31/08/08

David Byrne & Brian Eno - Everything That Happens...

Quando é anunciado um novo trabalho da dupla David Byrne e Brian Eno, cria-se sempre uma ansiedade natural para o ouvir. Byrne e Eno, habituaram-nos, sempre, a trabalhos bons e surpreendentes, quer pela constante inovação, quer pela excelente qualidade musical, pois raramente editam um disco que não tenha elevados padrões de qualidade. Este seu mais recente trabalho não foge a essa regra, pois estamos perante um disco composto por onze excelentes temas, que vão, por exemplo, de um “Home”, numa onda mais comercial mas que não chega a cair na simplicidade, até “I Feel My Stuff” onde Brian Eno dá asas à sua criatividade e imaginação, passando por um “Strange Overtones” que foi o primeiro tema a ser adiantado ao público e onde estão mais evidentes as influências dos Talking Heads.

01 – Home
02 – My Big Nurse
03 – I Feel My Stuff
04 – Everything That Happens
05 – Life Is Long
06 – The River
07 – Strange Overtones
08 – Wanted For Live
09 – One Fine Day
10 – Poor Boy
11 –The Lighthouse

Classificação – 8/10

27/08/08

Entrevista... Speeds

Segunda parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog no dia 12 de Setembro de 1980 aos Speeds, e que foi publicada no jornal "Musicalíssimo".
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Perg. – Porquê que não cantam em Português?
Resp. – Nós lisboetas, temos uma dicção que não é fácil enquadrar-se no rock.. Por enquanto vamos seguir os objectivos inicialmente propostos de cantar em Inglês, embora já tenhamos na gaveta, qualquer coisa em Português, mas a gaveta está bem fechada. Cantar em Português seria uma experiência bastante aliciante. Gostávamos muito de cantar em Português até porque gostaríamos de transmitir qualquer mensagem com as letras das nossas músicas, mas neste momento ainda não temos condições criadas para isso.
Perg. – As editoras que apostam mais nos grupos Portugueses, são as grandes ou as pequenas?
Resp. – Isso agora está mais distribuído, pois há grupos na Valentim de Carvalho, na Nova, na Rossil e muito particularmente na Gira, editora da qual fazermos parte, bem como os Trabalhadores do Comércio. A Nova, Valentim de Carvalho, Gira (Ex. R.P.E.), são quatro empresas totalmente diferentes que neste momento perceberam que vale a pena apostar noutro tipo de empreendimento.
Perg. – Acham que a rádio apoia os grupos Portugueses?
Resp. – Felizmente isso já acontece e a prova disso é que nós estamos aqui e no bom caminho.
Perg. – Quais as principais diferenças que acham que existe entre o vosso primeiro single e o último?
Resp. – Há diferenças na qualidade do som, embora a linha musical seja a mesma. De qualquer maneira, ainda não estamos satisfeitos com o produto final, ou seja a prensagem.
Perg. – Projectos para o futuro?
Resp. – Vamos actuar na TV, no Rock Rendez-Vous e temos contratos para Coimbra, Aveiro, alguns bares de Lisboa, liceus e clubes. A pouco e pouco vamos melhorando a nossa qualidade de som, o que é difícil, devido aos elevados preços do material. Há mais músicas para ensaios, sem fugir ao Rock puro que tocamos.

P.S. – Os Speeds viriam a desaparecer pouco tempo depois. Nunca chegaram a gravar nenhum LP, e o segundo single do grupo “Today Is Not A Good Day” foi um fracasso. Segundo sei, foi das poucas entrevistas que os Speeds deram e as fotos publicadas neste blog são das poucas que existem do grupo.

26/08/08

Entrevista... Speeds

Primeira parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog no dia 12 de Setembro de 1980 aos Speeds, e que foi publicada no jornal "Musicalíssimo".

Quando se fala de Rock feito por Portugueses tem que, obrigatoriamente, se falar nos Speeds. Os Speeds editaram dois singles em 1980, tendo atingido o Top do programa Rock em Stock.
Perg. – Quem são os Speeds?
Resp. – Na bateria é o João José, viola solo é o Ricardo, viola ritmo e harmónica é o Pedro Oliveira, viola baixo o João Ejarque e na voz sou eu, João Braz.
Perg. – Como é que se deu a vossa entrada no mundo discográfico?
Resp. – Nós levámos uma cassete ao Luís Felipe Barros, do Rock em Stock, ele gostou e proporcionou-nos a gravação de um single na editora R.P.E., single esse que chegou ao 3º lugar do Top, com o tema “Where I Used To Play”.
Perg. – Qual a linha ou onda musical com que se identificam?
Resp. – Rock, somos rockers. A nossa música é fruto de todas as influências que nos rodeiam no mundo do rock. Não queremos ser rotulados.
Perg. – Concordam com o apoio que se dá actualmente aos grupos Portugueses?
Resp. – Apesar desse apoio ainda não ser suficiente, não há duvida que hoje estão criadas melhores condições do que há uns anos atrás, mas esse apoio ainda é fraquinho. Antes comíamos ossos, agora já engolimos espinhas.
Perg. – Quais as consequência que vocês pensam que terá o facto de aparecerem tantas bandas rock, isto se atendermos a que o nosso mercado é muito restrito?
Resp. – Acho que a pouco e pouco o rock feito em Portugal por Portugueses, está a impor-se junto da malta nova. Quanto mais grupos existirem, mais concorrência há, o que terá aspectos positivos se houver união mas também tem aspectos negativos, que estão à vista.
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21/08/08

Entrevista... Arte Nova

Terceira parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog em Junho de 1981 ao agrupamento "Arte Nova", e que foi publicada no jornal "Musicalíssimo" no dia 19 de Agosto desse ano.

Perg. – Porquê que escolheram cantar em Português?
Resp. – (Lau) Porque somos Portugueses.
Perg. – Então não concordam quando se afirma que o rock não pode ser cantado em Português, ou pelo menos não deve?
Resp. – O rock é um estilo musical que tem uma língua de origem que é o Inglês e de facto essa música foi feita e estruturada para ser canta nessa língua. Ninguém pensa, por exemplo, em cantar fado em Inglês. O rock teve uma grande evolução que originou uma internacionalização, e actualmente já não é nem inglês nem americano, é internacional. Se fossemos ingleses, cantávamos em inglês, como somos portugueses cantamos em português.
(Zé) – Cantando em Inglês estaríamos a dar uma evolução á música Inglesa e não à Portuguesa. Perg. – Quer dizer que vocês “lutam” para dar alguma evolução à música Portuguesa.
Resp. – (Tó) Claro.
Perg. – Através dos poemas das vossas músicas, acham que é importante dar alguma mensagem às pessoas que as ouvem?
Resp. – (Lau) Acho que sim.
(Zé) – Quase todo o rock retrata a sociedade. Nós retratamos a sociedade e o nosso principal lema é fazer uma crítica aos valores humanos dominantes, aos valores morais, porque acreditamos que o mundo está englobado num sistema muito rígido e não o tentamos destruir porque iria aparecer um outro sistema que também seria rígido. Apenas o criticamos.

Perg. – Como é que interpretam esta avalanche de grupos Portugueses?

Resp. – (Lau) Acho que é uma onda, que aparece de vez em quando.
Perg. – Há quem afirme que esta avalanche se deve a uma possível decadência do rock estrangeiro. Concordam?
Resp. – (Lau) Eu acho que não. Uma coisa que penso que teve muita influência foi o elevado número de concertos que houve no ano passado. Isso fez com que o pessoal começasse a formar grupos. Perg. – Quais os vosso planos para o futuro?
Resp. – (Mário) O nosso objectivo é trabalhar e esperamos que as pessoas aproveitem o nosso trabalho.

P.S. - Não tive conhecimento que este agrupamento tenha chegado a editar algum disco. Julgo que não e se por acaso estiver errado, as minhas desculpas.

20/08/08

Entrevista... Arte Nova

Segunda parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog em Junho de 1981 ao agrupamento "Arte Nova", e que foi publicada no jornal "Musicalíssimo" no dia 19 de Agosto desse ano.

Perg. – Já existe algum disco gravado?
Resp. – (Tó) Gravado ainda não está. Temos alguns contactos com as editoras e está, digamos, apalavrado, mas não podemos adiantar mais nada.
Perg. – As editoras têm demonstrado interesse nas vossas músicas?
Resp. – (Lau) Acho que sim.
Tó – Eles é que entraram em contacto connosco e é por essa razão que achamos que devem estar interessados.
Perg. – Quais foram essas editoras?
Resp. – (Zé) A Rossil e a Metro-Som.
Perg. – Do ponto de vista musical, como é que se identificam?
Resp. – (Tó) – É muito difícil definirmo-nos, isto porque estamos ainda num trabalho de pesquisa. É impossível dizer que gostamos desta música e é esta música que vamos tocar. Nós temos estado em várias fases, pois começámos a tocar uma música tipo Jazz-Rock, depois New Wave e outros estilos que vamos tocando conforme nos apetece.
(Zé) Nós tentamos fugir a tudo o que nos possa retratar a outros grupos.
(Lau) Acho que estamos a tentar fazer um trabalho de pesquisa, a tentar criar um estilo próprio. Perg. – Actualmente não são profissionais, ou seja, não vivem somente da música. Têm isso como um objectivo, viver à custa da música?
Resp. – (Lau) Para já, não sei. O tempo dirá.
(Tó) – Para já, cada um de nós tem as suas ideias com vista a uma profissão a seguir em termos de futuro e nenhum de nós está a pensar em seguir a música como profissão, mas um dia isto pode dar uma volta e quem sabe, se nos tornaremos profissionais.
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19/08/08

Entrevista... Arte Nova

Primeira parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog em Junho de 1981 ao agrupamento "Arte Nova", e que foi publicada no jornal "Musicalíssimo" no dia 19 de Agosto desse ano.

Algo que não é novidade para ninguém é que actualmente andam a aparecer muitos grupos de Rock Português e a origem desses grupos já não é só das grandes cidade, como por exemplo Lisboa e Porto. Muitos deles são, inclusivamente, oriundos de terras com pouca população, as chamadas terras pequenas.
Analisando isto, podemos concluir que começa a existir o chamado Movimento Rock Português.
Um dos grupos que está neste momento a tentar gravar um disco, são os Arte Nova, de Sacavém. Recentemente serviram de banda de apoio ao espectáculo dado por Manuela Bravo no palco do Teatro Monumental. Para além de terem acompanhado Manuela Bravo, os Arte Nova também tocaram músicas deles que tiveram boa aceitação por parte do público presente, tendo sido muito elogiados pela crítica, não só pela sua qualidade musical, mas também pela sua maturidade, apesar de ser uma banda constituída por músicos muito novos, pois as suas idades oscilam entre os doze e os dezoito anos. A sua crescente popularidade em espectáculos fez com que marcasse uma entrevista.
Perg. – Em primeiro lugar, gostava que fizessem a apresentação da banda.
Resp. – Os Arte Nova são formados pelo Lau no sax-alto, na viola solo o Zé, no sax-tenor o Tó, na viola baixo o Mário, na bateria o Rui e nas teclas o Raul.
Perg. – Como e quando é que vocês se formaram e quais os vossos objectivos?
Resp. – Lau – Formámo-nos há cerca de um ano. Antes tocávamos num grupo, que foi onde começámos a aprender mas era mais um grupo para bailes com objectivo de podermos juntar dinheiro para comprar material, e há cerca de um ano é que começamos mesmo a trabalhar em força, a fazer a nossa própria música.
Tó – Nós viemos todos de uma escola de música. Foi lá que nos juntamos e que começámos a aprender música e depois achamos engraçado formar um conjunto. Primeiro começámos com violas de caixa a cantar música popular Portuguesa, mas a formação não era a que está agora. Depois houve uma certa evolução e começamos a tocar em bailes. Não quer dizer que estejamos a desprezar a música popular ao afirmarmos que houve uma evolução. Nós evoluímos como músicos e depois dos bailes começamos a achar que seria engraçado começarmos a tocar música nossa, no sentido de uma auto-realização. Foi então que começámos a compor as nossas próprias canções e estamos a tentar cortar um bocado com os bailes e vamos tentar começar a ganhar dinheiro nos concertos, ou mesmo acompanhando outros artistas como foi o caso da Manuel Bravo.
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17/08/08

Wolf Parade - At Mount Zoomer

Os Wolf Parade são um grupo canadiano que se formou em 2003, na cidade de Montreal. O início deste agrupamento não podia ser mais auspicioso, pois o seu primeiro concerto foi - nada mais nada menos – na qualidade de banda de suporte aos Árcade Fire. Em 2004, editam o seu primeiro EP através de uma edição de autor, e logo aí despertam a atenção de Isaac Brock, empresário dos Modest Mouse que os convence a assinarem pela excelente editora Sub Pop. “Apologies to The Queen Mary” foi muito bem recebido pela crítica e obteve um relativo sucesso.
Finalmente em Junho de 2008, o grupo constituído por Spencer Krug, Arlen Thompson, Hadji Bakara e Dan Boeckner, edita um novo trabalho, “At Mount Zoomer”. Neste novo CD, os Wolf Parade conseguem ultrapassar muito bem o estigma do primeiro disco e fazem um excelente álbum, onde estão bem patentes as influências dos Árcade Fire, Modest Mouse e Franz Ferdinand. Boas guitarras, boas melodias. É, seguramente, um dos grandes discos de 2008.

01 – Soldier’s Grin
02 – Call It a Ritual
03 – Language City
04 – Bang Your Drum
05 – California Dreamer
06 – The Grey Estates
07 – Fine Young Cannibals
08 – An Animal In Your Care
09 – Kissing The Beehive

Nota – 8/10

07/08/08

Entrevista... Jorge Palma

Terceira parte de uma entrevista ao Jorge Palma, após a edição do seu disco "Qualquer Coisa Pá Música", em 1979.

Perg. – Ao analisar as letras deste teu mais recente trabalho “Qualquer Coisa Pá Música”, verifica-se que a maioria delas falam do dia-a-dia das pessoas, principalmente da cidade. Porquê?
Resp. – Porque a maior parte do tempo que tenho é passado na cidade. Uma pessoa tem de ter o sentimento que o determina. Quando vivemos numa cidade, fazemos parte dela e como tal é uma influência natural. As músicas que fiz, ou que vier a fazer no campo, serão músicas mais leves, vão falar de pássaros e flores, enquanto que as da cidade são sempre mais pesadas, mais esquizofrénicas.
Perg. – Há pouco falaste que gostavas de fazer coisas para crianças. Já alguma vez fizeste um programa destinado a esse tipo de público?
Resp. – Já. O Júlio Isidoro convidou-me para fazer uma música sobre castanhas, para o programa “Arte & Manhas”, mas o programa foi adiado e nunca chegou a ser gravado. Recentemente foi gravado um disco com as músicas dessa série e eu canto essa música. Perg. - O que sentes ao gravar para crianças? Resp. – Sinto-me diferente.
Perg. – Achas que em Portugal é possível viver, somente, à custa da música?
Resp. – Eu já cá estou há nove meses e vou sobrevivendo. Não é nada fácil apesar de eu ter um bom acesso à televisão.
Perg. – Sentes-te influenciado por alguém em especial?
Resp. - Em especial, não. Sinto-me mais influenciado por aqueles que têm mais força, pelos que morrem sem ter atingido os seus objectivos, pelos que morrem no auge da sua força. Perg. – Como por eemplo Woodie Ghthrie? Resp. – Sim. São pessoas que toda a energia que fizeram na vida, depois de morrerem, multiplicou-se. Gosto muto do John Lennon, como compositor, como poeta.
Perg. – Quando actuas, o teu cachet é elevado?
Resp. – Depende. Há casos em que cobro cachet, outros casos não, pois se a pessoas que contrata puder pagar, é lógico que cobro; no entanto, se não puder pagar, eu não cobro esse cachet e actuo de borla, mas as entradas também têm de ser de borla.

FIM

06/08/08

Entrevista... Jorge Palma

Segunda parte de uma entrevista ao Jorge Palma, após a edição do seu disco "Qualquer Coisa Pá Música", em 1979.

Perg. – Quais as influências que tens do Sérgio Godinho?
Resp. – Pessoais, são porreiras. Espirituais, são ainda mais porreiras. A primeira vez que o encontrei, foi em Paris. Foi num dia em que fui comprar tabaco a um café onde não era costume ir, e quando ia a sair do café deparei-me com ele e falamos. No dia seguinte estava a tocar no metro numa carruagem e o Sérgio entrou e a partir dessa altura ficámos grandes amigos. Quanto ao ponto de vista musical, acho que ele tem bastante talento, que é um valor muito válido para a música Portuguesa e como tal, tenho algumas influências dele. Na minha opinião, dentro da música Portuguesa ele é um deus
Perg. – Tu condicionas-te somente a um estilo musical?
Resp. - Não, o tipo de música que se toca depende do estado de espírito de uma pessoa. O Blue Grass é um estilo musical que fala de desastres, dramas, e que tem ritmo e por isso torna-se um bocado alegre. Por sua vez o Jazz e o Blues são do género mais triste. Como disse, acho que a música depende do estado de espírito.
Perg. – Qual o principal estilo de música que mais te influencia?
Resp. – Não há um estilo que se possa dizer principal. Já tive momentos em que era mais influenciado pelo Jazz, outras pelo Country e actualmente estou mais influenciado pelo chamado folclore. É por isso que agora penso fazer uma volta por Portugal, terra a terra. Em França convivi com todo o tipo de camadas sociais, o que não acontece cá em Portugal, talvez por as camadas estarem mais fechadas, entre barreiras, do que lá.
Perg. – Não há nada que te impeça de ir pelo país, por exemplo ao Norte, tradicionalmente mais fechado?
Resp. – No norte nunca experimentei, mas em Faro e Setúbal tive grande aceitação, o que já não aconteceu em Vila Real de S. António, pois os senhores de mais idade olhavam para mim com uma cara, como se estivessem com medo.
Perg. – Quando estás a compor, em que pensas?
Resp. – Quando estou a compor? Já passei por uma fase em que me preocupava com o que ia dizer, agora já não.
Perg. – Porquê?
Resp. – A malta é comodista, pois todos querem ter tratamento de rei, e por isso não quero criar compromissos de ficar em dúvida. A partir de certa altura da vida, quando se tem família, já não podemos dizer que fizemos alguma coisa mal, pois já está tudo organizado.
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05/08/08

Entrevista... Jorge Palma

Primeira parte de uma entrevista ao Jorge Palma, após a edição do seu disco "Qualquer Coisa Pá Música", em 1979.

Perg. - Quem é o Jorge Palma?
Resp. – Quem sou eu? Bela pergunta com milhões de respostas e mais interpretações ainda. Sinceramente, não estou certo de conhecer a resposta verdadeira e como tal respondo que sou alguém que como toda a gente tem direito a ser livre e estou disposto a lutar por isso, enquanto tiver força. Alegremente.
Perg. – Há três anos editaste um disco, “Té Já”, mas esse “Té Já” durou este tempo todo. O que fizeste durante estes três anos?
Resp. – Quando acabei de gravar o disco tive uma hepatite e depois tive um mês no hospital. Em seguida fui para Espanha, tendo sido a primeira vez que fui só com a guitarra, tocar na rua. Estive lá três meses e depois voltei a Portugal e o disco ainda estava por editar. Foi editado enquanto eu cá estava. Depois fui para França, onde estive dois anos e durante esse tempo andei por Paris, fui até Inglaterra e Alemanha. Andei por aí, pelo mundo fora, até Agosto de 1979, altura em que regressei a Portugal. Durante esse tempo todo, fiz músicas, cantei no metro, festas, bares e conheci o Blue Grass, um tipo de música de que gostei muito e porque sou bastante influenciado.
Perg. – O que sentes quando tocas no Metro e te dão esmolas, e logo a seguir vais para a TV?
Resp. – Quando estou a tocar no metro, sinto-me bem, mais livre, mais à vontade, mais despreocupado. No metro toco o que me apetece e as pessoas dão o que querem e o que lhes apetece. Na TV, uma pessoa sente-se mais responsabilizada, não se pode ser extra reaccionário, nem radical. Na TV é mais difícil.
Perg. – Recentemente numa entrevista na televisão, fizeram-te uma pergunta sobre os comprimidos que tomavas, se ainda os continuavas a tomar. Lembro-me que respondeste espontaneamente à questão e com bastante à vontade. Porquê essa descontracção na resposta?
Resp. – É tipo impulso, estou a ser arrastado pelo pensamento de que há uma câmara e que de vez em quando corta. Estando à vontade, ninguém me pode incomodar.
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03/08/08

James Jackson Toth... Waiting In Vain

Sem estarmos perante um disco deslumbrante, “Waiting In Vain” editado recentemente por James Jackson Toth, é um trabalho interessante. Num estilo folk com influências da cena indie / rock americana, onde estão bem patentes as influências de Neil Young, Wilco ou Bonnie “Prince” Billy. James Jackson Toth proporciona-nos um disco agradável de ouvir com alguns temas muito interessantes, principalmente “Look In On Me”. Este seu primeiro trabalho oficial – pois James Jackson Toth limitava-se a vender CDr nos concertos - é aquele género de disco que merece ser ouvido, apesar de não ter nenhum tema que, possamos dizer, nos surpreenda ou nos maravilhe. Disco produzido por Steve Kisk, que foi produtor dos Nirvana ou Soul Coughing e editado pela Rykodisk.

01 – Nothing Hides
02 – Doreen
03 – The Banquet Styx
04 – Look In On Me
05 – Becoming Faust
06 – Poison Oak
07 – Midnight Watchman
08 – Beulah The Good
09 – The Park
10 – Do What You Can
11 – My Paint
12 – The Dome

Nota - 7/10