português: “Não acho que exista um movimento de Rock Português. Existem grupos a tocar, mas movimento não”.
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01/10/13

Entrevista... Rui Veloso

Primeira parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog a Rui Veloso, após a edição do disco "Ar de Rock".

Até Maio de 1980, quem é que ele era? Apenas um cidadão normal, como eu, tu e muitos outros. Para alterar completamente a vida deste “Herói do nosso tempo”, bastou um LP, com uma duração musical de cerca de 33 minutos e com uma capa a preto e branco, onde se podia ler “Rui Veloso – Ar de Rock”. Só isto bastou para colocar este “tripeiro”, pois ele é do Porto, nas bocas de todo o mundo, nos Tops, nas listas de discos de ouro, etc, etc.
RUI VELOSO: Um rapaz de 23 anos, nascido no Porto e que recentemente abalou para Lisboa, onde se encontra a residir, mas sem deixar de ir ao Porto com regularidade, pois segundo ele diz “não gosto muito de Lisboa, sinto-me bem quando vou ao Porto, quando estou lá com a malta. Não gosto de Lisboa porque há muito barulho, muito movimento”. Muitas vezes esses contras fazem com que um músico se deixe arrastar para um lado que lhe pode ser prejudicial, pode fazer com que perca a pureza devido às várias pressões que existem. Eis a sua opinião: “Por vezes uma pessoa tem problemas, mas não se trata de perder a pureza. Às vezes tenho crises de inspiração e não consigo fazer nada, por não ter ambiente”.
Algo que sabemos é que com o enorme êxito, conseguido assim repentinamente, Rui Veloso criou um certo compromisso e geralmente quando um cantor consegue um êxito repentino, mais tarde ou mais cedo, sujeita-se a entrar em decadência. Relativamente a este assunto, Rui Veloso disse que o “preocupava na medida em que prefere ganhar dinheiro à custa dos discos, pois não tem grande vida para andar a fazer espectáculos. É evidente que eu não acredito que o meu segundo disco vá vender tanto como o primeiro. As vendas do primeiro foram em grande quantidade, devido ao entusiasmo inicial, pois não havia ninguém a fazer o Rock”.
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10/07/13

Setlist... Muse

Setlist do concerto dos Muse no dia 21 de Abril de 2002 (o primeiro a que assisti do grupo) na "pequena" sala da Aula Magna de Lisboa.
Este concerto, inicialmente esteve agendado para o dia 09 de Março de 2002, mas um ruptura de ligamentos do baixista Chris Wolstenholm fez com que fosse adiado para esta data.

01 - Space Dementia
02 - Hysteria
03 - New Born
04 - Micro Cuts
05 - Dead Star
06 - Citizen Erased
07 - Sunburn
08 - Uno
09 - Megalomania
10 - Feeling Good
11 - In Your World
12 - Hyper Music
13 - Muscle Museum
14 - Plug In Baby
15 - Bliss

11/02/13

Biffy Clyro... Opposites

Os primeiros acordes que ouvimos neste mais recente disco dos Biffy Clyro, são suaves, umas teclas harmoniosas e a característica voz de Simon Neil, embalam-nos, até que, aos dois minutos, começamos  a ouvir uns sons de guitarras que, de forma subtil, vão subindo de intensidade, é então a partir desse momentos que sentimos o verdadeiro espírito, poder e força, da música deste trio escocês que, ao seu sexto disco de estúdio confirma a maturidade atingida em 2009, com a edição de “Only Revolutions”.
Desde então. o grupo tem feito imensos concertos e participado em vários festivais, criando a ideia de ser uma banda com grande potencial ao vivo. Arrisco mesmo a afirmar que podemos estar perante uma das melhores bandas da actualidade em espectáculos ao vivo, e, ainda por cima, a música do grupo presta-se a isso, com bons ritmos e boas guitarras que, mesmo sem fazerem aqueles solos desgarrados e longos, dão um ritmo de grande intensidade e agressividade à música do grupo.
Este “Opposites” é um bom exemplo disso. Apesar de ser um CD duplo, é um disco que não satura, um disco completo e que nos satisfaz, da primeira à última música.
Se o início é feito com os tais acordes calmos e suaves, já o restante do disco é feito de grandes ritmos, alguns contra-ritmos, e com algumas baladas pelo meio. Se “Opposites”, “Trumper or Trap” e “The Thaw” se situam dentro dos parâmetros das chamadas baladas tradicionais dos grupos de Rock, já “The Tog” e “Skylight” são diferentes, pois são músicas cuja estrutura assenta essencialmente na voz de Simon Neil e numa sonoridade mais melódica, por vezes mais próxima de ambiências sonoras do que musicais (principalmente em “The Tog”), mas com pormenores muito interessantes, com algumas variações de intensidade musical que nunca chegam a ser variações rítmicas, proporcionando momentos muito agradáveis.
Para alem destas baladas que, como são poucas,  tornam-se mais fáceis de destacar, os outros temas que fazem parte deste disco duplo são, todos eles, cheio de garra, energia e força, e, apesar de ser extremamente difícil  destacar um tema deste “Opposites”, não posso deixar de mencionar, por exemplo, “Biblical” , “Different People”, “Black Chandeller”, “Little Hospiltals”, e “Modern Magic Formula”, que são temas que podem funcionar muito bem ao vivo, pois já em disco transmitem imensa energia, com uma construção simultaneamente melódica e agressiva, uma voz bem colocada e terna que serve de contrabalanço à agressividade transmitida pela parte musical da banda, agressividade essa que também é, diga-se “amaciada”, por pormenores orquestrais em fundo musical.
Os Biffy Clyro formaram-se em 1995, em Glasgow na Escócia. Este trio, composto por Ben Johnston (bateria), Simon Neil (voz e guitarra) James Johnston (baixo), tem mantido ao longo dos anos alguma regularidade em termos de edições discográficas, tendo sido editado o primeiro disco no ano de 2002. Na altura “Blackened Sky”,  foi um fracasso em termos comerciais e mal recebido pela critica musical, mas desde então o grupo tem evoluído e com este “Opposites” atinge e confirma a maturidade musical, que já tinha ficado evidenciada em “Only Revolutions”, lançado em 2009.
É devido a esta evolução do grupo e à energia que é transmitida nos discos, que repito o que já mencionei antes: estamos perante uma das melhores bandas ao vivo.
Biffy Clyro têm concerto agendado para o Optimus Alive.

Disco 1

01 - Stingin' Belle
02 - Sounds Like Balloons
03 - Biblical
04 - The Joke's on Us
05 - Black Chandelier
06 - A Girl and His Cat
07 - Opposite
08 - The Frog
09 - Little Hospitals
10 - The Thaw

Disco 2

01 - Different People
02 - Modern Magic Formula
03 - Spanish Radio
04 - Victory Over The Sun
05 - Pocket
06 - Trumpet Or Tap
07 - Skylight
08 - Accident Without Emergecy
09 - Woo Woo
10 - Pictture a Knife Fight

Nota - 7.8 / 10

05/02/13

Nick Cave & The Bad Seeds... Push The Sky Away


Desde “Dig, Lazarus, Dig!!!", editado em 2008, que Nick Cave não lançava um disco de originais com os The Bad Seeds.
Durante este hiato, Nick Cave Nick Cave participou no projecto Grinderman, com Warren Ellis, Martyn Casey e James Sclavunus, que editaram dois discos, “Grinderman” em 2007 e “Grinderman 2” em 2010. Para além do argumento do filme "Lawless", estreado em 2012, Nick Cave fez ainda a respectiva banda sonora.
“Push The Sky Away” assinala o regresso de Nick Cave & The Bad Seeds às edições discográficas, num registo de bom nível, repleto de canções calmas e agradáveis.
Se para muitos fans do músico australiano, este disco pode não ser dos melhores nem daqueles de maior criatividade, face à ausência daquele estilo musical a que nos habituou em que a agressividade e o tipo de construção musical assentam numa base rítmica que em certos momentos é superada por sons extraídos dos instrumentos musicais, quase de uma forma desconexa, este “Push The Sky Away” é um bom disco, que não cansa e ouve-se com muito agrado, da primeira à última música.
Se, por exemplo, “We No Who U R”, “Wide Lovely Eyes” e “Mermaids”, são baladas melódicas e quase ternas, outros temas há em que aquele estilo mais rock a que Cave nos habituou, está bem presente, como por exemplo em “Jubilee Street” que começa de uma forma calma mas termina com pequenos devaneios musicais, mantendo sempre uma base rítmica próxima da balada.
“We Real Cool” e “Finishing Jubilee Street” são outros temas interessantes, mas o momento alto surge na penúltima música, “Higgs Boson Blues”, na minha opinião, a melhor deste disco, uma canção longa, com mais de 7 minutos e na qual surge a forma de cantar característica e fascinante de Nick Cave.
Pode-se gostar mais da vertente rock e “barulhenta” de Nick Cave, mas também se gosta desta faceta mais calma e melódica e destas canções bonitas, mas tenho sérias duvidas que funcionem bem em concertos ao vivo, no âmbito de um festival.
Nick Cave tem concerto agendado para o Primavera Sound, no Porto.

01 – We No Who U R
02 – Wide Lovely Eyes
03 – Water’s Edge
04 – Jubilee Street
05 – Mermaids
06 – We Real Cool
07 – Finishing Jubilee Street
08 – Higgs Boson Blues
09 – Push The Sky Away

Nota 8.0/10

04/02/13

My Bloody Valentine... M B V


Sons distorcidos, vozes abafadas por vezes imperceptíveis, guitarras poderosas e saturadas, alguns solos, um autêntico caos ruidoso e sonoro.
Estes são os ingredientes que compõem "M B V", o disco que, de uma forma surpreendente, foi lançado esta semana pelos My Bloody Valentine, banda de culto que se formou em Dublin em 1984.
Liderados pelo guitarrista Kevin Shields, editaram o primeiro disco em 1985, o EP “This Is Your Bloody Valentine”, sem grande sucesso. No final de 1987, o vocalista Dave Conway abandona o grupo, sendo substituído por Bilinda Butcher, na voz e guitarra. É após esta alteração que a música do grupo começa a ter a sua própria identidade e sonoridade e em 1988, editam o muito festejado e aclamado “Isn’t Anything”, que obteve grande sucesso junto da crítica britânica e surpreendeu o mundo musical da altura, graças a um estilo muito próprio, aliado a uma presença em palco no mínimo estranha, já que os músicos actuavam com os olhos fixos no chão, sem encarar o público, daí surgindo a definição de “Shoegaze” para o seu estilo musical.
Em 1991 é editado o mítico – por muita gente considerado um dos melhores discos da história da música – “Loveless”, um disco soberbo que ainda hoje faz sentido, e que catapultou o grupo para um patamar muito elevado, apesar de ser uma música ruidosa e complexa, mas de grande qualidade e genialidade.
Após a edição deste disco, o grupo esteve inactivo durante muitos e muitos anos, e, vinte e dois anos depois, quase que de um dia para o outro, lançam um novo disco, apanhando de surpresa toda a imprensa musical e até os próprios fans, que há já muito tempo ansiavam por algo novo, mas sem grandes esperanças, apesar dos rumores que iam surgindo pela imprensa.
Neste início de Fevereiro aí está, o novo disco dos My Bloody Valentine, intitulado somente “M B V”, e que sucede a “Loveless” de 1991.
A sonoridade desse mítico disco, mantém-se neste novo trabalho, não só na parte mais ruidosa, como também na parte mais melódica, este M B V, acaba por dar uma certa continuidade à obra do grupo. Poder-se-ia afirmar estarmos perante "mais do mesmo"' não fosse a criatividade e o talento destes músicos, que continuam a ter a capacidade de surpreender pela positiva, e aquilo que podia parecer uma continuidade de Loveless – o tal mais do mesmo - não é, e não deixa de ser curioso que, à medida que vamos ouvindo o disco, apodera-se de nós a sensação de estarmos perante algo novo, tal a genialidade presente, que faz com que por vezes a música do grupo pareça estranha e requer mais do que uma simples audição.
Ao todo, este “M B V” traz-nos nove temas, todos eles repletos de guitarras em desgarradas permanentes, pequenos solos, temas caóticos e ruidosos, distorções, tudo o que se possa imaginar num cenário de caos, como se a música estivesse a ser interpretada de uma forma anárquica, mas, é então que a voz de Bilinda Butcher nos traz de volta à realidade, apesar de em alguns temas surgir abafada, mas isso faz com tenhamos a necessidade de ir à procura da paz que irradia dessa voz doce, terna e meiga, com um efeito “balsâmico”.
Se, a título de exemplo, em temas como “She Found Now”, “Nothing Is” ou “Wonder 2”, sentimos o efeito caótico da música do grupo, já em “Only Tomorrow” ou “Is This And Yes”, sentimos esse bálsamo, e aí sim, entendemos o tudo o que possa ser escrito sobre este disco e sobre os My Bloody Valentine.
Este pode não vir a ser considerado um dos melhores discos do ano (o que duvido), mas vai ser, seguramente, considerado o acontecimento do ano.
Um disco a ouvir em “repeat”, muitas e muitas vezes, pois a boa música é algo de que se vai gostando cada vez mais, à medida que se vai ouvindo e “entranhando” em nós, de forma viciante.
Este é um desses discos.

01 – She Found Now
02 – Only Tomorrow
03 – Who Sees You
04 – Is This And Yes
05 – If I Am
06 – New You
07 – In Another Way
08 – Nothing Is
09 – Wonder 2

Nota – 9/10

03/02/13

Grouper... The Man Who Died In His Boat

Grouper, é um projecto de Liz Harris, jovem oriunda de Portland, que desde 2003 - em nome próprio, em colaboração com outros projectos ou como Grouper - tem tido uma carreira regular, não só em termos de edições discográficas, como também nos níveis qualitativos dessas mesmas edições.
Todos os discos editados foram bem recebidos pela crítica e, graças a isso, Liz Harris / Grouper, conseguiram criar um grupo de fans, que pode não ser muito numeroso mas é, seguramente, extremamente devoto e seguidor da sua carreira.
Este "The Man Who Died In His Boat", é a prova da coerência e maturidade de Harris que, passados sete discos desde a edição de "Way Their Crapt" em 2005, continua a inovar e a apresentar um som muito característico, que tão depressa vai do instrumental suave e estranho, a um ambiente com sonoridades ruidosas e experimentais, ou ainda a um estilo doce e calmo, graças a uma voz meiga que, em certos momentos, contrasta com uma sonoridade mais ruidosa da parte instumental, contraste esse que não choca, e até acaba por funcionar de uma forma muito agradável.
Este é um daqueles discos do qual não se gosta à primeira, mas também não se detesta. Dá-se uma segunda oportunidade, e essa segunda oportunidade acaba por ser fascinante e viciante num disco que reune todas as condições para poder vir a ser considerado um dos grandes trabalhos de 2013, apesar de o ano mal ter começado.

01 - 6
02 - Vital
03 - Clouds In Places
04 - Beig Her Shadow
05 - Cover The Long Way
06 - Difference (Vocals)
07 - Vanishing Point
08 - The Man Who Died In His Boat
09 - Towers
10 - STS
11 - Living Room

Nota - 8.5

18/01/13

Burial... Truant / Rough Sleeper

Burial estreou-se no ano de 2005, através da label Hyperdub, altura em participou no EP South London Borough, disco muito bem recebido por parte da crítica musical especializada.
"Southern Comfort" e "Broken Home" foram dois dos temas extraídos desse EP de estreia e fizeram parte do leque de treze canções que deu origem ao primeiro trabalho de Burial, álbum homónimo editado em 2006.
A este primeiro disco, seguiu-se o muito aclamado "Untrue" que fez parte de praticamente todas as listas dos melhores discos editados durante o ano de 2007. Este facto fez com que Burial não consegui-se manter por muito mais tempo o seu anonimato. Recordo que até à altura em que o jornal britânico "The Independent" revelou em Fevereiro de 2008 que Burial seria Willian Bevan, não exisitiam fotos do músico / produtor, e para além dos registos musicais, o que existia era somente uma entrevista que foi dada ao jornal "The Guardian" em 26 Outubro de 2007, na qual não foi revelada a identidade do músico, nem qualquer fotografia.
Este mistérito todo acabou por criar algum misticismo, não só na personagem mas também na música de Burial graças ao seu dubstep muito característico e estranho, uma vez que não existe propriamente uma coerência nas músicas do primeiro ao último minuto, mas existe um fio de ligação imaginário que liga todas as sonoridades que fazem parte de cada tema.
Em "Truant / Rough Sleeper", editado no início deste ano, essa característica é evidente. Composto apenas por dois longos temas, "Truant" e "Rough Sleeper", com 11.45 e 13.47 minutos repectivamente, estamos perante um disco que está muito longe de ser aborrecido, pois são tantas as variações de ritmo e de sonoridades em cada faixa, que ficamos com a sensação de estar a ouvir um disco completo em cada um desses dois temas.
Quando se fala de Dubstep, de uma forma algo redutora, acabamos por associar o estilo a Skrillex, que obviamente tem os seus méritos e alguns bons trabalhos editados, mas o Dubstep praticado por Burial é muito diferente desse, pois é menos barulhento e muito mais mais complexo, com uma sonoridade muito própria e característica.
A música de Burial faz parte do restrito leque que se aprende a gostar, devido à já referida complexidade, às constantes mudanças de ritmo com quebras que nos absorvem mas que de um momento para o outro nos despertam e às divagações estranhas e por vezes alucinadas que quase entram pelos campos da House Music.
Esta conjugação de factores e uma produção cuidada ao pormenor, são uma característica de Burial, e esse talvez seja um dos motivos que leva a que os seus discos sejam sempre considerados como trabalhos de imensa qualidade.
Este "Truant / Rough Sleeper", não é excepção.

01 - Truant
02 - Rough Sleeper

Nota 8,4

12/01/13

A$AP Rocky... Long.Live.A$AP

Aliando o facto de ter assinado um contrato multimilionário com a RCA no valor de três milhões de dólares, à boa recepção obtida com as suas mixtapes de Live Love A$AP de 2011, e ainda ao facto de este Long.Live.A$AP ter sido adiado por duas vezes, pode-se afirmar que a expectativa quanto à edição deste disco era imensa; e a espera valeu a pena.
Já com edição em 2013, Long.Live.A$AP é um excelente disco dentro do seu género, seguindo a linha característa do RAP / Hip Hop no que às letras diz respeito, abordando, como de costume, os problemas ligados à droga, sexo, violência, e sempre, mas sempre, com muito egocêntrismo.
Ao ouvir o disco da primeira à ultima música, é possível reparar na boa e cuidada produção que esteve a cargo de Clams Casino, Danger Mouse e Jim Jonsin, e ainda ao extraordinário leque de músicos convidados, talvez om o objectivo de "jogar pelo seguro".
Pode não ter sido esse o motivo, mas ao convidar, por exemplo, Kendrick Lamar (músico de Hip-Hop e autor de um dos melhores discos de 2012), Schoolboy Q, Drake, Skrillex (com a sua sonoridade característica), ou ainda Santigold, fica a ideia que A$AP Rocky não quis arriscar e lançar um disco que passasse despercebido e fosse um fracasso em termos comerciais. Para além de todo o talento e criantividade do autor, esta boa lista de convidados acaba por funcionar como uma espécie de "cereja no topo do bolo", num disco que "corre o risco" de poder vir a ser um dos melhores deste ano que ainda agora começou.
Existe ainda uma edição especial deste trabalho, na qual são inlcuídas três temas extras, contando um deles com a colaboração de Florence Welch, num tema brilhante onde o Rap Hip-Hop de A$AP Rocky e o Indie-Rock de Florence Welch se fundem, proporcionando uma canção brilhante e muito bem interpretada.

01 - Long Live A$AP
02 - Goldie
03 - PMW (All I Really Need) (feat. Schoolboy Q)
04 - LVL
05 - Hell (feat. Santigold) 
06 - Pain (feat. Overdoz)
07 - F**kin' Problems (feat. Drake, 2 Chinz & Kendrick Lamar)
08 - Wild For The Night (feat. Skrillex)
09 - I Train (feat. K. Lamar, Danny Brown, Joey Badass)
10 - Fashion Killa
11 - Phoeniz
12 - Suddenly

13 - Pretty Flaco (Remix) (feat. Gucci Mane, Waka Flocka Flame & Pharrell)
14 - Ghetto Symphony (feat. Gunplay & A$AP Ferg)
15 - Ticket
16 - Like I'm Appart (feat. Florence Welch)

Nota - 8,6

10/01/13

Os melhores de 2012


Com o início de um novo ano, publico a minha lista dos 20 melhores discos editados durante 2012.
Apesar de durante todo esse ano não terem existido grandes edições discográficas do chamado rock puro, apesar de as guitarras serem cada vez mais discretas, ou substituídas por outros intrumentos para, dessa forma, darem à música tons e estilos mais dentro do pop ou da dream-music. Apesar desses factores, 2012 foi um ano de repleto de boas edições discográficas, algumas boas revelações, e algumas excelentes confirmações, entre as quais coloco, sem qualquer dúvida, o quarto trabalho do duo oriundo de Baltimore, composto por Victoria Legrand e Alex Scally, os Beach House.

01 - Beach House - Bloom
02 - Frank Ocean - Channel Orange
03 - Sharon Van Etten - Tramp
04 - Tame Impala - Lonerism
05 - Leonard Cohen - Old Ideas
06 - Kendrick Lamar - Good Kid, m.A.A.d. City
07 - Grizzy Bear - Shields
08 - Jack White - Blunderbuss
09 - Bobby Womack - The Bravest Man In The Universe
10 - Julia Holter - Ekstasis
11 - Temper Trap - The Temper Trap
12 - Cat Power - Sun
13 - Alejandro Escovedo - Big Station
14 - Tindersticks - The Something Rain
15 - Toy - Toy
16 - Alt-J - An Awesome Wave
17 - Gary Clark Jr. - Blak and Blu
18 - Titus Andronicus - Local Business
19 - Django, Django
20 - Muse - The 2nd Law