Um exercício de estilo
Quando a música é um vício... um "veneno" salutar
"Toxicidade" - Tema dos GNR - Álbum "Rock In Rio Douro"
23/11/09
Alberta Cross... Broken Side Of Time
20/11/09
Penelopes... Priceless Concrete Echoes
16/11/09
Presets... Apocalypso
13/11/09
Choir Of Young Believers... This Is For The White...
09/11/09
Soulsavers... Broken
07/11/09
Roofwalkers - Roofwalkers
14/08/09
Entrevista... Fernando Correia Marques
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Perg. – Podes não te considerar um rocker, mas tens de ter algo a ver com o rock quando cantas temas como, por exemplo o “Hey mano”, ou mesmo o “Louco, amor louco”. Não concordas?
Resp. – A nível de rock considero-me um “revival”. Os anos 50 foram fundamentais para o rock, e o resto que se passou até agora são tentativas de se encontrar algo no caminho.
Perg. – O que achas do rock que se faz em Portugal?
Resp. – Em Portugal, infelizmente, o rock é muito mal tratado. Para além disto, existem empresários que são do pior que pode haver, em que exploram as bandas e os músicos até à medula, e todos nós sabemos que uma banda de rock não vive dos músicos que lá tocam. Eu, se tiver uma banda e os músicos não tiverem instrumentos, como é lógico, eles não podem tocar. Em Portugal os instrumentos musicais são considerados artigos de luxo e isso já é uma grande exploração que se faz às bandas musicais. É por isso que eu não acredito em muitos esquemas de rock que aprecem por aí ao nível da promoção empresarial. Isso é um roubo, infelizmente.
Perg. – Em termos de projectos para o futuro, o que é que tens em mente?
Resp. – Pretendo continuar a gravar, fazer um som porreiro e tentar experiências novas ao nível das letras e também tentar criar um estilo próprio.
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Nota – Entrevista feita para o jornal Musicalíssimo. Fernando Correia Marques gravou os primeiros discos com o nome de Fernando e foi nessa altura que esta entrevista foi feita. Os seus primeiros singles, eram num estilo rock n’ roll muito comercial (daí o ser acusado de oportunismo para vender). A partir de 1983 o seu estilo musical situa-se na chamada música popular portuguesa ligeira, muitas vezes denominada “música pimba”. Ainda hoje grava, sob o nome de Fernando Correia Marques. Obtém grande sucesso e dá imensos concertos pelas terras portuguesas e no estrangeiro, junto das comunidades de emigrantes.
FIM
13/08/09
Band Of Skulls - Baby Darling Doll Face Honey
12/08/09
Entrevista... Fernando Correia Marques
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Perg. – Musicalmente, como é que te defines?
Resp. – Defino-me como um músico que gosta de cantar aquilo que compõe. Se for rock é rock, se for balada é balada; desde que eu componha e goste, está tudo bem.
Perg. – Tu podes gostar, mas os críticos acusam-te de um aproveitamento para cantares aquele género musical que está a vender mais, para dessa forma ganhares dinheiro. Não concordas?
Resp. – Vou-te responder em duas alíneas. Em primeiro lugar os críticos em Portugal são indivíduos em que a maioria deles não percebe nada de música, vão ver um concerto e não estão a perceber nada daquilo. Os críticos em Portugal funcionam da maneira que a música lhes entra no ouvido, ou seja: se fica no ouvido gostam, se não fica não gostam. Quem faz isso não é crítico, pois eles devem analisar o esquema todo, a música toda, e depois então podem criticar. Eu, quando não percebo uma coisa, não a crítico. Quem critica tem de ouvir o concerto e não se limitar a dizer que gosta quando a batida é boa, ou que não gosta quando a batida é má. Acho muito bem que se critiquem certas bandas estrangeiras que vêm cá dar concertos e que são uma bela porcaria. O concerto que as Girl School deram, por exemplo, na minha opinião foi um insulto actuarem cá e cobrarem um balúrdio. Esse dinheiro podia ser para os grupos portugueses. Não é porém os portugueses a fazerem as primeiras partes desses concertos, em que o som que temos sai completamente “esburacado” e onde somos pagos miseravelmente. Salvo raras excepções, os críticos portugueses não percebem muito de música.
O segundo ponto, em relação a eu estar a aproveitar-me do rock para ganhar dinheiro, isso é um erro, pois o rock também já este na moda nos anos 60. Por outro lado, não tenho interesse nenhum em estar o nível do rock já que não sou um rocker, pois se fosse formava uma banda e ia para a estrada, pois um rocker faz-se na estrada, não é num estúdio. Fiz o “Hey Mano” porque curti muito. O rock não dá dinheiro e as bandas que vivem disso vêem-se com muitas dificuldades para sobreviver. Eu não sou um rocker, apenas canto aquilo que componho e posso acrescentar que ainda não ganhei muito dinheiro como músico, por isso não acho que esteja a existir um aproveitamento.
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11/08/09
Hoje - Amália Hoje
10/08/09
Entrevista... Fernando Correia Marques
Fernando (Correia Marques), começou a ser um nome conhecido no nosso meio artístico quando editou o seu segundo single, que incluía o tema “Hey Mano”, que obteve grande sucesso. O primeiro disco da sua carreira foi o single “Melodia Chá-lá-lá”, editado em 1980 e que passou despercebido. Recentemente foi posto à venda o single “Louro Amor Louco / Ninguém é Louco” que, segundo informações colhidas junto de um responsável da editora, está a vender-se bem.
De seguia, transcreve-se uma entrevista feita recentemente.
Perg. – Fernando, como esta entrevista se deve principalmente ao facto de teres editado recentemente mais um disco, o terceiro da tua carreira, gostava que falasses um pouco sobre esse teu novo trabalho.
Resp. – Uma das faces do single, “Louro Amor Louco”, é na mesma linha musical que o “Hey Mano”, embora não tão acelerada. Em “Louco Amor Louco” tento mostrar que todos nós temos um louco amor que é um amor louco; no tema “Ninguém é Louco” tento mostrar que de são e de louco todos temos um pouco. De facto, todos nós temos uma paranóia em que nos apetece fazer qualquer coisa; nas letras eu faço uma crítica social.
Perg. – Até que ponto essa crítica social pode ser importante?
Resp. – Quando digo, numa canção, “ninguém te engana, mas és enganado” ou “ninguém te crava, mas és cravado”, isso é verdade, critico aquilo que não gosto e isso vai obrigar-te a pensar, é algo real. Tudo o que canto tem um conteúdo que de facto é louco mas que tem uma parte sã. Inicialmente, nas letras das minhas canções, começo com uma parte sã e depois entro na parte louca que é para levar a pessoa a pensar naquilo que quero dizer.
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07/08/09
Entrevista... Rui Veloso
06/08/09
Entrevista... Rui Veloso
Perg. – Quais são as tuas principais influências?
Resp. – As minhas principais influências são de músicos blues, como por exemplo Eric Clapton, B. B. King e também de Mark Knopfler, isto como guitarristas; como voalistas gosto muito do Stevie Wonder e do Ray Charles. Acho que é difícil procurar influências, pois ouço imensas coisas.
Perg. – Achas que existe aquilo a que muita gente chama “Movimento Rock português”?
Resp. – Acho que não.
Perg. - Porquê?
Resp. – Porque isso não existe, esse movimento não existe. Existem músicos a tocar, mas não existe um movimento. Os músicos não se conhecem entre si, portanto, não pode haver movimento nenhum. O que se está a passar é que as editoras abriram as suas portas aos grupos.
Perg. – A partir da altura em que tu surgiste, começaram a aparecer uma série de grupos incentivados pelo êxito do teu LP. Consideras que foste o responsável pelo aparecimento desses grupos?
Resp. – Eu não fui a chave disso; a chave foi a venda do meu disco e do êxito que obtive. As editoras, a partir dessa altura começaram a exigir que os grupos cantassem em português, pois assim tinham mais sucesso.
Perg. – Afirmaste que as editoras abriram as suas portas aos grupos portugueses. Não te parece que, caso esses grupos fracassem, essas portas possam ser fechadas?
Resp. – Os grupos não vão dar prejuízo porque já existe um público. É natural que as vendas venham a estabilizar, mas há sempre quem compre. Há muitos grupos que já vendem bem como por exemplo, GNR, Salada de Frutas, UHF, Táxi e muitos mais; se esses grupos vendem bem é porque há mercado e, como tal, há público.
Perg. – Mas não achas que será tarde para aparecer um movimento desses?
Resp. – Não acho que seja tarde, e não sei porque razão é que as editoras só agora é que começaram a dar o apoio necessário. Há músicos, eles gravam e existem, e havendo músicos não quer dizer que eles estejam atrasados. Há uma data de factores a que se deve este atraso. Por exemplo, uma boa guitarra cá em Portugal é caríssima e além disso temos falta de aparelhagem, e existe também o problema do alto preço do material, pois esse tipo de material quando é importado, tem de pagar uma taxa de luxo que é muito elevada e isso põe os instrumentos a um preço exorbitante.
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05/08/09
Entrevista... Rui Veloso
Perg. – Com o êxito que obtiveste com o teu primeiro disco, criaste um certo compromisso para com as pessoas que o compraram e geralmente, quando um cantor aparece com um primeiro disco que se vende bem, esse cantor mais tarde ou mais cedo “morre”, quer dizer deixa de se falar nele. Será que isso é algo que te preocupa?
Resp. – Preocupa-me na medida em que eu preferia ganhar dinheiro à custa dos discos, porque não tenho grande vida para fazer espectáculos e é nesses espectáculos que se ganha dinheiro, embora eu não tenha ganho muito mas, se a coisa for bem feita, pode ganhar-se muito dinheiro. No meu caso, como ganhei mais ou menos bem com a venda de discos, preferia viver à custa dos discos, mas para isso é preciso manter um certo público que os compre, como é lógico. O “Ar de Rock” já é quase disco de ouro, e o single ultrapassou o disco de prata há muito tempo. É evidente que não acredito que o meu segundo LP vá vender tanto como o primeiro. Tenho a impressão que o grande número de vendas do “Ar de Rock”, deveu-se mais ao entusiasmo inicial e toda a gente o comprou porque não havia mais nada.
Perg. – Este teu próximo trabalho vai ser mais à base de blues, ao passo que no “Ar de Rock” apareceste numa onda um bocado diferente. Não achas que essa mudança de estilo pode vir a decepcionar alguns dos teus fans que compraram o primeiro disco?
Resp. – Acho que não. Não é a opinião de quem comprou o “Ar de Rock” que me vai forçar a mudar de estilo ou a continuar com o mesmo estilo e uma coisa que o público tem de respeitar é a criatividade. Portanto, não é o público que vai indicar a via que eu devo seguir e, mesmo assim, não acho que vá decepcionar. Se gostarem… gostaram; se não gostarem… não gostaram. Isso é um problema meu.
Perg. – Como disse na pergunta anterior, o teu próximo disco vai ser à base de Blues. Para além disso tem a particularidade de ser cantado em português. Achas que a língua portuguesa se integra dentro do espírito do Blues?
Resp. – É uma experiência. Eu acho que sim, mas não é fácil. O que é preciso é haver sensibilidade por parte da pessoa que escreve para apanhar a métrica e os sons e caso haja essa sensibilidade a coisa funciona e eu até tenho um blues em português.
Perg. – Mas achas que o blues tem aceitação suficiente no mercado português?
Resp. – Acho que sim. Os espectáculos de blues que já houve em Portugal, como por exemplo o Blues Band, foram porreiros e tiveram bastante público; e mais, no festival de jazz de Cascais, havia muita malta que ia lá só para ver tocar o pessoal do blues. Acho que tem aceitação.
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04/08/09
Entrevista... Rui Veloso
Perg. – O “Ar de Rock” foi um LP que caiu do ar, quer dizer, apareceu de repente. O que é que vai aparecer agora?
Resp. – Para mim, a única diferença que existe agora é que antes eu fazia músicas e não as gravava e agora já as gravo. Continuo a fazer músicas, coisas que eu e o Tê escolhemos, digamos que é um trabalho de continuidade. Uma pessoa todos os dias está a sofrer influências musicais, influências de todo o género e ao mesmo tempo está a crescer, a cabeça vai envelhecendo e portanto, tudo isso se vai reflectir. Não sei colocar as coisas de outra maneira, mais ao nível de sensações.
Perg. – Essa tua definição de saíres, de não seres o ídolo protótipo, tem alguma coisa a ver com a continuidade do disco, pois tu assumiste uma responsabilidade em termos de qualidade de impacto.
Resp. – São coisas que me passam ao lado, são as pessoas que me classificam dentro de um certo estilo, dentro de vários parâmetros em que está incluída a chamada qualidade. Não sei se a minha música tem ou não qualidade, pois isso depende do padrão que uma pessoa toma, quer dizer, se for um padrão nacional talvez tenha alguma qualidade, mas se for um padrão internacional já é capaz de não ter assim tanta qualidade.
Perg. - Mas agora tu tens uma responsabilidade perante as pessoas que compraram o teu disco e que aguardam o teu próximo trabalho.
Resp. – Às vezes nem me lembro dessa responsabilidade e algo de que ninguém se lembra é que eu tenho só 24 anos e ainda sou um puto. Muitas vezes, as pessoas esperam que eu reaja como um homem e depois põem-me um peso em cima chamado responsabilidade, e isso oprime. A música é uma coisa que oprime um bocado quando se entra no meio. Era bom ter-se a possibilidade de ter uma casa fora, ninguém chatear por causa de contratos, não ter a preocupação de gravar um disco e, além destas, há uma série de coisas que se um gajo acorda mal disposto, começa-se a lembrar e fica oprimido.
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03/08/09
Entrevista... Rui Veloso
Actualmente está a preparar outro disco que promete ser de grande qualidade.
Perg. – Rui Veloso, quais as principais diferenças que se deram na tua vida, depois de teres editado o “Chico Fininho”?
Resp. – A principal diferença é que antes vivia no Porto e agora vivo em Lisboa. O estatuto de estrela não serve para nada e eu não o sigo à regra, mas há muitos gajos que o seguem, e esses são capazes de arranjar conhecimentos, mas que não passa disso, porque amigos arranjam-se aos poucos.
Perg. – Antes de editares o “Chico Fininho” o que é que fazias? O que sentes depois de o teres editado e de teres adquirido o sucesso?
Resp. – Antes estava pior, porque sonhava gravar um disco e ter guitarras; agora gravo e toco e consegui fazer disto a minha vida. Mas este mundo da música dá cabo da cabeça a uma pessoa, porque os músicos atacam-se uns aos outros e por vezes nós, músicos, ouvimos cochichos desagradáveis. O antes é antes e o agora é agora; uma pessoa tem de fazer para que o que vem a seguir seja ainda melhor e fazer com que nos sintamos mais à vontade.
Perg. – Essa violência nos poemas das tuas músicas ao retratar os problemas do dia a dia, vem de onde ou de quem?
Resp – Vem do Carlos Tê que é quem escreve os poemas.
Perg. – Tu não escreves mas és quem os canta, quem lhes dá vida. Identificas-te de alguma maneira com aquilo que cantas?
Resp. – Identifico-me totalmente com aquilo que está escrito e é por isso que eu e o Carlos Tê nos damos muito bem, engatamos um no outro a nível musical. Eu atino com o que ele faz e ele atina com o que eu faço. Mas essa violência a que te referes, essa maneira de pôr as coisas a frio e de mostrar às pessoas como as coisas se passam, vem dele.
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10/07/09
Entrevista... Filhos da Pauta
Perg. – Achas importante que através das letras se critique aquilo que não está correcto?
Resp. - (Carpinteiro) Nós criticamos um todo do qual fazemos parte e estamo-nos marimbando para a sociedade pois a sociedade actuar está a tender para um egocentrismo. Não há sociedade… há uma pessoa em cada um, somente.
(Joca) – Nós nas letras das nossas canções falamos daquilo que existe. Por exemplo, temos um tema chamado “Pintor”, que fala do haxixe e o nome da música é o termo que se usa para o adquirir. Isso é uma realidade e temos de falar nisso.
(Carpinteiro) – Mas só o povo é que compra haxixe, pois os da alta sociedade comprar cocaína e heroína.
Perg. – Quanto a contratos e gravações de discos, o que é que têm a dizer?
Resp. - (Carpinteiro) – O que está destinado é que vamos gravar um single, mas ainda não temos marcado a data do estúdio; isso já pertence à editora que é a Valentim de Carvalho e às suas burocracias.
Perg. – Quais as possibilidades que vez de conseguirem obter sucesso?
Resp. - (Carpinteiro) - Não pensei muito nessa questão, pois o estouro dá-se mais através da promoção, disso não tenho dúvidas e a editora aposta em nós.
Perg. – Queres dizer que por vezes a qualidade da música não é importante?
Resp. - (Carpinteiro) – A qualidade não é o mais importante. O que interessa é a promoção, mais nada.
FIM
09/07/09
Entrevista... Filhos da Pauta
Apesar de já se verificar em menor quantidade, de vez em quando ainda aparece algum grupo de rock português cuja música tem qualidade, como por exemplo os Filhos da Pauta, que brevemente vão editar um disco. Eles dão-nos, segundo nos disseram “música a martelo”, afirmação de que discordo pois a música deles não é feita às três pancadas, antes pelo contrário. Pelo que nos foi dado a ouvir durante a sua actuação no rock Rendez-Vous, a música do grupo tem qualidade e o seu vocalista tem uma voz extremamente potente, apesar de um pouco imatura. Os Filhos da Pauta são um grupo que promete.
Após esta pequena introdução, vamos passar à entrevista que lhes fizemos no final da sua actuação no RRV.
Perg. – Em primeiro lugar, gostava que um de vocês fizesse a apresentação do grupo.
Resp. – (Carpinteiro) O grupo é formado por mim na voz, Quintela no baixo, Joca na guitarra, Araújo na bateria e o Jorge nas teclas.
Perg. - Como é que se definem musicalmente e quais as vossas influências?
Resp. – (Carpinteiro) Influências directas, propriamente ditas, não temos. Eu tenho mais influências dos fado do que do Rock n’ Roll e é por isso que nos dedicamos um bocado a essa linha. Tu até podes ver que quando estou em palco, a cantar, exploro um bocado essas influências do fado. A nível do grupo, as influências que podem existir são por causa destes anos todos de Rock n Roll. Quanto a influências portuguesas, é só o fado e o folclore. A nossa sigla de apresentação é que “somos a banda mais fatela e mais malaica de 1982”, porque repara quando uma pessoa se põe com olhos citadinos a olhar para fora da cidade, é capaz de chamar fatela ou malaico a uma certa camada da população e em cima do palco é essa camada que eu pretendo representar, o povo.
Perg. – Porquê o povo fora da cidade e não o de dentro, já que vocês passam a maior parte do tempo na cidade?
Resp. – (Carpinteiro) O povo da cidade pouco me diz.
(Joca) – Repara que o mise-en-scene dele tenta cair no ridículo e destruir aquela imagem de novo-rico, a imagem do gajo que partiu dos primórdios dos campesinos com as botas ao pescoço e hoje em dia é um novo-rico. Ele tenta mostrar isso, que é uma pessoa revoltada e a sua coreografia em palco tenta mostrar os males da sociedade que o rodeia, por exemplo nas cidades.
Perg. – Através das letras, tentam fazer alguma crítica à sociedade?
Resp. - (Carpinteiro) Não é bem isso. Por exemplo, o povo da aldeia onde eu vivo é um povo que está sempre naquela de revolta.
Perg. – Porquê?
Resp. – Não existe uma razão directa do porquê da revolta do povo. O povo nunca está contente e não existe uma razão directa que justifique isso; se lhes fores perguntar porquê, eles não sabem. Eu ligo-me mais com o povo de fora da cidade.
06/07/09
Moby - Wait For Me
03/06/09
É hoje o concerto do ano
01/06/09
Placebo - Battle For The Sun
27/05/09
The Pink Mountaintops - Outside Love
25/05/09
Cage The Elephant - Cage The Elephant
22/05/09
Faunts - Feel.Love.Thinking.Of
20/05/09
Crocodiles - Summer Of Hate
18/05/09
Bat For Lashes - Two Suns
17/05/09
Entrevista... Salada de Frutas
16/05/09
Entrevista... Salada de Frutas
15/05/09
Maccabees - Wall Of Arms
13/05/09
Manic Street Preachers - Journal For Plague Lovers
Um rock simultaneamente suave e agressivo, repleto de guitarras fortes e ritmadas, percorre este disco composto por catorze canções, onde não faltam algumas baladas no tom acústico a que o grupo nos habituou.
11/05/09
Ben Harper - White Lies for Dark Time
10/05/09
Fischerspooner - Entertainment
09/05/09
White Lies - To Lose My Life
30/04/09
Remmy Ongala
Há quem diga que na Tanzânia, Remmy Ongala é mais conhecido do que o próprio presidente da república. Ele e a sua Orchestra Super Matimila desenvolvem toda a sua actividade musical a partir de Dar Es Salaam, antiga capital da Tanzânia e onde estão situados a maior parte dos agentes económicos e sendo praticamente o centro da decisão política, apesar da capital ser Dodoma desde 1973.
Remmy Ongala como músico iniciou-se na bateria e mais tarde passou à guitarra e é responsável por uma grande parte dos mais excitantes e envolventes temas da música africana, graças ao cruzamento muito conseguido do som da guitarra soukous (tipicamente do Zaire, país onde nasceu, na região de Kivu e de onde emigrou para a Tanzânia em 1968), com ritmos tanzanianos, latinos e algumas influências da música das Caraíbas, aliando a este cocktail musical a sua soberba voz. As suas canções são normalmente longas, com extensos solos de guitarra que nos maravilham com aquele som típico que só os africanos conseguem obter desse instrumento.
Através da sua música, Remmy Ongala tenta ir mais longe e evitar que ela seja somente uma forma de fazer as pessoas dançar através do seu ritmo contagiante. Para isso, foca sempre questões sociais nas letras, abordando imensos temas como por exemplo a sida, a corrupção governamental, as injustiças sociais, e uma imensidão de assunto que, infelizmente, são comuns e retratam a realidade da maioria dos países do continente africano, continente esse que tanto nos encanta com as suas maravilhas naturais como nos entristece e constrange com a sua realidade social.
África é um continente único, quer a nível musical quer em termos místicos. Talvez seja por isso que quando escutamos um disco de música tipicamente africana seja impossível ficarmos impávidos e serenos à escuta. Existe algo nos toca e nos faz vibrar, e a música de Remmy Ongala é um desses casos.
Discografia selectiva:
1990 – Songs For The Poor Man
1991 – Mambo
1996 – Sema
26/04/09
Bob Dylan - Together Through Life
23/04/09
Entrevista... Afrika Star
Perg. – Além de cantares no grupo, também cantas a solo, tendo inclusivamente concorrido ao festival da canção. Fala-nos da tua carreira a solo.
Resp. – O gravar a solo é secundário. O objectivo que tive no cantar a solo, foi concorrer ao festival da canção, mas a minha canção não foi apurada. Agora vou concorrer ao festival da canção que o Stress está a organizar, em que como se sabe, vão estar presentes algumas das canções que o júri não apurou.
Perg. – No próximo dia 3 de Maio vocês vão arrancar para a Europa, numa tournée em que irão actuar no Luxemburgo, Itália, França, Holanda. Fala-nos um bocado, acerca disso.
Resp. – Nós, todos os anos fazemos essa tournée e o público reage bem à nossa música. A maioria do público que temos nesses espectáculos, é público cabo-verdiano, mas também vão alguns estrangeiros. Por vezes até temos que prolongar as nossas tournées, porque o público exige. Os países onde temos mais sucesso, é na Itália e na França. O público gosta de ouvir as nossas músicas.
Perg. – Em termos de planos para o futuro, o que é que vocês têm planeado?
Resp. – Além dessa tournée e do LP, estamos a pensar organizar um festival de reggae que contará com a presença de Peter Tosh e dos Culture, mas estas presenças ainda não estão confirmadas. Estamos também a pensar em organizar um espectáculo que durará dois dias, e para isso pensamos levar lá os Ferro e Fogo e os UHF. Este espectáculo ainda está em fase de estudo.
FIM
22/04/09
Entrevista... Afrika Star
Perg. - Jô, em primeiro lugar gostava que me dissesses qual a formação actual do grupo.
Resp. – O grupo actualmente é formado por mim, que sou o vocalista; no baixo temos o Joaquim, o guitarra solo é o Jorge, contra viola solo é o Pedro, viola ritmo é o Zé, na bateria o Manuel e temos um director que é o Zeca.
Perg. – Quais os objectivos que pretendem atingir ao fazer a divulgação da música de Cabo Verde?
Resp. – Nós tentamos mostrar às pessoas que a música de Cabo Verde merece que lhe seja dada mais atenção, e para isso divulgamo-la, apesar do pouco apoio que temos a nível editorial. Em Portugal já existem cerca de doze agrupamentos de música Cabo-Verdiana e aos poucos está-se a implantar, mas quando tivermos mais apoio por parte das editoras, ainda será maior.
Perg. – Em termos de discos, como é que vão os Afrika Star?
Resp. – No final do ano passado editámos o LP “Puli S. Bento” e em Abril deste ano editámos o LP Afrika Star 82. Neste próximo disco, todos os temas vão ser originais e serão cantados em crioulo, na sua maioria.
Perg. – Os vossos discos são difíceis de encontrar no mercado. Não haverá um desinteresse por parte da editora na divulgação da vossa música?
Resp. – A editora tem-se mostrado interessada em nós, mas não nos tem dado apoio promocional, devido, possivelmente, a condições financeiras. Inclusivamente, há certos trabalhos que deviam ser feitos pela editora e somos nós que os fazemos, como por exemplo a promoção dos discos pois somos nós que os levamos às rádios. Esse tido de trabalho devia ser feito pela editora, mas não é isso que acontece.
Perg. – Porquê? Por falta de dinheiro?
Resp. – Não é por falta de dinheiro. Eles não têm feito promoção, nem na rádio nem nos jornais. Sinceramente não sei porquê, ainda estou para entender isso. As discotecas até se recusam a receber os nossos discos, devido a esse pouco apoio. Outro defeito que a nossa editora tem é que se preocupa mais em chegar ao público Cabo-Verdiano, somente.
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17/04/09
Recortes... Amadou & Mariam
Em 1980 decidem casar e dar início a uma parceria, também em termos musicais. Até 1985 Amadou desenvolve uma intensa carreira a solo onde ganha alguns prémios e obtém relativo sucesso e nesse mesmo ano fazem os primeiros espectáculos fora do Mali, mais propriamente no Burkina-Faso e em 1986 mudam-se para a Costa do Marfim em busca de melhores condições de gravação. É que, por incrível que pareça, no Mali as condições eram fracas, apesar de ser um autêntico “viveiro” de músicos de grande qualidade como por exemplo Ali Farka Touré, Fela Kuti ou Salif Keita (que também fez parte dos Les Ambassadeurs du Motel, com Amadou).
Em termos de edições musicais, o grupo começou por lançar várias cassetes produzidas por Maikano, até que em 1994 foram convidados para gravar em Paris, trabalhos esses que nunca chegaram a ser editados e, finalmente em 1998 é lançado o primeiro CD “Sou Ni Tile”, ao qual se sucederam vários discos quer do grupo quer a de Amadou a solo, e em 2002 colaboram com Manu Chao. Esta parceria com um dos mais bem sucedidos músicos de World Music fez com que a sua música começasse a ser mais conhecida a nível mundial e deu nova projecção ao grupo.
Finalmente em 2004 o sucesso e o talento são reconhecidos um pouco por todo o mundo, graças ao fabuloso disco “Dimanche au Bamako” que obtém grande sucesso a nível internacional tendo sido considerado pela crítica, quase unanimemente, como o melhor disco de World Music desse ano. Esse enorme sucesso fez com que iniciassem tournées pela Europa e África, e obtivessem muitos e importantes prémios no mundo da música.
A partir desta altura começaram a colaborar com vários músicos de renome, como por exemplo Damon Albarn e actuaram em vários festivais, um pouco por todo o mundo.
O ano de 2008 trouxe-nos mais uma agradável surpresa (em tom de confirmação), com o disco “Welcome to Mali”, onde colaboraram vários e importantes músicos, como por exemplo Toumani Diabete, Tiken Jah Fakoly, Juan Rozoff, e também o ex-Blur e Gorillaz, Damon Albran na produção. Trata-se de um disco diferente do anterior, onde se nota uma ligeira fusão com ritmos ocidentais, o que dá origem a uma música de “dançante” e contagiante, mas sem perder a identidade com esse país de grandes músicos – Mali -, e esse continente – África –, onde se toca (e que nos toca) de uma forma inigualável e peculiar.
Amadou & Mariam são, sem qualquer dúvida, um dos nomes mais importantes do actual panorama da World Music, neste caso do Mali e de África.
DISCOGRAFIA