29/03/12

Ao vivo... Anna Calvi

Data - 13 de Setembro de 2011
Local - Discoteca Lux
Notas - Apesar de ter editado somente um disco até à data, a bela Anna Calvi, onde quer que actue, consegue encher os seus espectáculos. Depois de uma passagem pelo Optimus Alive de 2011, em que tocou ao mesmo tempo dos Coldplay que ocupavam o palco principal, a expectativa para um concerto em nome próprio era imensa.
A pequena sala da discoteca Lux, foi isso mesmo: demasiado pequena para acolher uma das mais recentes revelações da música rock. Com a sua Fender, Anna Calvi fez vibrar o público, ora com toques suaves, ora com sons cheio de raiva que saiam da sua guitarra, a fazer lembrar esse outro grande talento: PJ Harvey. As influências de Harvey são evidentes, quer na sonoridade quer na presença e palco, quer no charme que seduz. Anna Calvi alia a isto tudo, uma simpatia que por vezes soa a timidez, e por momentos, uma raiva que nos toca.
Seduz-nos com o seu charme natural, com a sua voz débil quando fala:
Arrebata-nos com o seu charme natural enquanto canta, e a sua voz transforma-se em algo poderoso, que com imensa facilidade passa de uma suave e agradável debilidade, para uma feroz e agradável raiva.
Excelente concerto, e um dos melhores do ano de 2011.

28/03/12

Ao vivo... Girls

Data - 29 de Novembro de 2011
Local - Discoteca Lux
Notas - Crónica já publicada neste blog.

27/03/12

Ao vivo... Tindersticks

Data - 26 de Março de 2012
Local - Cinema São Jorge
Notas - Depois do excelente concerto do dia 25 de Março em Santa Maria da Feira, os Tindersticks rumaram a Lisboa para mais um concerto, desta vez na Sala Manoel de Oliveira, no cinema São Jorge.
Não podendo dizer que a expectativa era imensa, pois neste tipo de espectáculo não há grandes alterações de um concerto para o outro, pode-se afirmar que valeu a pena e que, mais uma vez, os Tindersticks deram um excelente concerto, para um publico devoto que insiste em prestar culto a este grupo de Nottingham.
A primorosa execução por parte dos músicos, aliada ao alinhamento praticamente igual do Festival para Gente Sentada, cria a sensação de ser mais do mesmo, de ser apenas mais um concerto de um grupo de eleição, o que, na minha opinião, não corresponde à realidade, pois a música dos Tindersticks vive muito de pequenos pormenores, e de cada vez que a ouvimos descobrimos novos pormenores, de uma forma infinita.
Se o alinhamento do concerto foi igual ao do dia anterior - com incidência no mais recente disco do grupo, o excelente "The Something Rain" - já o encore teve pequenas alterações, como por exemplo com "If She's Torn", e é então que surge um momento que ir-se-á perpetuar na memória de quem o viveu: próximo do final da música, as luzes do palco reduzem a intensidade, os músicos descem o nível de som, fica apenas a voz de Staples, com um pequeno fundo musical, numa sala cheia, completamente às escuras, num silêncio arrepiante. Mágico.
Uma excelente noite musical, que contou na primeira parte com Thomas Belhom que, à semelhança do dia anterior em Santa Maria da Feira, cumpriu sem deslumbrar, com a sua música de dificil execução.

26/03/12

Ao vivo... Festival para Gente Sentada

Data - 25 de Março de 2012
Local - Cine-Teatro António Lamoso - Santa Maria da Feira
Notas - Neste segundo dia do Festival para Gente Sentada, em Santa Maria da Feira, passaram pelo palco do Cine-Teatro António Lamoso, os portugueses "The Telegram", o francês Thomas Belhom.
Com início marcado para as 22 horas, os concertos começaram às 21.30, o que, se por um lado favorece quem ainda tem que fazer uma longa viagem de regresso a casa (como era o caso), por outro lado é extremamente negativo, pois calculo que houvesse quem quisesse ver os grupos todos, principalmente quando para abrir a noite estava um grupo com bastante qualidade, os "The Telegram".


Em formato duo, este grupo de Santa Maria da Feira formado por Filipe Amorim e Paulo Santos, foi uma boa surpresa, com um estilo musical próximo do country americano, mas com uma vertente mais intimista e suave e que funcionou bem no evento em questão, no entanto, tenho algumas dúvidas quanto à longevidade que a banda pode ter, pois infelizmente em Portugal este estilo musical não tem grande divulgação e apoio por parte da comunicação social... e todos sabemos com isso é importante. Espero estar errado quanto a este prognóstico, pois gostei muito do que ouvi nos trinta minutos em que estiveram em palco, com uma música muito bem elaborada, cantada e interpretada com sentimento.
Após um pequeno intervalo de cinco minutos (algo invulgar neste tipo de espectáculo), subiu ao palco  o francês Thomas Belhom.


Multi-instrumentista talentoso, com um estilo muito próprio, com temas à base de viola, caixa de ritmos, bateria, e uma enorme panóplia de pequenos sons vão preenchendo o vazio musical e criam um ambiente e uma sonoridade interessante, a fazer lembrar Dan Deacon, mas numa vertente menos "industrial". Sem deslumbrar, é possível afirmar que Thomas Belhom também não desiludiu, mas ficou uns pontos aquém do grupo que abriu a noite, e acabou por arrefecer os ânimos do publico que esperava, ansiosamente pelos Tindersticks.


O alinhamento escolhido pela banda liderada por Stuart A. Staples acabou por surpreender o público que esgotou o auditório. Os Tindersticks arriscaram, como se estivessem a jogar em casa, e escolheram tocar na integra o seu ultimo disco "The Something Rain", deixando de fora os maiores êxitos do grupo.
Apesar de sentirmos a falta de "Tiny Tears", "Rented Rooms", "City Sickness", "Mistakes" ou "Raindrops", só para citar algumas, foi um excelente concerto, pois este novo disco do grupo funciona muito bem ao vivo, com mais força, uma força que se alia a momentos de uma beleza sublime, que, muito por força da voz de Stuart A. Staples encantam e seduzem, mas ao contrário do que possa parecer, não é só a voz de Staples que tem esse efeito, e a prova disso foi, por exemplo em "Chocolate", um tema longo e falado, em que Dave Boulter parece estar a ler uma carta, mas cujo fundo musical é repleto de sons e pormenores indescritíveis, pequenos acordes musicais, de tal forma subtis que, na minha opinião, proporcionaram o momento alto da noite.


P.S. - Bilhete autografado por Stuart A. Staples, Dave Boulter e Dan McKinna

Setlist... Tindersticks

Setlist do concerto que os Tindersticks deram no dia 25 de Março no Festival para Gente Sentada, em Santa Maria da Feira.

23/03/12

Setlist... Joe Jonas

Setlist do concerto de Joe Jonas na Discoteca Gossip, em Lisboa, no dia 14 de Outubro de 2011

Love Slayer
Just In Love
Fastlife
Sorry
When You Look Me In The Eyes / Hello Beautiful / Burnin' Up (Medley Jonas Brothers)
All This Time
Kleptomaniac

Beautiful People (Chris Brown Cover)
See No More

22/03/12

The Horrors



Corria o verão de 2005, quando Faris Badwan (voz), Tomethy Furse (baixo), Joshua Von Grimm (guitarra), Coffin Joe (Bateria) e Spider Webb (teclas), decidem formar os Horrors, ganhando de imediato grande popularidade, não só em Londres, mas também nos arredores da capital londrina.
O visual dos membros do grupo, muito diferente do tipicamente britânico, a sonoridade da banda que, apesar de manter alguma identidade com a música britânica, consegue soltar-se dessas amarras, não tendo aquele som característico dos grupos indie, como por exemplo Oasis ou Stone Roses, e ainda aos frenéticos concertos ao vivo com uma presença em palco cheia de ritmo e energia, catapultaram o grupo para o sucesso, despertando de imediato a atenção da editora Loog Records, para a qual gravam o primeiro single, em 2006, Sheena is a Parasite e Jack The Ripper, e que obtém bastante sucesso.
Seguem-se mais uns singles de sucesso e em 2007 surge o primeiro longa-duração, Strange House, editado pela Polydor que, para além de incluir temas editados em singles, inclui ainda uma série de inéditos, com a característica de serem temas curtos, que proporcionavam, ao vivo, espectáculo de uma energia avassaladora, característica esta que fez com que o ambiente à volta da banda fosse crescendo.
Em 2009, editam “Primary Colours”, trabalho em que a sonoridade da banda mudou substancialmente, graças à co-produção de Geoff Barrow. Editado pela label XL Recordings, o som do grupo aproximou-se mais de ambientes post-punk e góticos, e foi muito bem recebido pela critica independente, tendo sido considerado o álbum do ano pela New Musica Express.
Após mais dois anos de intervalo, o grupo regressa aos discos com Skying, de 2011”, com mais uma alteração na sonoridade da banda, com um som mais leve e directo, simultaneamente menos complexo e denso, num disco de grande nível e com boas canções para serem tocadas ao vivo, à semelhança dos discos anteriores, se bem que este “Skying” parece ter temas mais fortes. Um disco com uma sonoridade que, faz lembrar The Psychedelic Furs.
Uma das grandes expectativas para os festivais deste ano de 2012, eles que já estão confirmados para o Super Bock Super Rock, o tal festival da poeira, dos maus acessos, e de tudo o que pode haver de mau, mas que normalmente

Discografia

2007 – Strange House (Polydor)
2009 – Primary Colours (XL)
2011 – Skying (XL)

Ao vivo... Joe Jonas

Data - 14 de Outubro de 2011
Local - Discoteca Gossip
Notas - Um mini-concerto, exclusivo para clientes da entidade promotora, no qual Joe Jonas (um dos membros dos Jonas Brothers), esteve com boa presença em palco, comunicativo e a interagir bastante com o público que encheu a sala da discoteca Gossip.
Não sendo o género de música que aprecio, não posso deixar de realçar a atitude e entrega do músico quando está em palco, que dessa forma deixa os fans extremamente satisfeitos.

21/03/12

Ao vivo... Dream Theater



Data - 26 de Fevereiro de 2012
Local - Coliseu dos Recreios
Notas - Apesar de serem assíduos no que diz respeito a visitas a Portugal, foi a primeira vez que assisti a um concerto dos Dream Theater.

Para este regresso a Portugal, os Dream Theater escolheram os Periphery para a abertura do concerto. Com um estilo muito próximo, o metal progressivo do grupo liderado por Spencer Sotelo acabou por funcionar como uma espécie de aperitivo para os Dream Theater. Não sendo um concerto de grande nível  acabaram por cumprir, e isso foi reconhecido pelo público que não se fez rogado em os aplaudir.

Relativamente aos Dream Theater, a banda do Guitar Hero John Petrucci não desiludiu, apesar de também não ter deslumbrado. Um concerto onde tudo correu bem, com um bom som e bons momentos musicais. A entrada em palco deu-se ao som de Hans Zimmer, enquanto eram projectados pequenos filmes de animação e a música de abertura foi "Bridges In The Sky", do novíssimo álbum "A Dramatic Turn of Events", disco que serviu de base à actuação do grupo.
Com um alinhamento idêntico a toda a tournée, sem variações de concerto para concerto, ao contrário do que a banda fazia outrora, acabou por ser um bom concerto, mas pouco mais.
Não deslumbrou, mas, apesar de tudo, nesta noite fria de Fevereiro, ouviu-se música muito bem executada, mas demasiado previsível, o que contraria um pouco a lógica dos concerto ao vivo.
No entanto, os Dream Theater não desiludiram... cumpriram.

20/03/12

Ao vivo... Festival Super Bock Super Rock 2011

Data - 14, 15 e 16 de Julho de 2011
Local - Herdade do Cabeço da Flauta - Meco
Notas - Crónica publicada na altura, neste blog.

19/03/12

Ao vivo... Stuart A. Staples

Data - 13 de Outubro de 2011
Local - Centro Cultural Olga Cadaval, Auditório Jorge Sampaio
Notas - Primeira noite do Festival Sintra Misty, com o Auditório Jorge Sampaio, praticamente cheio para assistir a mais um bom concerto de Stuart A. Staples, desta vez em nome próprio.
Na primeira parte actuou Sandy Kilpatrick, um escocês que reside em Portugal há algum tempo. O início da actuação deste escocês, foi a recitar uma carta de amor à lua, que funcionou extremamente bem, servindo como uma pequena introdução para um concerto que apesar de não ter deslumbrado, agradou, não só pela simpatia e simplicidade de Kilpatrick, mas também devido ao alinhamento escolhido, que funcionou como introdução para uma noite intimista, sedutora e arrebatadora, como só Stuart A. Staples consegue proporcionar, a solo ou com os seus Tindersticks.
Acompanhado por David Boutler, nos teclados e percussão e Dan McKinna no contrabaixo, Stuart A. Staples revisitou os seus álbuns a solo e também interpretou de uma forma ligeiramente diferente e ainda mais intimista, alguns temas dos Tindersticks, numa sala com uma acústica excelente e que mostrou ser uma das melhores para o tipo de concerto intimista.
Com uma sonoridade mais simples do que na "versão" Tindersticks, Stuart A. Staples acabou por dizer que era assim que a música do grupo de Nottingham nascia: ele com a guitarra, a cantarolar, e só depois os restantes elementos da banda preenchem o suposto vazio; digo suposto, pois é uma música que enche e que 
fascina quem a ouve.
"Running Wild", "Patchwork", "City Sickness", "Dying Slowly", "Jism" e "The Hungry Saw", foram alguns dos temas dos Tindersticks que foram interpretados de forma magistral por um músico que, pode não ser simpático, mas cativa com a sua voz tão peculiar.
Dos seus discos a solo, interpretou alguns temas de "Leaving Songs", como por exemplo "There Is a Path" e "That Leaving Song"., numa noite que terminou com uma espécie de "cereja no topo do bolo": Tiny Tears, uma das mais belas canções que ouvi até hoje, e que, num terminar de uma noite como esta, tem o toque de requinte de malvadez, pois após uma viagem intima e sedutora pela música dos Tindersticks e de Stuart A. Staples, ouvir este tema, em final de noite, interpretado como só ele o sabe fazer, é algo indescritível, e que, seguramente, provoca algumas "pequenas lágrimas" em quem o ouve.

16/03/12

Ao vivo... Roger Waters

Data - 30 de Março de 2011
Local - Palau Sant Jordi (Barcelona)
Notas - Depois de ter assistido aos dois excelentes concertos que Roger Waters deu em Lisboa, no Pavilhão Atlântico, e como não há duas sem três, rumei a Barcelona para assistir a mais uma noite de música perfeita... ou arte.

15/03/12

Ao vivo... Festival Optimus Alive 2011

Data - Dias 06, 07, 08 e 09 de Julho de 2011
Local - Passeio Marítimo de Algés
Notas - Crónica publicada neste blog na altura do festival.

14/03/12

Ao vivo... Thurston Moore

Data - 13 de Março de 2012
Local - Galeria Zé dos Bois
Notas - Num concerto exclusivo a sócios, o "aquário" da Galeria Zé dos Bois encheu, não só de público mas também de talento, um talento que tem sido comprovado ao longo dos muitos anos de carreira de Thurston Moore, tanto a solo como com os Sonic Youth.
Visivelmente bem disposto e comunicativo, perante cerca de 150 espectadores, Thurston Moore fez-se acompanhar por Keith Wood na guitarra, Samara Lubelski no violino e John Maloney na bateria, que durante duas horas presentearam o restrito público presente com uma excelente noite de música, repleta de sonoridades caóticas (podia-se ler na guitarra de Thurston "I Love Chaos"),  distorções, e momentos de genialidade musical


Após uma primeira parte totalmente instrumental, que durou cerca de 45 minutos e durante a qual foi possível ouvir temas do próximo disco a editar brevemente, o grupo fez um pequeno intervalo, segundo Thurston Moore para trocarem de guitarras... vieram com as mesmas, e num início em tom de brincadeira (algo que não estava à espera por parte do músico), partimos para uma viagem de mais de uma hora, já com temas cantados, com Thurston Moore a recorrer a cábulas, com as guitarras a soarem contagiantes e enraivecidas, contrastando com a relativa calma da voz de Moore na maior parte dos temas.


Com um alinhamento que percorreu toda a carreira do grupo, foi uma noite que ir-se-á perpetuar na memória de quem lá esteve, pois viveram-se momentos de grande intensidade com um concerto excelente,  e essa excelência acabou por se reflectir no ambiente vivido na sala, criando a ideia de estarmos num local em que um dos melhores guitarristas da actualidade, de uma das melhores bandas de sempre, está ali a tocar para nós, quase em exclusivo, e com momentos em que parecia uma "Jam Session", repleta de virtuosismos.


Uma noite inesquecível.

13/03/12

Ao vivo... Smashing Pumpkins

Data - 08 de Dezembro de 2011
Local - Campo Pequeno
Notas - A praça de touros do Campo Pequeno esgotou para o primeiro dos dois concertos que a banda liderada pelo carismático Billy Corgan deu em Portugal, nesta tournée que assinala o regresso dos Smashing Pumpkins aos discos e aos espectáculos ao vivo.
Na primeira parte actuaram os Ringo Deathstarr, grupo praticamente desconhecido em Portugal mas que tem obtido algum sucesso no seu país de origem, EUA, liderando algumas tabelas nas rádios onde a sua música passa com mais frequência, como por exemplo a 3WK. Apesar de se terem formado em 2005, em Austin no Texas, só agora lançaram o seu primeiro álbum "Colour Trip". Durante os 45 minutos que estiveram em palco, os Ringo Deathstarr não desiludiram com a sua música muito assente em guitarras e chegaram a proporcionar bons momentos musicais, e, apesar do mau som e das suas músicas serem praticamente desconhecidas, funcionaram como um excelente aperitivo para uma grande noite de música, com um concerto em bom nível dos Smashing Pumpkins que, após um curto intervalo, entraram em palco às 21.05 minutos e onde permaneceram por pouco mais de duas horas, durante as quais foi possível ouvir e recordar alguns dos muitos bons temas já editados pelo grupo desde 1991, e também alguns temas do aguardado disco "Oceana", a editar brevemente.
Um Billy Corgan pouco comunicativo, não ajudou a que o entusiasmo do público fosse evidente, permanecendo muito estático em alguns momentos, chegando a dar a sensação de não conhecer as músicas, e isso não aconteceu somente com os temas do próximo disco; era uma sensação estranha, olhar para uma sala esgotada e ver em palco os Smashing Pumpkins, e, simultaneamente, um público parado, que dava a sensação de estar ligeiramente absorto, o que também pode ser visto como estando ali para prestar culto a uma das bandas mais importantes da música indie-rock dos anos 90.
Apesar da pouca interacção do grupo com o público, e vice-versa, foi um bom concerto, mesmo existindo aquela sensação de que é o tipo de concerto a que vamos, um pouco por tudo e também por quase nada; um pouco, por tudo o que o grupo já fez musicalmente e pelo prazer que nos deu ao longo da sua carreira, com boas canções e bons momentos; por quase nada, porque analisando a prestação do público, fica a ideia de que uma grande parte do mesmo, estava ali a assistir a um concerto de bom rock, com um grande guitarrista (Billy Corgan), acompanhado por um excelente leque de músicos, mas estava lá, quase por estar, sem participar na festa, nunca chegando a existir por parte desse mesmo público o ambiente característico de um concerto de rock, no qual as pessoas, cantam, dançam e saltam.

12/03/12

Ao vivo... Rock Rendez Vous


Cartaz comemorativo dos 6 anos do Rock Rendez Vous, com uma lista de muitos dos grupos que por lá passaram. Assisti a muitos concertos na mítica sala da Rua da Beneficência, em Lisboa, e dos nomes que constam desta lista, lembro-me de ver Adelaide Ferreira, Alarme, Albatroz, Aníbal Miranda, António Variações, Aqui Del Rock, Arte Nova, Beatnicks, Bico D'Obra, CTT, Doyo, Ferro e Fogo, Filhos da Pauta, FM, Frodo, Go Graal Blues Band, Grupo de Baile, Heróis do Mar, Iodo, Jarojupe, Jáfumega, Kamikaze, King Fishers Band, Mala Posta, Mário Mata, Martinis, NZZN, Opinião Pública, Pizzo Lizo, Rádio Macau, Roquivários, Rui Veloso, Salada, Seilasié, Street Kids, Taxi, TNT, Trabalhadores do Comércio, UHF, Vodka Laranja, Xeque Mate.
Estes são os que me lembro, com alguns bons momentos musicais como por exemplo a Go Graal Blues Band, Aníbal Miranda, Rui Veloso, Heróis o Mar, Trabalhadores do Comércio, Roquivários, só para destacar alguns dos bons concertos que houve no RRV.
Ao nível de desilusões, assim à distância, lembro-me dos Bico D'Obra, Seilasié, Filhos da Pauta e Doyo por exemplo.

09/03/12

Perfume Genius - Put Your Back N..2

Depois do excelente "Learning", editado em 2010, a expectativa para o novo trabalho de Perfume Genius era imensa, e, pode-se afirmar que Mike Hadreas, mentor do projecto, não desiludiu com este "Put Your Back N. 2", um disco de qualidade invulgar com uma sonoridade diferente, muito característica e introspectiva, repleto de belas canções que, apesar de serem construídas de uma forma muito simples mas simultaneamente intimista e sedutora, criam um ambiente escuro e ligeiramente denso, escuridão e densidade  onde nunca se chega a entrar, mas sente-se, graças a Mike Hadreas que, com a sua voz cria uma espécie de luz, uma luminosidade musical que aliada às sonoridades que estamos a ouvir transmitem uma sensação arrebatadora.
Com nítidas influências de Antony and The Johnsons ou Sufjan Stevens, este "Put You Back N. 2" é, para já, um dos melhores discos deste ano.

01 - Awol Marin
02 - Normal Song
03 - No Tear
04 - 17
05 - Take Me Home
06 - Dirge
07 - Dark Parts
08 - All Waters
09 - Hood
10 - Put Your Back N. 2 It
11 - Floating Spit
12 - Sister Song

Nota - 8.5

Ao vivo... Peter Murphy

Data - 02 de Outubro de 2011
Local - Coliseu dos Recreios
Notas - Infelizmente o Coliseu dos Recreio esteve muito longe de encher, com a galeria completamente vazia, camarotes vazios, cadeiras com muitas clareiras e uma plateia com bastante espaço.
Com uma sala algo despida e um início de concerto à beira do desastre, com um som extremamente fraco aliado a uma nítida falta de entrosamento dos músicos, começou a perspectivar-se um concerto que ia ficar para a história, mas pelos piores motivos. Se na primeira música "a coisa" ainda esteve mais ou menos, na segunda foi um descalabro com mau som e instrumentos desafinados, tendo chegado ao ponto de Peter Murphy interromper a música que estava a ser tocada e alterá-la para um versão acústica que acabou por agradar ao público, e com isso cativou-o originando algum entusiasmo que acabou por passar para os músicos, que graças a isso e a alguns acertos, acabaram por proporcionar cerca de duas horas de boa música, onde foi possível confirmar que, para além da voz de Murphy continuar excelente, a sua música acaba por se tornar intemporal.
Com um alinhamento que percorreu praticamente toda a obra do músico, foram duas horas de concerto, durante as quais foi possível confirmar que só alguém com a experiência e o talento de Peter Murphy, é que tinha capacidade de transformar uma noite que esteve á beira do abismo, numa noite que se tornou muito agradável, em que viajámos por toda a carreira de um músico que insiste em não envelhecer, pelo menos em termos de criatividade e capacidade vocal
Não sendo um dos melhores concertos de Peter Murphy, não foi mau.

08/03/12

Fausto Bordalo Dias... Em Busca das Montanhas Azuis

"Em busca das montanhas azuis", assinala o regresso de Fausto aos grandes discos, sendo que este vem completar a trilogia iniciada em 1984 com "Por este rio acima", ao qual se seguiu "Crónicas da terra ardente" em 1994.
Dezassete anos depois é lançado este duplo CD, e apesar dos seus quase quarenta anos de carreira, Fausto Bordalo Dias continua igual a si mesmo, com mais um disco bem construído, bem escrito e quase perfeito, dentro do seu estilo.
À semelhança dos trabalhos editados anteriormente por Fausto, o seu jeito de cantar a solo com viola acústica e com pequenos pormenores musicais e orquestrais em fundo, continuam bem presentes neste disco, bem como aquela sua maneira muito peculiar de compor, na qual "bebe" um pouco da música popular portuguesa, ao contrário do que acontece com as influências da música africana que, de forma natural acabam por se perder no tempo, pois Fausto regressou de África com 18 anos. Todos estes factores fazem com que este disco possa ser considerado como um dos mais importantes dos últimos anos da música portuguesa, e uma excelente forma de conlcuir essa grande trilogia que teve início, como já foi referido, com "Por este rio acima", ainda hoje considerado um dos melhores discos de sempre da música portuguea.
Se a nível musical, África está praticamente ausente, do ponto de vista de escrita está muito presente, ou não fosse este um disco de viagens no qual é retratada de uma forma exímia a odisseia dos portugueses pelo mundo, não só pelo continente africano mas também por todos os continentes desse imenso mundo por onde os portugueses passaram e onde deixaram a sua marca, nalguns sítios de forma indelével, como indelével é a música de Fausto Bordalo Dias.
Discordo completamente de quem afirma que a música de Fausto Bordalo Dias é mais do mesmo e defino-a como intemporal, pois não é preciso pensar muito para se chegar à conlusão de que passados todos estes anos, as suas músicas continuam actuais e a proporcionar um imenso prazer a quem as ouve, e este mais recente trabalho de Fausto é a "cereja do topo do bolo" de toda a sua discografia; um disco obrigatório.

CD 1

01 - Aproximação à terra
02 - E fomos pela água do rio
03 - Velas e navios sobre as águas
04 - E viemos nascidos do mar
05 - Nos palmares das baías
06 - Fascínio e sedução
07 - À luz mais frágil das auroras
08 - À sombra das ciladas
09 - A mais débil das lágrimas
10 - De um crescente dourado
11 - Bárbaras iguarias
12 - Por altas serras de montanhas

CD 2

01 - Ocultam a claridade à luz
02 - A enxurrada
03 - O feiticeiro de Melinde
04 - Pelos rios de Cuama
05 - Nesta selva do Guinéu
06 - No braseiro da Mourama
07 - Tempo claro e vento galerno
08 - Quase em tons de cristal
09 - De costa à contracosta
10 - A embala de Silva Porto
11 - O perfume das chuvas

Nota - 9/10