11/12/13

Entrevista... Trabalhadores do Comércio

Quarta parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog aos Trabalhadores do Comércio, em vésperas de concerto no Rock Rendez-Vous.

Perg. – O que levou tu e o Sérgio Castro a desdobrarem-se em dois grupos, os Trabalhadores do Comércio e os Arte & Ofício?
Resp. – Eu estava a ouvir as perguntas que fazias ao Sérgio, e ouvi-o falar mais ou menos do assunto. Nós estávamos nos Arte & Ofício que é o grupo onde tocamos há 6 anos. Os Trabalhadores do Comércio surgiram de uma brincadeira e graças ao impacto que teve obrigou-nos a pensar um bocado no que tínhamos feito. A partir daí começaram a surgir concertos, contratos que a principio não podíamos cumprir, pois éramos só três. Claro que mais tarde isso veio dar origem a que tivéssemos que procurar mais pessoas para fazerem um suporte musical. Inicialmente foi uma brincadeira, mas agora é um caso nacional; então surge a inclusão do Luís, que é um cantor (não gosto de dizer que é um puto). Apesar de ser um “puto”, ele assume o seu papel de vocalista, e posso adiantar que assume muito mais profissionalmente que muitos músicos que existem e que já andam nisto há muito tempo.
Perg. – Para terminar, gostava que me dissesses quais os músicos que servem de vosso suporte musical nos espectáculos ao vivo.
Resp. – Os músicos que nos acompanham são: Miguel Cerqueira (baixo); Jorge Filipe (sintetizados, vacoder); e o Carlos Araújo (guitarra).

FIM

10/12/13

Entrevista... Trabalhadores do Comércio

Terceira parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog aos Trabalhadores do Comércio, em vésperas de concerto no Rock Rendez-Vous.

(Depois do grande João Luís, chegou a vez do Álvaro Azevedo).
Perg. – O que achas desta enorme avalanche de grupos rock Portugueses, que surgiu no ano passado e este ano continua?
Resp. – Ora bem: tu dizes avalanche porque talvez não tenhas assistido aqui há 15 anos atrás como eu assisti, e foi nessa altura que comecei a tocar num grupo que na altura ganhou alguma nomeada que foram os Pop Five, que eram formados por mim, pelo Tozé Brito, Paulo Godinho e pelo Miguel Graça Moura. Foi um grupo que foi para a frente e em 1971 chegou a ir a Inglaterra gravar. Nessa altura já havia uma grande avalanche de grupos rock. Talvez não existisse uma grande publicidade por parte dos jornais nem apoio por parte da rádio, e eram coisas isoladas que se faziam, pois havia um grupo aqui e outro ali. Actualmente existem alguns 20 ou 30 grupos já com discos gravados e a fazerem espectáculos. Desses grupos, alguns têm qualidade, outros não, mas eu acho que da quantidade irá aparecer a qualidade, e já se fala muito de separar o “trigo do joio” e é claro que isso vai acontecer. Há quem condene esta avalanche, mas eu não porque a acho necessária, pois a lei dos 50% da música Portuguesa vai fazer com que as editoras tenham de editar qualquer coisa, já que têm de ter músicas para a rádio funcionar.
Perg. – Falaste numa selecção de grupos. Quais são, na tua opinião, os que “vão ficar pelo caminho”?
Resp. – Isso é uma pergunta um bocado tirada de surpresa. Sou uma pessoa que não gosta de estar a dizer mal disto ou daquilo, porque por um lado o que está mal agora daqui a um ou dois meses pode estar bem, porque já existe uma rodagem e ensaios. Grupos de certa nomeada ouço todos, como por exemplo os Salada de Frutas.
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09/12/13

Entrevista... Trabalhadores do Comércio

Segunda parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog aos Trabalhadores do Comércio, em vésperas de concerto no Rock Rendez-Vous.

Perg. – Disseste que o “Lima 5” não obteve maior êxito porque a editora não fez grande promoção. Quer dizer que muitas vezes, a música pode não ter grande qualidade e ser um grande êxito, de vido a uma boa promoção editorial?
Resp. – Exacto. A campanha promocional é uma coisa fundamental. Nós temos um exemplo a nível mundial que é o caso dos Ramones e do Elvis Costelo, que são muito maus músicos. Mas os Ramones são um grupo que se dá ao luxo de vir aqui sacar quarenta e quatro mil contos por um ou dois concertos. Ora bem, isto é grave e é um insulto aos verdadeiros músicos; é uma amostra mais do que suficiente de como é que se funciona a nível promocional. Quer dizer, a partir do momento em que há uma editora gigante, como a dos Ramones, esses músicos têm êxito. Eu considero os Ramones um disparate absoluto e são apenas um caso de publicidade. E depois temos o caso contrário: toda a gente sabe que o John McLauphin é um tipo que tem imensos problemas quando toca em determinados sítios; quer dizer, as pessoas estão assim um bocado “nas tintas” para o que se passa num concerto dele, e isso acontece porque ele tem pouca publicidade.
(Mudando de entrevistado, a próxima pergunta é para o João Luís que tem apenas nove anos).
Perg. – Gostas de cantar numa banda que é composta por elementos muito mais velhos do que tu?
Resp. – Gosto. Adoro.
Perg. – Como é que foi que apareceste a cantar nos Trabalhadores do Comércio?
Resp. – O Sérgio mostrou-me as músicas e eu andava sempre a cantá-las. Um dia, estava a cantar e passado um bocado o Sérgio olhou para o Álvaro, o Álvaro olhou para ele e abanaram a cabeça; depois o Sérgio perguntou-me se eu queria vir a Lisboa gravar e aceitei. Depois gravámos, começamos a tocar ao vivo e agora vamos gravando.
Perg. – Em quê que a música mudou a tua vida.
Resp. – Antes, eu estava em casa sem fazer nada, só com a minha irmã a chatear-me. Agora já não.
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08/12/13

Entrevista... Trabalhadores do Comércio

Primeira parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog aos Trabalhadores do Comércio, em vésperas de concerto no Rock Rendez-Vous.

Sérgio Castro, Álvaro Azevedo e João Luís formam um grupo rock que apareceu em 1980, grupo esse que tem o nome de Trabalhadores do Comércio. Actualmente tem gravado um LP e dois singles, e uma característica do grupo, é que cantam à moda do Porto. Aproveitando uma vinda deles a Lisboa para uma actuação no Rock Rendez-Vous, fui entrevistá-los.
Perg. – A gravação do vosso LP foi feita em Londres. Porquê Londres? Será que os estúdios portugueses, não têm as condições necessárias para a gravação de um álbum.
Resp. – (Sérgio Castro) – Isso é uma pergunta que muita gente nos faz, e não tem nada a ver com a questão dos estúdios cá não terem as condições necessárias. Efectivamente existem algumas carências nos estúdios portugueses, muitas vezes até a nível humano, por muito que isso possa custar a muita gente e já nos tem acontecido trabalharmos com pessoas pouco experientes o que, às vezes, nos traz alguns problemas. Por outro lado, e a principal razão, é que enquanto nós estávamos ligados à antiga editora (Gira), não havia estúdios disponíveis, e quando a editora quis alugar o estúdio para gravarmos não conseguiu, e foi então que pusemos a hipótese de ir gravar a Londres pois éramos poucos e a coisa às tantas não ficava mais cara. Então marcámos a gravação, aquilo foi adiado por várias razões, e entretanto houve algumas chatices com a editora, que levaram à nossa saída. Foi então que passámos para a Polygram; aceitaram a nossa ideia pois tinham o mesmo problema que a editora anterior: só nos podiam arranjar estúdio para uma determinada altura, altura essa que já não nos interessava, sequer, gravar. Aproveitámos esse estúdio para os Arte & Oficio e fomos gravar a Londres. Foi essa a principal razão.
Perg. – Como toda a gente sabe, vocês cantam à moda do Porto. Existiu alguma preocupação especial, nessa escolha?
Resp. – (Sérgio Castro) – A preocupação é esta: durante muitos anos afirmei, e continuo a afirmar que não gosto de rock cantado em Português, e continuo a não gostar por muito que isso possa custar a muita gente e por muito que eu esteja fora de moda, e de certeza que estou. De repente, porque fizemos este projecto que começou por ser um disco que eu e o Álvaro íamos fazer, e que depois apareceu o João Luís; depois aparece um nome, a seguir há aquele “boom” que foi o “Lima 5”, que não foi maior porque a editora “Nossa Senhora”, não é? Portanto a partir daí os Trabalhadores do Comércio são um projecto para levar para a frente. Acontece que já nesse disco estava notório o nós cantarmos à moda do Porto, ou melhor, utilizando a fonética, o sotaque portuense de determinadas zonas (como por exemplo a Ribeira), nós vamos conseguir, sem dúvida, uma maior musicalidade. Temos uma data de palavras que conseguimos aumentar, temos outras que conseguimos comprimir, mas sem aparecerem como erro. Aí já começo a concordar em cantar daquela maneira, e acho que conseguimos uma determinada musicalidade. Propriamente a nossa música tem influências rock, Reggae e de alguns blues. Essas influências todas juntas, com uma influência fundamental que é a da música popular portuguesa em que fomos descobrir que tínhamos algumas influências do António Mafra, a quem nós dedicámos o nosso LP, dão um tipo de música que me parece um pouco perto de raízes algo folclóricas.
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04/12/13

Ao vivo... Festival Primavera Sound


Cartão e pulseira de acesso ao recinto do Festival Primavera Sound 2013, Barcelona