07/08/08

Entrevista... Jorge Palma

Terceira parte de uma entrevista ao Jorge Palma, após a edição do seu disco "Qualquer Coisa Pá Música", em 1979.

Perg. – Ao analisar as letras deste teu mais recente trabalho “Qualquer Coisa Pá Música”, verifica-se que a maioria delas falam do dia-a-dia das pessoas, principalmente da cidade. Porquê?
Resp. – Porque a maior parte do tempo que tenho é passado na cidade. Uma pessoa tem de ter o sentimento que o determina. Quando vivemos numa cidade, fazemos parte dela e como tal é uma influência natural. As músicas que fiz, ou que vier a fazer no campo, serão músicas mais leves, vão falar de pássaros e flores, enquanto que as da cidade são sempre mais pesadas, mais esquizofrénicas.
Perg. – Há pouco falaste que gostavas de fazer coisas para crianças. Já alguma vez fizeste um programa destinado a esse tipo de público?
Resp. – Já. O Júlio Isidoro convidou-me para fazer uma música sobre castanhas, para o programa “Arte & Manhas”, mas o programa foi adiado e nunca chegou a ser gravado. Recentemente foi gravado um disco com as músicas dessa série e eu canto essa música. Perg. - O que sentes ao gravar para crianças? Resp. – Sinto-me diferente.
Perg. – Achas que em Portugal é possível viver, somente, à custa da música?
Resp. – Eu já cá estou há nove meses e vou sobrevivendo. Não é nada fácil apesar de eu ter um bom acesso à televisão.
Perg. – Sentes-te influenciado por alguém em especial?
Resp. - Em especial, não. Sinto-me mais influenciado por aqueles que têm mais força, pelos que morrem sem ter atingido os seus objectivos, pelos que morrem no auge da sua força. Perg. – Como por eemplo Woodie Ghthrie? Resp. – Sim. São pessoas que toda a energia que fizeram na vida, depois de morrerem, multiplicou-se. Gosto muto do John Lennon, como compositor, como poeta.
Perg. – Quando actuas, o teu cachet é elevado?
Resp. – Depende. Há casos em que cobro cachet, outros casos não, pois se a pessoas que contrata puder pagar, é lógico que cobro; no entanto, se não puder pagar, eu não cobro esse cachet e actuo de borla, mas as entradas também têm de ser de borla.

FIM