26/03/12

Ao vivo... Festival para Gente Sentada


Data - 25 de Março de 2012
Local - Cine-Teatro António Lamoso - Santa Maria da Feira
Notas - Neste segundo dia do Festival para Gente Sentada, em Santa Maria da Feira, passaram pelo palco do Cine-Teatro António Lamoso, os portugueses "The Telegram", o francês Thomas Belhom.
Com início marcado para as 22 horas, os concertos começaram às 21.30, o que, se por um lado favorece quem ainda tem que fazer uma longa viagem de regresso a casa (como era o caso), por outro lado é extremamente negativo, pois calculo que houvesse quem quisesse ver os grupos todos, principalmente quando para abrir a noite estava um grupo com bastante qualidade, os "The Telegram".


Em formato duo, este grupo de Santa Maria da Feira formado por Filipe Amorim e Paulo Santos, foi uma boa surpresa, com um estilo musical próximo do country americano, mas com uma vertente mais intimista e suave e que funcionou bem no evento em questão, no entanto, tenho algumas dúvidas quanto à longevidade que a banda pode ter, pois infelizmente em Portugal este estilo musical não tem grande divulgação e apoio por parte da comunicação social... e todos sabemos com isso é importante. Espero estar errado quanto a este prognóstico, pois gostei muito do que ouvi nos trinta minutos em que estiveram em palco, com uma música muito bem elaborada, cantada e interpretada com sentimento.
Após um pequeno intervalo de cinco minutos (algo invulgar neste tipo de espectáculo), subiu ao palco  o francês Thomas Belhom.


Multi-instrumentista talentoso, com um estilo muito próprio, com temas à base de viola, caixa de ritmos, bateria, e uma enorme panóplia de pequenos sons vão preenchendo o vazio musical e criam um ambiente e uma sonoridade interessante, a fazer lembrar Dan Deacon, mas numa vertente menos "industrial". Sem deslumbrar, é possível afirmar que Thomas Belhom também não desiludiu, mas ficou uns pontos aquém do grupo que abriu a noite, e acabou por arrefecer os ânimos do publico que esperava, ansiosamente pelos Tindersticks.



O alinhamento escolhido pela banda liderada por Stuart A. Staples acabou por surpreender o público que esgotou o auditório. Os Tindersticks arriscaram, como se estivessem a jogar em casa, e escolheram tocar na integra o seu ultimo disco "The Something Rain", deixando de fora os maiores êxitos do grupo.
Apesar de sentirmos a falta de "Tiny Tears", "Rented Rooms", "City Sickness", "Mistakes" ou "Raindrops", só para citar algumas, foi um excelente concerto, pois este novo disco do grupo funciona muito bem ao vivo, com mais força, uma força que se alia a momentos de uma beleza sublime, que, muito por força da voz de Stuart A. Staples encantam e seduzem, mas ao contrário do que possa parecer, não é só a voz de Staples que tem esse efeito, e a prova disso foi, por exemplo em "Chocolate", um tema longo e falado, em que Dave Boulter parece estar a ler uma carta, mas cujo fundo musical é repleto de sons e pormenores indescritíveis, pequenos acordes musicais, de tal forma subtis que, na minha opinião, proporcionaram o momento alto da noite.


P.S. - Bilhete autografado por Stuart A. Staples, Dave Boulter e Dan McKinna