31/12/14

Entrevista... Entrevista Go Graal Blues Band

Quinta parte de uma entrevista feita à Go Graal Blues Bando, no dia 17 de Abril de 1980

Perg. – Já aqui falamos da vossa passagem pela televisão. Em termos de rádio, já alguma vez participaram nalgum programa?
Resp. – Para a rádio nunca fizemos nada. Dá a ideia que estão mais preocupados com outras coisas.
Perg. – Com o Disco-Sound?
Resp. – Não diremos com o Disco-Sound, mas com o regressar à música Portuguesa dos anos 20 e 30 pois consideramos as vedetas Portuguesas dos anos 50 como se fossem dessa época. A música dos anos 50 é muito divulgada pela rádio.
Perg. – Mas se existissem ofertas, aceitavam-nas?
Resp. – Nós não consideramos isso uma oferta, porque não são precisas ofertas para ir à rádio. Isso até é capaz de haver muito, assim como ofertas para irmos lá tocar. Simplesmente aqueles indivíduos fazem um contrato, não uma oferta, para fazer um determinado trabalho e para determinada entidade. O que a rádio quer é obter o máximo pelo mínimo.

Fim

Entrevista feita no dia 17 de Abril de 1980, em Odivelas

30/12/14

Entrevista... Entrevista Go Graal Blues Band

Quarta parte de uma entrevista feita à Go Graal Blues Bando, no dia 17 de Abril de 1980
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Perg. – Para quando a edição de um novo LP?
Resp. – Um disco não sai quando as outras pessoas acham que deve sair, só porque já está na altura de se lançar outro. Não é assim, é quando nos sentimos bem com o trabalho que se pode fazer. Não se faz um trabalho porque o mercado exige ou porque determinadas pessoas possam exigir que a Go Graal mantenha um trabalho sistemático.
Perg. – O vosso primeiro disco vendeu-se bem?
Resp. – O disco vendeu-se bem para o mercado Português que geralmente consome mais o fado, as canções de embalar e a canção nacional ligeira. Para um mercado deste género, Blues, vendeu-se bem. Agora para um trabalho que consideramos da melhor qualidade desde sempre editada em Portugal, consideramos que se vendeu bem, porque os trabalhos de qualidade em Portugal têm vendas muito baixas e por vezes em quantidades menores que o nosso disco. Apesar da promoção ter sido fraca, o disco vendeu-se bem.
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29/12/14

Entrevista... Entrevista Go Graal Blues Band

Terceria parte de uma entrevista feita à Go Graal Blues Bando, no dia 17 de Abril de 1980

Perg. – Sentem-se influenciados por algum intérprete ou agrupamento musical, em particular?
Resp. – Temos uma cultura e como tal somos influenciados pelas pessoas que mais directamente nos dizem respeito.
Perg. – Isso a vível geral. Individualmente é diferente.
Resp.- Há um elemento, o Urial que é influenciado a 100% pelos Ramones, quer musicalmente quer como executante. Nós normalmente sentimo-nos influenciados por uma década de bons músicos, e não por músicos específicos. São essencialmente músicos que surgiram no final da década de 60 e até ao fim da de 70. A partir daí as nossas influências pararam.
Perg. – No vosso primeiro LP têm um tema intitulado “We Remenber M.W.”, que é dedicado a Muddy Waters. Porquê? Influência?
Resp. – Preferimos não falar nisso. Não nos referimos a um tema específico, porque não dá para analisar um disco assim, dá para analisar um trabalho de fundo e não um ou outro tema.
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28/12/14

Entrevista... Entrevista Go Graal Blues Band

Segunda parte de uma entrevista feita à Go Graal Blues Bando, no dia 17 de Abril de 1980


Perg. – O que acham do Movimento do Rock Português?
Resp. – Não existe.
Perg. – Já alguma vez existiu ou pensam que virá a existir?
Resp. – Não existiu e nem tão depressa virá a existir. Bem, existe um movimento Rock, não existe é uma cultura, mas movimento existe, pois a partir do momento em que há movimentação de grupos e de músicos, ele existe. A cultura rock é que não existe pois as pessoas não estão preparadas para aceitarem o rock como cultura.
Perg. – Vocês já participaram em três programas de televisão que foram o “Soltem o rock mas guardem-no bem”, o “Tal & Qual” e o “Sheiks com cobertura”. Acham que a TV deve-se abrir mais aos grupos de rock Portugueses?
Resp. – A televisão vai-se abrindo aos grupos portugueses, conforme vai levando aquelas tacadas que os próprios grupos vão dando à televisão.
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27/12/14

Entrevista... Entrevista Go Graal Blues Band

Primeira parte de uma entrevista feita à Go Graal Blues Bando, no dia 17 de Abril de 1980

Perg. – Quem é a Go Graal Blues Band?
Resp- Em termos de pessoas, na guitarra baixo temos o Tó Andrade, na harmónica o Paulo Gonzo, na bateria o Barrigas e nas guitarras o João Allain e o Urial. Em termos de grupo temos dois anos de existência, raízes no Blues e, portanto, a partir daí não temos comprometimentos com nenhuma forma musical e por isso vamos tocando aquilo para que estamos preparados e com que nos sentimos à vontade para tocar.
Perg. – Vocês vivem somente à custa da música, isto é são profissionais?
Resp. – Viver somente à custa da música não vivemos, mas somos profissionais, pelo menos em intenção.
Perg. - Mas em Portugal é difícil um grupo do vosso género musical sobreviver somente à custa da música?
Resp. – Não, não é difícil.
Perg. – Porque é que não cantam em Português? Será que a língua Portuguesa não se integra dentro espírito do Blues?
resp. – Não cantamos em Português, somente porque não nos apetece.
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08/12/14

Entrevista... Mário Mata

Terceira parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog ao Mário Mata, no início dos anos 80.
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Perg. – Agora estás na tropa. Não achas que isso possa ter atrapalhado um bocado a tua carreira?
Resp. – Não. Para mim, até foi bom ter desaparecido.
Perg. – Porquê?
Resp. – Para acalmar. Eu estava a ficar um bocado afanado da voz pois tocava todos os dias. Fez-me bem ter feito ginástica, coisa que já não fazia há muito tempo. Se a tropa empatou em alguma coisa foi em termos de tempo, mais nada.
Perg. – Através dos poemas tentas transmitir algo?
Resp. – Falo mais do quotidiano. Não dou mensagens.
Perg. – Não dás directamente, mas talvez dês indirectamente.
Resp. – Sim.
Perg. Porquê?
Resp. – Dei indirectamente no primeiro LP, mas neste que vai sair agora já vou dar directamente.
Perg. – Porquê essa mudança?
Resp. – No meu primeiro álbum estava mais calmo, menos maduro e as letras do primeiro álbum não estão bem trabalhadas, com excepção da “Sonata Da Má Vida” e do “Começamos a Flutuar”. No álbum anterior tinha um bocado de retranca.
Perg. O quê que te levou a não participar na maratona do “Musicalíssimo”?
Resp. – Eu estava com febre, rouco e um bocado em baixo. Inicialmente estava para ir actuar à noite e disse-lhes que ia da parte da tarde pois quando se está rouco, à tarde está-se sempre um bocado melhor. Mas como à tarde já estava muito afanado, ia para lá fazer figura de urso, todo afanado da voz, e isso não me ia dar gozo nenhum. Portanto, acho que quando as pessoas não estão em condições, não vão. Foi por isso que não fui. Quando ao facto de não telefonar a avisar, não o fiz, porque não tinha o número de telefone de Vila Franca e não ia lá avisar.
Perg. – Quais os teus projectos para o futuro?
Resp. – A curto prazo são, trabalhar no disco e fazer espectáculos. Tenho também em vista um mês de espectáculos nos EUA. Este projecto ainda está em negociações no que respeita a datas e caso exista uma pequena alteração nas datas, vou aceitar, o que por muito mau que fosse seria benéfico, pois tudo tem o seu lado positivo.

FIM

07/12/14

Entrevista... Mário Mata

Segunda parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog ao Mário Mata, no início dos anos 80.
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Perg. – Actualmente estás em estúdio a preparar um novo trabalho, que sai em Maio. A linha musical desse LP, é diferente da do anterior?
Resp. – Tirando o “É Pá Desgraça”, praticamente tudo foge ao álbum anterior. O “É Pá Desgraça” é do tipo popular. Há três músicas tipo Blue Grass norte-americano e as restantes, uma é do tipo medieval, que se chama “Algarve e Tá Na Hora” e as outras são mais viradas para o Jazz. O álbum, possivelmente, chamar-se-á “É Pá Desgraça”.
Perg. – Esperavas que o “Não Há Nada P’ra Ninguém”, obtivesse o sucesso que obterve?
Resp. – O êxito, comercialmente falando, falhou, isto porque a música começou a ser badalada cerca de seis meses antes da saída do disco. O êxito já tinha acontecido antes do disco ter sido posto à venda, já tinha havido aquele impacto. Neste próximo trabalho as músicas só vão começar a ser divulgadas depois da saída do disco.
Perg. – Não vês a hipótese deste disco vir a ter umas vendas inferiores ao anterior?
Resp. – Pode se vender a mesma coisa e não ser um estouro. Acho que não vai ser nenhum estouro, mas não gosto de fazer previsões dessas.
Perg. – Não achas que este tempo todo que estiveste ausente, talvez tenha sido demasiado, e as pessoas tenham esquecido o Mário Mata?
Resp. – As pessoas não estão esquecidas e este espaço de tempo é preciso.
Perg. – Porquê?
Resp. – Eu acho que subi demasiado depressa, e agora quero entrar numa calma, subir aos poucos, e para isso as pessoas têm de estar preparadas. Acho que é preciso dar o espaço de pelo menos um ano para a música que quero fazer. Também quero mostrar às pessoas que o Mário Mata não é só o “Não Há Nada P’ra Ninguém”. Sou muito da opinião de se deixar o espaço de um ano, e acho que é o intervalo ideal.
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06/12/14

Entrevista... Mário Mata

Primeira parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog ao Mário Mata, no início dos anos 80.

Mário Mata é um músico que somente há ano e meio é que começou a ser badalado cá no burgo. Apesar de ser pouco tempo, a sua importância já é grande e as músicas que toca são, na sua maioria, de grande qualidade. Antes da edição do seu primeiro LP “Não Há Nada P’ra Ninguém”, alguns de nós talvez já o conhecêssemos de o vermos a tocar nas esquinas das ruas ou no metropolitano, a pedir uma esmola para poder arranjar dinheiro para comer, para sobreviver. Actualmente encontra-se a preparar outro LP. Daí o justificar-se a entrevista.
Perg. – Antes de editares o “Não Há Nada P’ra Ninguém”, a tua experiência musical era tocares em bares ou na rua. Qual dos dois te dá mais prazer?
Resp. – Depende. Tocar nas ruas para mim representou uma época, como tocar nos bares representa outra. São coisas completamente diferentes. Acho que há dois pólos: há o tocar num palco num sítio em que não se gosta e depois há o vir para a rua convencer as pessoas. É melhor vir para a rua do que tocar num sítio que não se goste.
Perg. – Quando tocas na rua, as pessoas dão-te uma certa quantia em dinheiro, de livre vontade. Qual o que para ti tem mais significado: o que te é dado na rua por quem passa, ou o que te dá, por exemplo a TV, para ires lá gravar um programa?
Resp. – Acho que é um bocado difícil responder a isso. Por vezes, quando eu vinha para a rua, era para arranjar dinheiro para comer, cantava para sobreviver, mas havia outras alturas em que me apetecia vir desabafar com as pessoas. Acho que quando a TV quer que uma pessoa vá lá cantar tem que pagar, enquanto na rua as pessoas dão o que querem e de livre vontade. É capaz de ser mais importante o dinheiro que as pessoas dão na rua.
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10/11/14

Recortes... Nós Alive

Cartaz da edição do Festival Optimus Alive de 2014, data a partir da qual passou a chamar-se Nos Alive, por motivos de patrocínios.

26/10/14

Scott Walker and Sunn O)))... Soused

Editado pela conceituada 4AD, Scott Walker com a colaboração do duo Sunn O))), traz-nos este magnífico "Soused", um disco que tem tanto de estranho como de belo.
A sua voz de barítono, aliada à sonoridade proporcionada por Greg Anderson e Stephen O'Malley do duo Sunn O))), que por sua vez se aliam ao guitarrista Tos Nieuwenhizen, e ainda ao teclista Peter Walsh, que normalmente acompanha Walker, criam uma atmosfera musical quase indescritível, pesada e densa.
Se existem discos nos quais a base instrumental é importante pelo ritmo criado, neste "Soused" essa base funciona como um complemento à voz de Walker, que ao narrar mais do que cantar, funciona como um complemento a uma estrutura musical completamente ausente de ritmo, mas repleta de sonoridades e pequenos pormenores, que abrilhantam um música complexa e de uma audição que não é propriamente fácil.
Uma panóplia de sons, ruídos, guitarras distorcidas com uma sonoridade metálica, uma bateria que irrompe de vez em quando sem ser na sua forma tradicional, um sino, um grito aqui e ali, teclas que surgem esporadicamente, sintetizadores, tudo de forma caótica mas em simbiose perfeita com a voz de Walker, que quando começamos a escutar soa estranha, mas apesar disso prende-nos, e este é um daqueles trabalhos que começamos a ouvir e muito dificilmente conseguimos parar de o fazer até que o disco termine, e quando isso acontece, parece que o faz de forma abrupta.
A pergunta que pode ficar no ar é se será que termina mesmo de forma abrupta ou será que o prazer da audição nos faz pensar assim?

01 - Brando
02 - Herod 2014
03 - Bull
04 - Fetish
05 - Lullaby

Nota - 8.5 / 10

23/10/14

Ao vivo... Conor Oberst

Data - 22 de Agosto de 2014
Local - Praia do Taboão - Paredes de Coura
Notas - "Não sei como, já toquei 50 vezes em todo os países da Europa e nunca cá tinha vindo". Estas foram algumas das palavras de Conor Oberst na sua estreia em Portugal.
Por incrível que pareça, este músico nascido em Omaha, nos Estados Unidos no dia 15 de Fevereiro de 1980, é detentor de uma discografia imensa nos vários projectos em que participa, ou participou.
Commander Venus, Desaparecidos, Monsters of Folk, Park Ave., The Faint e, ainda os Bright Eyes formados em 1995 e que lançaram o seu primeiro disco "Letting Off The Happiness" em 1998.
Desde então, a carreira de Oberst incidiu, basicamente, nos Bright Eyes, editando uma dúzia de discos, tendo praticamente todos eles obtido boa aceitação por parte do público americano e europeu, exceptuando Portugal, e talvez tenha sido esse o motivo para nunca terem passado por cá.
Finalmente este ano, ao fim de muitos anos de carreira, Conor Oberst passou por Paredes de Coura. Fazendo-se acompanhar pelos Dawes, banda que momentos antes tinha actuado em nome próprio no palco secundário, Oberst esforçou-se e deu um bom concerto para uma escassa plateia, que não conseguiu empolgar, apesar da empatia criada entre o ele e o público.
Foi pena, e foi com notória melancolia que Conor Oberst se despediu da banda que o acompanhou neste concerto pois, segundo disse, este seria o último com os Dawes nesta tournée, pois o grupo liderado por Taylor Godsmith regressaria à Califórnia no dia seguinte; Oberst afirmou que "é como ficar sem o braço direito e o esquerdo ao mesmo tempo".
No final do concerto, ao despedir-se do público, o músico de Omaha que editou este ano o excelente disco "Upside Down Mountain" garantiu querer "voltar muito em breve".
Espera-se que sim e que, desta vez, consiga ter o público rendido, pois é um músico de grande nível.

19/10/14

Perfume Genius... Too Bright

"Too Bright" é o terceiro disco de Perfume Genius (Mike Hadreas), e de certo modo marca uma ruptura com os trabalhos editados anteriormente.
Se em "Learning" (2010) e "Put Your Back N2 (2012), a sua música era extremamente fechada, virada para dentro e centrada em si mesmo, com uma estrutura intima, belíssima, assente em voz e piano, neste disco isso não é tão evidente, apesar de estarmos, novamente, perante uma obra introspectiva.
Se em "I Decline", "Too Bright, ou mesmo "All Along", ainda são notórias algumas semelhanças com os discos anteriores apesar de alguns pormenores de orquestra, nos restantes temas isso não acontece, recorrendo Hadreas a diversas experiências sonoras, como por exemplo em "Grid", "My Body", ou  ainda em "I'm a Mother", onde, através de devaneios vocais, são evidentes as influências que este jovem músico tem, de uma das divas da música independente avant-garde, Diamanda Galás.
Com piano, sintetizadores, voz e orquestra, e com a colaboração do Portishead Adrian Utley e ainda de John Parish, colaborador habituar de PJ Harvey, Perfume Genius apresenta-nos um disco de grande nível, menos intimo, com música menos calma do que aquela a que nos habituou, mas, apesar disso, toda a sua ternura e sensualidade musical estão lá, tanto em temas como "Queen" ou "Fool" com partes musicais a "dois tempos", ou ainda "Longpig" e "My Body" à base de sintetizadores e experiências sonoras, não podendo, de modo algum, ficarmos alheios à beleza de "Don't Le Them In" com uma harpa verdadeiramente deliciosa, ou  "All Along", o fabuloso tema que encerra aquele que será, seguramente, um dos melhores discos deste ano.

01 - I Decline
02 - Queen
03 - Fool
04 - No Good
05 - My Body
06 - Don't Let Them In
07 - Grid
08 - Longpig
09 - I'm a Mothger
10 - Too Bright
11 - All Along

Nota - 9/10

16/10/14

Ao vivo... bEEdEEgEE

Data - 15 de Outubro de 2014
Local - Galeria Zé dos Bois
Notas - Somente cerca de 40 pessoas marcaram presença na noite de ontem, na Galeria Zé dos Bois, para assistir ao concerto de bEEdEEgEE (Brian DeGraw), membro dos Gang Gang Dance. DeGraw proporcionou um concerto de pouco mais de uma hora e, sendo certo que não desiludiu, também se pode afirmar que não conseguiu empolgar uma plateia bastante despida e algo fria. Apesar da sua música ser propícia à dança, e apesar de ser expectável que o aquário se pudesse transformar numa pista de dança, isso não aconteceu, e nem o som de excelente nível conseguiu vencer a apatia de muitos dos presentes. Não sendo um mau concerto, esteve muito longe de ser excelente, ficando a vontade de descobrir mais da obra deste músico que editou no ano passado, para a conceituada 4AD, o trabalho "Sum/One".
Na primeira parte actuou Jejuno (Sara Rafael), com um estilo musical electrónico, minimalista e com laivos de psicadelismo caótico. Apesar de ter estado em palco cerca de 40 minutos, acabou por se tornar cansativo.

19/09/14

Ao vivo... Rashad Becker

Data - 18 de Setembro de 2014
Local - Galeria Zé dos Bois
Notas - Rashad Becker, um dos melhores produtores de música electrónica da actualidade, apresentou-se a solo no novo espaço da Galeria Zé dos Bois.
A pequena sala, acolhedora mas um pouco quente, encheu para ouvir as experiências sonoras de Becker, os devaneios electrónicos musicais, aparentemente desconexos, que funcionaram como a banda-sonora de uma noite intensa e densa. Música estranha e sonoridades estranhas, num concerto que durou perto de uma hora, o tempo suficiente, devido à sua complexidade.
Pegando um pouco numa frase que apareceu projectada durante a actuação do português Ondness, que tocou na primeira parte, durante esta noite pudemos ouvir na ZdB aquele tipo de música que qualquer pessoa pode fazer, mas que para a possamos entender, é necessário ter a mente e os ouvidos abertos a novas experiências e sonoridades.

02/09/14

Pulseira... Festival Vilar de Mouros

Pulseira da edição de 2014 do Festival Vilar de Mouros.

20/07/14

James - La Petite Mort


Formados em 1982 em Manchester, os James lançaram o primeiro disco, "Slutter", em 1986. Trinta e dois anos após a sua formação e vinte e oito após o primeiro disco, o grupo liderado pelo carismático Tim Booth continua em excelente forma e, por incrível que pareça, a surpreender.
"La Petite Mort", é um disco simultaneamente estranho e delicioso. Escrito após a morte da mãe de Tim Booth e do seu melhor amigo é surpreendente que Booth não tenha caído na tentação de nos apresentar um disco melancólico e introspectivo, como por exemplo os Coldplay fizeram com o seu mais recente "Ghost Stories". Enquanto Chris Martin se fechou no seu mundo, interiorizando todas as mágoas inerentes a uma separação, Tim Booth optou por nos apresentar e mostrar a sua capacidade de olhar mais longe, não ficando refém de situações negativas, e é aí que reside a grande virtude deste disco, o de olhar mais longe, o não ficar preso no tempo presente, o poder ser um disco de expiação do mau-estar actual, ser um disco repleto do desejo, da certeza que, no horizonte, a curto ou médio prazo, melhores dias virão.
Se o nome do disco é um eufemismo referente ao momento pós-orgásmico, através de uma expressão tipicamente francesa que reflecte esse momento, a capa do disco apresenta uma pintura referente à tradição mexicana, do "Dia de Los Muertos", sendo evidentes as cores fortes, a beleza e ofertas tradicionais, como que querendo dizer com todo este processo, desde o nome do disco à sua capa, que, após a concepção e após a passagem pela vida que, de forma natural, culminará com a morte, há algo mais, e que no "Dia de Los Muertos" podemos celebrar sem mágoas, não em tom de júbilo mas com um olhar no horizonte, olhando o futuro, e isso é salutar… é bom e faz-nos sentir bem, como também nos faz sentir muito bem o facto de, passados tantos e tantos anos, continuarmos a ter um prazer imenso em ouvir um disco de uma banda como os James, que ao fim de trinta e dois anos continuam com a capacidade de nos surpreender, e ainda por cima com um dos melhores discos da sua já longa carreira.
Neste "La Petite Mort", Tim Booth na voz, Jim Glennie no baixo, Larry Gott na guitarra, Saul Davies na guitarra e violino, Mark Hunter nas teclas, David Baynton-Power na bateria e Andy Diagram no trompete, apresentam-nos um conjunto de dez canções soberbas, escritas entre Manchester, Atenas, Escócia e Lisboa, um conjunto de canções através das quais celebram o percurso da vida e, ao ouvi-lo da primeira à última música, isso está lá tudo, conseguimos senti-lo de forma indelével, desde o prazer da concepção e do nascer em "Walk Like You", ao percurso de uma vida feliz retratado em temas como "Curse Curse" ou "Interrogation", passando por "Moving On", tema lindíssimo, forte e intenso, dedicado à sua mãe, e culminando com os chamados momentos menos bons que a vida tem, a morte retratada em "Bitter Virtue, ou "Quicken The Dead", ou ainda o belíssimo tema "All I'm Saying", em que, no final da música e a terminar o disco, ouvimos "I'm missing you and all the worlds you opened up to view. I love you. See you next time".
Produzido por Max Dingel, que também já produziu os Muse, White Lies ou os The Killers, este é um disco obrigatório e um dos candidatos ao melhor disco do corrente ano.

01 - Walk Like You
02 - Curse Curse
03 - Moving On
04 - Gone Baby Gone
05 - Frozen Britain
06 - Interrogation
07 - Bitter Virtue
08 - All in My Mind
09 - Quicken The Dead
10 - All I'm Saying

Nota - 9/10

14/07/14

Ao Vivo... Festival Optimus Alive 2014

Data - 11 de Julho de 2014
Local - Passeio Marítimo de Algés
Notas - Segundo dia da edição de 2014 do Festival Optimus Alive. Como era previsível, este dia teve muito menos público do que o anterior, e à hora que os The Last International entraram em palco, ainda sob o intenso sol de final de tarde e do calor abrasador se faziam sentir, o aspecto era próximo de desolador. Pouco público e, para além disso, mais preocupado em colocar a conversa em dia e tirar umas selfies. Um público apático, e nem a interacção do grupo, do qual qual fazem parte dois descendentes lusos, nem o incentivo ao protesto ao som de uma "Grândola, Vila Morena" cantada a Cappella e da declaração do guitarrista  Edgey Pires "vamos protestar, fazer barulho contra esse Passos Coelho", foram suficientes para empolgar os espectadores. No entanto, ficou a ideia que numa sala mais pequena, a música do grupo deve resultar, agora num espaço de grande dimensão e inserido num festival isso não acontece, tendo sido visível o crescendo do desinteresse do público.
Depois do inconsequente concerto dos The Last Internationale, num dos outros palcos actuava um dos grupos mais aguardados do dia, os norte-americanos Parquet Courts que apresentaram alguns temas de "Light Up Gold" de 2012 e "Sunbathing Animal" de 2014, os dois únicos discos editados pelo grupo e que foram muito bem recebidos pela crítica. Apesar dessa boa receptividade, foi evidente o desconhecimento de muitos dos espectadores em relação à música de Andrew Savage, Austin Brown, Max Savage e Sean Yeaton.
Exceptuando os riffs de guitarra, fortes e bem executados, o grupo que momentaneamente nos trouxe à memória o som dos "Pavement", por exemplo, não conseguiu cativar o público, sendo este um dos contras dos festivais, ou seja, o facto de, quem organiza, ter um pouco a exagerada preocupação de anunciar que num determinado evento estão presentes mais de 100 ou 150 bandas, essa obsessão torna-se improcedente e origina que, por vezes, bons grupos que poderão proporcionar excelentes concertos, acabem por se perder num emaranhado de bandas, e muitas vezes acontece que quem está a assistir a determinado concerto, não conhece uma única música desse grupo e, das duas uma: ou o grupo tem a força de os poder, digamos, converter, ou o desinteresse acaba por sobressair, e foi exactamente isso que aconteceu por parte dos espectadores, e quem está em palco apercebe-se disso.
Apesar destes condicionantes, foi um bom concerto, competente, e ficou a ideia que numa sala de média dimensão, por exemplo Espaço TMN ou Aula Magna, teria sido fabuloso. Resta aguardar.
Depois da actuação dos Parquet Courts, era tempo de rumar até ao palco principal, onde já estavam a actuar os também norte-americanos MGMT, detentores de dois excelentes discos "Oracular Spectacular" de 2008 e "Congratulations" de 2010, e ainda do menos conseguido "MGMT" de 2013. Apesar de terem mais público do que os seus conterrâneos Parquet Courts, também oriundos da cidade de Brooklyn, os MGMT não conseguiram agarrar o público, mesmo com um alinhamento em jeito Best Of que percorreu a obra do grupo. Apesar disso, o desinteresse do público foi crescendo e, para o final, era evidente que muita gente estava lá para ver os senhores que se seguiam: The Black Keys.
Juntos há treze anos, Dan Auerbach e Patrick Carney não desiludiram. Para quem os viu há algum tempo no Pavilhão Atlântico, este concerto ficou aquém das expectativas; para quem nunca os tinha visto, como é o caso, foi muito bom.
Enquanto Carney demonstra ser um baterista de excelente nível, Auerbach mostra-se com um dos melhores guitarristas rock da actualidade, com nítidas influências de Jimmy Page. Escusado será dizer que o alinhamento do concerto percorreu grande parte da obra do duo, incidindo principalmente no "El Camino" de 2011, e será sintomático o facto que só perto de metade do concerto, tenham sido tocados temas do novo disco editado este ano "Turn Blue", cujo sucesso ficou longe do esperado.
De forma inteligente, o duo soube escolher a sequência perfeita para as músicas, de modo a não existirem quebras de reacção por parte do público, nem as normais debandadas em festivais depois de se ouvirem as músicas mais conhecidas. Essa foi a razão para, por exemplo, "Lonely Boy", ter sido tocada perto do final, a anteceder o encore, que surgiu um pouco por surgir, já que após este tema ocorreu a tal debandada.
Sem serem os vencedores da noite, os cabeça de cartaz The Black Keys, num dia com muito menos público do que o anterior, deram um excelente concerto e o único ponto negativo que se pode apresentar ao duo, foram as pausas demasiado longas entre algumas canções que, como é natural, provocaram quebras de ritmo junto do público, naturalmente cansado.
Se os The Last Internationale foram inconsequentes, os Parquet Courts competentes mas o público algo absorto, os MGMT sem nada de empolgante, os The Black Keys com quebras de ritmo, os Buraka Som Sistema podem ser considerados como os vencedores da noite.
Durante mais de uma hora, perante uma plateia algo despida após The Black Keys, o projecto de Blaya, Conductor e Kalaf conseguiu empolgar o público, com grande ritmo do primeiro ao último momento, fazendo com que o Passeio Marítimo de Algés se tornasse numa gigante pista de dança, apesar do cansaço, e aconteceu o "dois em um". Se por um lado, em palco, estava um grupo disposto a proporcionar uma excelente noite com alguns clássicos da banda intervalados com temas do mais recente disco, nem o facto de o volume estar um pouco mais baixo do que era aconselhado impediu que a comunidade africana dançasse daquele modo que só eles sabem e isso foi outro espectáculo dentro do próprio concerto, criando-se espaços em que as pessoas dançavam, brincavam e eram felizes, ao som dos Buraka Som Sistema. Grande concerto.

26/06/14

Entrevista... Dina

Quarta parte de uma entrevista feita à Dina, no dia 24 de Janeiro de 1981 e publicada no "Som 80", suplemento semanal do Jornal "Portugal Hoje"

Perg. – Este ano, também concorreste ao festival da canção?
Resp. – Sim, concorri, mas o júri não gostou da minha música, mas ele também está no seu direito, embora eu pense que a canção era muito gira e sobretudo universal. Era o tema “Há Sempre Música Entre Nós”.
Perg. – O ano de 1980 foi importante na tua carreira. Foste considerada a revelação do festival da canção, revelação do ano e o teu single foi considerado um dos melhores do ano. Esperavas obter estes prémios?
Resp. – Foram os primeiros que recebi e como tal, não estava à espera.
Perg. – As músicas que nos tens apresentado ao longo da tua carreira, são muito diferentes de single para single. Por exemplo, o “Pássaro Doido” é totalmente diferente do “Guardado Em Mim”. Com qual dos estilos apresentados é que te identificas mais?
Resp. – Com os dois. Identifico-me com qualquer música feita por mim.
Perg. – Achas difícil fazer-se música em Portugal?
Resp. – Fazer, não. O difícil é viver da música.
Perg. – Será que é possível viver em Portugal somente à custa da música?
Resp. – Como disse, não é uma vida cheia de tudo a nível material, mas consegue-se. Eu vivo da música, para a música e na música.
Perg. – Através dos teus temas tentas dar alguma mensagem às pessoas, ou o mais importante é a música?
Resp. – É claro que tento dar uma mensagem. Não será uma mensagem que obrigue as pessoas a pensar, mas sim uma mensagem que os faça sentir vivos, vibrando comigo musicalmente, falando a língua deles, numa linguagem não complicada.
Perg. – Quais as tuas influências?
Resp. – Ouvi muito Creedence Clearwater Revival, Janis joplin, Carol King, Ottis Reding, Carly Simon, Beatles e muitos outros, mas estes foram os principais. Portanto talvez seja uma mistura muito mal feita ou sem jeito, de todos.
Perg. – Achas que o estilo de música que cantas conseguirá sobreviver face ao rock Português, isto é, achas que as pessoas se virão a interessar pelo rock, de tal maneira que não prestem atenção aos restantes estilos musicais?
Resp. – Não. Os gostos musicais são muitos e eu canto mais ou menos os dois, no fundo um rock numa toada mais soft.
Perg. – O que achas da lei que saiu recentemente e que obriga a rádio a passar 50% de música Portuguesa?
Resp. – Apoio essa lei. Nós somos autores Portugueses e temos esse direito. É uma lei que só vai beneficiar a nossa cultura musical.
Perg. – Projectos para o futuro?
Resp. – Vou gravar um LP para sair no fim do verão, e fazer espectáculos com os Sarabanda. Estamos a montar um espectáculo em que a certa altura estamos os três em palco. Vai ser uma experiência muito importante.

FIM

25/06/14

Entrevista... Dina

Terceira parte de uma entrevista feita à Dina, no dia 24 de Janeiro de 1981 e publicada no "Som 80", suplemento semanal do Jornal "Portugal Hoje"

Perg. – Achas que o estilo de música que cantas conseguirá sobreviver face ao rock Português, isto é, achas que as pessoas se virão a interessar pelo rock, de tal maneira que não prestem atenção aos restantes estilos musicais?
Resp. – Não. Os gostos musicais são muitos e eu canto mais ou menos os dois, no fundo um rock numa toada mais soft.
Perg. – O que achas da lei que saiu recentemente e que obriga a rádio a passar 50% de música Portuguesa?
Resp. – Apoio essa lei. Nós somos autores Portugueses e temos esse direito. É uma lei que só vai beneficiar a nossa cultura musical.
Perg. – Projectos para o futuro?
Resp. – Vou gravar um LP para sair no fim do verão, e fazer espectáculos com os Sarabanda. Estamos a montar um espectáculo em que a certa altura estamos os três em palco. Vai ser uma experiência muito importante. que não fosse apurada para o festival, mas o verdadeiro lançamento foi mesmo o festival.
Perg. – Achas que foram positivos os resultados obtidos com o teu single “Guardado Em Mim”?
Resp. – Claro. As duas faces do single foram bem conseguidas. Apesar de não ter havido uma venda espantosa, o disco vendeu-se bem.
Perg. – Há tempos disseste que era difícil atingir o mercado internacional cantando em Português. Porquê essa afirmação?
Resp. – Claro que é difícil atingir esse mercado a cantar em Português, mas como estão a aparecer novos valores na nossa música e as editoras estão a ter um campo de maior abertura, penso que já será possível atingir esse mercado, mas só cantando em Inglês.
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24/06/14

Entrevista... Dina

Segunda parte de uma entrevista feita à Dina, no dia 24 de Janeiro de 1981 e publicada no "Som 80", suplemento semanal do Jornal "Portugal Hoje"

Perg. – O ano de 1980 foi importante na tua carreira. Foste considerada a revelação do festival da canção, revelação do ano e o teu single foi considerado um dos melhores do ano. Esperavas obter estes prémios?
Resp. – Foram os primeiros que recebi e como tal, não estava à espera.
Perg. – As músicas que nos tens apresentado ao longo da tua carreira, são muito diferentes de single para single. Por exemplo, o “Pássaro Doido” é totalmente diferente do “Guardado Em Mim”. Com qual dos estilos apresentados é que te identificas mais?
Resp. – Com os dois. Identifico-me com qualquer música feita por mim.
Perg. – Achas difícil fazer-se música em Portugal?Resp. – Fazer, não. O difícil é viver da música.
Perg. – Será que é possível viver em Portugal somente à custa da música?Resp. – Como disse, não é uma vida cheia de tudo a nível material, mas consegue-se. Eu vivo da música, para a música e na música.
Perg. – Através dos teus temas tentas dar alguma mensagem às pessoas, ou o mais importante é a música?
Resp. – É claro que tento dar uma mensagem. Não será uma mensagem que obrigue as pessoas a pensar, mas sim uma mensagem que os faça sentir vivos, vibrando comigo musicalmente, falando a língua deles, numa linguagem não complicada.
Perg. – Quais as tuas influências?
Resp. – Ouvi muito Creedence Clearwater Revival, Janis joplin, Carol King, Ottis Reding, Carly Simon, Beatles e muitos outros, mas estes foram os principais. Portanto talvez seja uma mistura muito mal feita ou sem jeito, de todos.
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23/06/14

Entrevista ... Dina

Primeira parte de uma entrevista feita à Dina, no dia 24 de Janeiro de 1981 e publicada no "Som 80", suplemento semanal do Jornal "Portugal Hoje"

Até Março de 1980 ainda ninguém tinha ouvido falar dela. Nesse mês, aparece no festival da canção interpretar o tema “Guardado Em Mim”, interpretação que lhe valeu o prémio de revelação do festival. Ainda durante o ano de 1980 editou o single “Pássaro Doido”, considerado por muita da crítica da altura como um dos melhores singles da música Portuguesa desse ano. Este seu enorme e rápido sucesso, foi um dos motivos que me levou a entrevistar Dina.
Perg. – Como é que seu a tua entrada no mundo discográfico?
Resp. – Foi através do festival. A Polygram - principalmente o Tozé Brito – mostrou-se interessada em fazer um trabalho comigo, mesmo que não fosse apurada para o festival, mas o verdadeiro lançamento foi mesmo o festival.
Perg. – Achas que foram positivos os resultados obtidos com o teu single “Guardado Em Mim”
Resp. – Claro. As duas faces do single foram bem conseguidas. Apesar de não ter havido uma venda espantosa, o disco vendeu-se bem.
Perg. – Há tempos disseste que era difícil atingir o mercado internacional cantando em Português. Porquê essa afirmação?
Resp. – Claro que é difícil atingir esse mercado a cantar em Português, mas como estão a aparecer novos valores na nossa música e as editoras estão a ter um campo de maior abertura, penso que já será possível atingir esse mercado, mas só cantando em Inglês.
Perg. – Este ano, também concorreste ao festival da canção?
Resp. – Sim, concorri, mas o júri não gostou da minha música, mas ele também está no seu direito, embora eu pense que a canção era muito gira e sobretudo universal. Era o tema “Há Sempre Música Entre Nós”.
Perg. – O ano de 1980 foi importante na tua carreira. Foste considerada a revelação do festival da canção, revelação do ano e o teu single foi considerado um dos melhores do ano. Esperavas obter estes prémios?
Resp. – Foram os primeiros que recebi e como tal, não estava à espera.
Perg. – As músicas que nos tens apresentado ao longo da tua carreira, são muito diferentes de single para single. Por exemplo, o “Pássaro Doido” é totalmente diferente do “Guardado Em Mim”. Com qual dos estilos apresentados é que te identificas mais?
Resp. – Com os dois. Identifico-me com qualquer música feita por mim.
Perg. – Achas difícil fazer-se música em Portugal?
Resp. – Fazer, não. O difícil é viver da música.
Perg. – Será que é possível viver em Portugal somente à custa da música?
Resp. – Como disse, não é uma vida cheia de tudo a nível material, mas consegue-se. Eu vivo da música, para a música e na música.
Perg. – Através dos teus temas tentas dar alguma mensagem às pessoas, ou o mais importante é a música?
Resp. – É claro que tento dar uma mensagem. Não será uma mensagem que obrigue as pessoas a pensar, mas sim uma mensagem que os faça sentir vivos, vibrando comigo musicalmente, falando a língua deles, numa linguagem não complicada.
Perg. – Quais as tuas influências?
Resp. – Ouvi muito Creedence Clearwater Revival, Janis joplin, Carol King, Ottis Reding, Carly Simon, Beatles e muitos outros, mas estes foram os principais. Portanto talvez seja uma mistura muito mal feita ou sem jeito, de todos.
Perg. – Achas que o estilo de música que cantas conseguirá sobreviver face ao rock Português, isto é, achas que as pessoas se virão a interessar pelo rock, de tal maneira que não prestem atenção aos restantes estilos musicais?
Resp. – Não. Os gostos musicais são muitos e eu canto mais ou menos os dois, no fundo um rock numa toada mais soft.
Perg. – O que achas da lei que saiu recentemente e que obriga a rádio a passar 50% de música Portuguesa?
Resp. – Apoio essa lei. Nós somos autores Portugueses e temos esse direito. É uma lei que só vai beneficiar a nossa cultura musical.
Perg. – Projectos para o futuro?
Resp. – Vou gravar um LP para sair no fim do verão, e fazer espectáculos com os Sarabanda. Estamos a montar um espectáculo em que a certa altura estamos os três em palco. Vai ser uma experiência muito importante.
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03/06/14

Pulseira... Primavera Sound Barcelona

Cartão e pulseira de acesso ao recinto do Festival Primavera Sound 2014

18/05/14

Coldplay... Ghost Stories

Muito mal-amados ultimamente ao serem acusados por alguns fans de rendição ao mainstream, não será este o disco da reconciliação, mas é um disco, acima de tudo, bonito, com nove agradáveis canções que acabam por ser uma boa surpresa, pois os Coldplay conseguem criar, na perfeição, um ambiente intimista sem que a identidade do grupo se perca.
"Ghost Stories", no seu conjunto, está longe daquilo que Chris Martin, Jon Buckland, Guy Berryman e Will Champion nos habituaram desde o início da carreira do grupo, Londres 1998.
Neste sexto trabalho de originais, surgem com uma sonoridade cada vez mais próxima do pop (onde sempre estiveram), e mais longe do rock (onde muita gente gostaria que tivessem permanecido), e apresentam um trabalho, acima de tudo, coeso, o que é também uma característica do grupo.
Logo a abrir o disco surge "Always on My Head", talvez pelo reflexo do recente divórcio de Martin, e não é por acaso que ao ouvirmos todas as canções que o compõem, ficamos com a sensação de alguém que estava angustiado e melancólico quando as criou, e isso é algo que se sente, e é aí, nessa capacidade de fazer sentir, que reside o virtuosismo do grupo, o ser capaz de transportar para quem o ouve, o estado de espírito de quem o compôs e tocou.
À excepção de "A Sky Full Of Stars", todo o disco é suave, terno e melancólico. Se este tema está mais vocacionado para as pistas de dança (graças à colaboração do DJ Avicii), os restantes criam o ambiente intimista já referido e a também já referida identidade do grupo mantém-se: o piano de Martin está lá, do princípio ao final do disco, as características guitarras também lá estão - ouça-se "Magic", "Another's Arms" ou "True Love", por exemplo, e, mesmo em Midnight, tema repleto de influências de Bon Iver (até vocalmente), o som inconfundível da banda permanece isso mesmo, inconfundível.
Finalmente e para o grupo não perder a sua característica de dar sempre a todos os seus discos um tom algo conceptual, o tema que encerra este disco é "O". Um nome enigmático para um tema ambíguo e extremamente intimista, à base de um piano que parece terminar a meio da canção, mas eis que nessa altura surge a voz de Martin, quase à capela, proporcionando um dos mais belos momentos do disco, o epílogo perfeito para um trabalho muito aguardado que, sem deslumbrar também não desilude, e do qual se aprende a gostar.
Relativamente à previsível digressão, fica a ideia que não serão estas as canções que irão fazer parte ou servir de base ao alinhamento dos concertos - algumas farão, seguramente - mas os Coldplay já atingiram o estatuto de banda de estádio ou espaços de grande dimensão e não me parece que estes temas possam funcionar nessas condições. Para além disso, quer queiramos quer não, os Coldplay de "Parachutes" (2000), de "A Rush of Blood To The Head" (2002) ou de X & Y (2005), continuam a ser mais fortes e impossíveis de apagar da memória, principalmente nos espectáculos ao vivo.
Ficamos a aguardar pela digressão, e até lá resta-nos ir degustando este "Ghost Stories".

01 - Always in My Head
02 - Magic
03 - Ink
04 - True Love
05 - Midnight
06 - Another's Arms
07 - Oceans
08 - A Sky Fulk of Stars
09 - O

Nota - 7.5 / 10

22/04/14

Ao vivo... Festival Optimus Primavera Sound


 
Pulseira e cartão de acesso ao recinto do Optimus Primavera Sound 2012, no Parque da Cidade - Porto.

17/03/14

Setlist... Rolling Stones

Quando se fala do regresso a Portugal dos Rolling Stones, recupero a setlist do concerto que deram no Porto no dia 12 de Agosto de 2006, no Estádio do Dragão.

01 - Jumpin' Jack Flash
02 - It's Only Rock 'n' Roll (But I Like It)
03 - Oh No, Not You Again
04 - Let's Spend The Night Together
05 - Ruby Tuesday
06 - Streets of Love
07 - Tumbling Dice
08 - Midnight Rambler
09 - Night Time Is The Right Time
10 - Slipping Away
11 - Before They Make Me Run
12 - Miss You
13 - Rough Justice
14 - She's So Cold
15 - Honky Tonky Women
16 - Sympathy For The Devil
17 - Start Me Up
18 - Brown Sugar

Encore

19 - You Can't Always Get What You Want
20 - (I Can't Get No) Satisfaction

14/03/14

Setlist... Rolling Stones

Setlist do concerto que deram no dia 27 de Setembro de 2003, no Estádio Cidade de Coimbra.

01 - Brown Sugar
02 - Start Me Up
03 - You Got Me Rocking
04 - Don't Stop
05 - Angie
06 - You Can't Alway Get What You Want
07 - Miss You
08 - Tumbling Dice
09 - Slipping Away
10 - Happy
11 - Sumpathy For The Devil
12 - It's Only Rock 'n' Roll (But I Like It)
13 - Like a Rolling Stone
14 - Street Fighting Man
15 - Gimme Shelter
16 - Paint It Black
17 - Honky Tonky Women
18 - (I Can't Get No) Satisfaction

Encore

19 - Jumpin Jack Flash

20/01/14

Setlist... James Blake

Setlist do concerto de James Blake no Festival Primavera Sound, Barcelona, 2013.

01 - Air & Lack Thereof
02 - I Never Learnt to Share
03 - CMYK
04 - I Am Sold
05 - Our Love Comes Back
06 - Digital Lion
07 - Unluck
08 - Limit To Your Love
09 - To The Last
10 - Klavierwerke
11 - Overgrown
12 - Voyeur
13 - Retrogade