29/10/12

Ao vivo... Dead Can Dance

Data - 24 de Outubro de 2012
Local - Casa da Música, Sala Suggia
Notas - Este dia 24 de Outubro de 2012, foi um dia repleto de emoções para quem teve a sorte e a felicidade de passar pela Sala Suggia da Casa da Música e assistir à estreia dos Dead Can Dance em Portugal.
Por incrível que possa parecer, o grupo de Brendan Perry e Lisa Gerrard nunca actuou em Portugal, e talvez tenha sido essa uma das razões para que os bilhetes esgotassem durante uma manhã, e também para haver quem tenha pago a astronómica quantia de 500 Euros por um ingresso.
Tendo sido um dos bafejados pela sorte de ter adquirido esse pequeno pedaço de papel, não nego a felicidade que senti durante o concerto, e o prazer que tive por poder participar numa viagem musical com destino a um paraíso que fazia parte do meu imaginário há quase 30 anos, pois estar ali a assistir a um concerto dos Dead Can Dance era o realizar de um sonho que julgava irrealizável, e simultaneamente, algo mágico, graças ao som e à subtileza com que a música deste grupo é tocada e interpretada, de uma forma tal que nos toca, que entra dentro de nós e toma posse dos nossos sentimentos e reacções, que nos manipula e enfeitiça.
Brendan Perry e Lisa Gerrard conseguem-no, conseguem fazer com que numa sala completamente cheia,  não se ouça um único ruído, quase nos esquecemos de respirar, a nossa mente abstém-se de tudo, esquecemos tudo, sentimo-nos num lugar imaginário, no paraíso. É essa a sensação ao ouvir Lisa Gerrard interpretar de uma forma verdadeiramente indescritível "Sanvean", causando aquele efeito "pele de galinha", em que ficamos arrepiados com o som e o calor que transmite, com a delicadeza e o feitiço daquela voz. Lembro-me de ficar completamente siderado ao ouvir esta canção, ficar imóvel na cadeira, não sendo capaz de fechar os olhos tal o feitiço que se apoderou de mim, mas se o fizesse, pensaria, como alguém disse à saída do concerto "morri e fui para o céu"; quanto a mim, finalmente tinha encontrado o meu paraíso, ou pelo menos a banda sonora dele.
Já mencionei neste blog, na altura do comentário a "Anastasis", editado recentemente, que considero a música dos Dead Can Dance como o expoente máximo de qualidade musical, e este espectáculo confirmou-o, com uma execução musical primorosa, com duas vozes do melhor que conheço e ouvi até hoje, de um grupo com uma carreira de mais de 30 anos, durante a qual editaram dez discos, todos eles de excelente qualidade, e, apesar dos anos passarem, a sua música continua intemporal, dando-se ao luxo de apresentar músicas com 800 anos, como por exemplo "Agape", e interpretam-na à sua maneira, e nós que a ouvimos, e sempre que o fazemos, pensamos: como é possível alguém conseguir tratar uma canção desta forma e conseguir transportar para quem a ouve essa sensação de recuo mental no tempo, mantendo o corpo no tempo presente.
É aqui, nestes pormenores, na voz densa e escura de Brendan Perry - por exemplo em "Children of The Sun" ou "All In Good Time"-, na voz celestial e cristalina de Lisa Gerrard - por exemplo em "Return Of She-King" ou "Anabasis"-, nesta forma única e peculiar de tocar e sentir a música, é aqui que reside a magia deste grupo, e é este conjunto de factores que me leva a considerar os Dead Can Dance como um dos dois melhores grupos de sempre da história da música, a par dos Pink Floyd.
No final das duas horas de concerto, fica a felicidade de ter realizado um sonho de quase 30 anos, mas fica também a amargura de pensar que talvez não volte a existir outra oportunidade de os ver.
Uma injustiça.
Hoje, posso afirmar que em termos musicais, esta foi a noite mais feliz que tive... e o paraíso tão perto.

08/10/12

Setlist... Leonard Cohen


Setlist do concerto de Leonard Cohen, no Pavilhão Atlântico

01 - Dance Me To The End Of Love
02 - The Future
03 - Bird On The Wire
04 - Everybody Knows
05 - Who By Fire
06 - Darkness
07 - Sisters Of Mercy
08 - That's No Way To Say Goodbye
09 - Amen
10 - Come Healing
11 - In My Secret Life
12 - Going Home
13 - Waiting For The Miracle
14 - Anthem

(Intervalo)

15 - Tower Of Song
16 - Suzanne
17 - The Guests
18 - Night Comes On
19 - The Gipsy's Wife
20 - The Partisan
21 - Democracy
22 - Coming Back To You (Int. pelas Webb Sisters)
23 - Alexandra Leaving (Int. por Sharon Robinson)
24 - I'm Your Man
25 - Hallelujah
26 - Take This Waltz

(Encore 1)

27 - So Long, Marianne
28 - First We Take Manhattan

Encore 2

29 - Famous Blue Raincoat
30 - Closing Time

Encore 3

31 - I Tried To Leave You
32 - Save The Last Dance For Me (Drifters Cover)

28/09/12

Ao vivo... Sharon Van Etten

Data - 26 de Setembro de 2012
Local - Discoteca Lux
Notas:
- Será que em termos musicais, exitem noites perfeitas?
- Será que ao nível de concertos, existem concertos perfeitos?
- Será que ao nível de ambiente numa sala, existem ambientes perfeitos?
Sim, existem.
Apesar de ser pouco provável, foi o que se passou no concerto que assinalou a estreia de Sharon Van Etten em palcos portugueses.
Com apenas 31 anos de idade (26 de Fevereiro de 1981) e detentora de três excelentes discos, "Because I Was Love" de 2009, "Epic" de 2010 e "Tramp" de 2011, Sharon Van Etten encantou a bem composta plateia que esteve presente na excelente sala do Lux.
Com um alinhamento que percorreu os três trabalhos já editados, a interacção com o público foi de tal forma que Sharon chegou a tocar, no encore, uma música a pedido de um fan, pedindo antecipadamente desculpas por qualquer engano pois era um tema que já não tocava há bastante tempo, acrescentando ainda ser esse "One Day" um dos temas preferidos da sua mãe; dentro do campo das dedicatórias, houve ainda outra, desta feita com "Leopard", cujo nome alterou para "Leopardo", para dessa forma o dedicar a alguém que veio de Itália, propositadamente para assistir a este concerto.
Durante os cerca de 90 minutos que durou a bela viagem que nos foi proporcionada pela voz, música e simpatia de Sharon Van Etten, que começou com o poderoso tema "All I Can", foi ainda possível ouvir canções de amor, como por exemplo "Love More", ou canções de raiva, como por exemplo "I'm Wrong", com um final soberbo e caótico, com o nível de decibéis a subir até um patamar quase ensurdecedor, sendo visíveis expressões de espanto nos rostos do público, e muito mais, muitos outros belos temas que nos transportaram, inebriaram e enfeitiçaram, de tal forma que nem tivemos a noção do tempo que passou, e quando ela se despediu, foi como se um clique nos despertasse e trouxesse de volta à realidade, uma realidade que não desejávamos, pois não era desejo de ninguém que o concerto terminasse, e perante tanta insistência, ela acedeu e regressou ao palco.
Perguntou se queríamos mais uma canção de amor ou uma canção de rock e disse para levantarmos o braço conforme o nosso desejo; fizemos batota e erguemos o braço para os dois casos, como se fossemos uma criança a ter de optar entre um rebuçado ou um pedaço de chocolate, e ela pactuou com a nossa batota e fez-nos a vontade, tal como nós faríamos à criança, só para a ver feliz.
Foram mais duas canções, "I Line", canção que, segundo disse, compôs para Neil Young (pediu-nos para lhe dizermos, se o víssemos), e "Love More", do álbum "Epic", tema que fez com que Bon Iver e National a descobrissem, e estas duas canções encerraram um dos melhores concertos deste ano de 2012, tendo toda a gente abandonado a sala com um ar de satisfação enorme.
Na minha opinião, um dos melhores concertos deste ano.

17/08/12

Ao vivo... Imperial Tiger Orchestra e Hamelmal Abate

Data - 21 de Julho de 2012
Local - Castelo de Sines
Notas - Havia uma certa expectativa relativamente ao concerto que juntava a Imperial Tiger Orchestra, oriunda da Suíça, com Hamelmal Abate, da Etiópia.
Se a Suíça é um país sem grande tradição musical, o mesmo já não se pode afirmar da Etiópia, pois como todos sabemos, em África, a música "corre" nas veias de uma forma única, bastando uns pequenos ruídos ou sons para que o ambiente se torne numa festa, e foi isso que aconteceu eu Sines.
O resultado da fusão da Imperial Tiger Orchestra, fundada em Genebra por Raphael Anker no ano de 2007, com a voz de Hamelmal Abate foi muito interessante e contou ainda com dois bailarinos etíopes, que funcionaram como a "cereja no topo do bolo", num concerto extremamente alegre, cheio de ritmo e grande qualidade musical, apesar de em certos momentos ser um estilo algo complexo, devido à fusão de duas sonoridades muito diferentes, mas que no final resultam muito bem, em que o jazz europeu se funde com a música tradicional etíope, e que por sua vez se fundem com o Jazz Etíope, criando aquilo a que se pode chamar euro-ethio-jazz.

Formação:

Hamelmal Abate - Voz
Raphael Anker - Trompete
John Menoud - Saxofones Barítono e Alto
Alexandre Rodrigues - Teclados
Cyril Moulas - Baixo, Phin, Guitarra, Krar
Julien Israelian - Bateria
Luc Détraz - Kebero e Naal
Getu Tirfe - Dança
Emebet Tizazu - Dança

14/08/12

Dead Can Dance... Anastasis

Dezasseis anos após a edição do último disco de originais, "Spiritchaser" de 1996, os Dead Can Dance - na minha opinião, um dos expoentes máximos da qualidade musical - estão de regresso aos discos, com este "Anastasis".
Ao décimo disco de originais, o grupo formado por Brendan Perry e Lisa Gerrard, na Austrália em 1981, abandona a sua editora de sempre, a 4 AD, e grava para a Pias Recordings.
Não estando perante um disco que apresente algo de novo em relação aos álbuns editados pelo grupo, "Anastasis" é mais um trabalho de grande nível, o que acaba por não surpreender, pois uma das características dos Dead Can Dance é não conseguirem editar discos de fraca qualidade, e para provar isso basta percorrer, até de forma aleatória, a sua discografia, desde "Dead Can Dance" de 1984 até este "Anastasis", de 2012.
Mesmo estando praticamente inactivos durante os últimos dezasseis anos, os Dead Can Dance conseguem manter o nível qualitativo de uma música que funde vários estilos de uma forma única e que nos leva numa viagem de cerca de cinquenta minutos, durante a qual percorremos vários continentes através de sons e cheiros criados subtilmente, que nos transportam até ao continente asiático, ou ao africano, ou ao europeu, sem nunca perder a identidade do grupo e a sua forma de interpretar uma música muito própria mas abrangente, na qual momentos de densidade contagiante e mágica da voz de Brendan Perry, contrastam com momentos de beleza melódica e inebriante da voz de Lisa Gerrard, e essa conjugação de vozes e sons, acaba por nos prender e seduzir durante a audição de um disco extremamente equilibrado, sem pontos fracos ou fortes, do qual não é possível destacar uma música, mas sim um conjunto composto por todos os oito temas que o compõem, que fazem parte de algo que nos satisfaz ao juntar duas excelente vozes, que somente em "Return Of The She-King" funcionam em dueto, mas que graças aos exercícios vocais aliados à beleza sonora do grupo, fazem de "Anastasis" um dos melhores trabalhos do corrente ano, o que, como referi no início, não surpreende, pois tem o "selo de garantia" Dead Can Dance.

01 - Children of The Sun
02 - Anabasis
03 - Agape
04 - Amnesia
05 - Kiko
06 - Opium
07 - Return Of The She-King
08 - All In Good Time

Nota - 8.8/10

P.S. - Os Dead Can Dance vão actuar na Casa da Música no próximo dia 24 de Outubro, num concerto para o qual os bilhetes esgotam em hora.

08/08/12

Ao vivo... Festival Músicas do Mundo 2012

Data - 20 e 21 de Julho de 2012
Local - Castelo de Sines
Notas - Comentários já publicados neste blog.

Ao vivo... Marc Ribot y Los Cubanos Postizos

Data - 21 de Julho de 2012
Local - Castelo de Sines
Notas - Marc Ribot, considerado por muitos como um dos melhores guitarristas da actualidade, apresentou-se no Festival Músicas do Mundo com o seu projecto mais conhecido, Marc Ribot Y Los Cubanos Postizos, e que foi criado em 1998.
Com bastantes influências da música anglo-saxónica, fundida com ritmos cubano em alguns momentos, o resultado final acaba por ser muito interessante, se bem que em algumas partes se torne monótono, mas essa monotonia acaba por surgir de forma natural, devido ao contagiante ritmo da música cubana, pois quando há uma alteração do estilo cubano para o estilo anglo-saxónico surge uma quebra de ritmo, ou um ritmo menos apelativo ao movimento dos corpos.
Marc Ribot Y Los Cubanos Postizos, são um projecto que vale a pena descobrir e que é formado por:

Marc Ribot - Guitarra e voz
Anthony Coleman - Piano
Brad Jones - Baixo
Ej Rodriguez - Bateria e percussões
Horácio "El Negro" Hernandes - Percussões

07/08/12

Ao vivo... Lizz Wright e Raul Midón

Data - 19 de Julho de 2012
Local - Jardim Marquês de Pombal - Oeiras
Notas - Devido à quantidade de espectáculos que as empresas organizadoras agendam durante este período de verão, não foi de estranhar o aspecto desolador do bonito recinto do Jardim Marquês de Pombal, em Oeiras.
Numa noite de verão, mas fria, era pouco o público presente para a recepção a Lizz Wright e Raul Midón.
Na primeira parte do concerto, esteve presente a portuguesa Elisa Rodrigues que, aos 25 anos e no ano em que lança o seu álbum de estreia "Heart Mouth Dialogues", é já considerada uma das grandes revelações, do panorama musical português, no campo do Jazz. Elisa Rodrigues não desiludiu e demonstrou boas qualidades vocais, não se inibindo perante uma plateia quase deserta, o que revelou alguma maturidade e segurança, num concerto curto mas agradável.
Lizz Wright e Raul Midón proporcionaram um bom concerto.
A excelente voz de Lizz Wright, que não está presa ao jazz tradicional e vagueia ligeiramente por vários estilos musicais do seu país, desde o Gospel tradicional ao Soul, cria uma "fusão" de estilos extremamente interessante, à qual se juntou o virtuosismo de Raul Midón na viola, com a sua forma de tocar que também foge ao Jazz tradicional dando à música um toque peculiar, no qual são evidentes as influências das raízes do músico que se repartem pela argentina e pelos ambientes afro-americanos. Estes dois estilos de cantar e tocar e estas duas maneiras de interpretar a música, conjugam-se na perfeição, proporcionando bons momentos a quem os ouve.

06/08/12

Ao vivo... Sunny Murray Trio

Data - 03 de Agosto de 2012
Local - Anfi-Teatro da Fundação Calouste Gulbenkian
Notas - Apesar do seu inegável talento como baterista de Jazz, e com uma forma muito peculiar de tocar, Sunny Murray - acompanhado por John Edwards no contrabaixo e Tony Bevan no saxofone tenor - não conseguiu empolgar nem entusiasmar - quase que é possível dizer minimamente - o público que praticamente encheu o idílico espaço da Fundação Calouste Gulbenkian.
Um palco com um conjunto de luzes sóbrias que, projectadas nas árvores, proporcionavam um cenário lindíssimo, sendo talvez isso o melhor da noite.
O grupo esteve em palco perto de uma hora, fazendo um intervalo ao fim de vinte minutos, o que ainda quebrou mais o ambiente vivido, que já não era bom.
Esta pausa fez com que uma parte do público abandonasse o espaço nessa altura.

04/08/12

Baxter Dury... Happy Soup

Baxter Dury nasceu no dia 8 de Novembro de 1972, em Inglaterra.
Filho de Ian Dury, começou as suas aventuras musicais aos 30 anos, começou as suas aventuras musicais aos 30 anos, com a edição em 2002 do disco "Len Parrot's Memorial Lift", editado pela  Rough Trade dois anos após  morte do pai, o criador do   já clássico "Sex and Drugs and Rock N Roll", que faleceu no dia 27 de Março de 2000, vitima de cancro.
Após uma relativa boa aceitação por parte do público do seu primeiro disco, Baxter Dury editou em 2005, ainda para a Rough Trade, "Floor Show", disco que foi bem recebido pela critica em geral, e que funcionou como confirmação do seu talento musical num estilo Indie-Pop, com a sua forma suave de tocar e cantar.
Após um intervalo de 6 anos, Baxter está de volta às edições discográficas, com este "Happy Soup", editado pela Regal.
Neste disco são evidentes as influências do estilo musical que o pai, Ian Dury, desenvolveu durante toda a sua carreira, com um pouco de New Wave à mistura com um pop ligeiro e alguns bons pormenores instrumentais.
"Happy Soup" é um disco equilibrado, que tanto navega pelos mares da New Wave como pelo Dream Pop suave, chegando mesmo a aproximar-se de uma toada mais comercial com o tema de abertura, "Isabel", uma canção bem ritmada, com um refrão bem colocado e bons pormenores ao nível de guitarras, o que acaba por ser uma constante ao longo dos dez temas que fazem parte do disco, do qual dificilmente se consegue destacar um, música, pois todos eles são de bom nível.
Se em alguns casos existe um certo abuso no uso de coros, como por exemplo "Claire", outros  há em que eles surgem de uma maneira perfeita, num disco de bom nível, editado por um músicos que ao terceiro disco consegue manter os níveis de qualidade dos anteriores, sendo portanto, alguém a seguir com atenção.

01 - Isabel
02 - Claire
03 - Leak At Disco
04 - Afternoon
05 - Happy Soup
06 - Trellic
07 - Picnic On The Edge
08 - Hotel in Brixton
09 - The Sun
10 - Trophies

Nota - 7.9/10

03/08/12

Ao vivo... Oumou Sangaré e Béla Fleck

Data - 20 de Julho de 2012
Local - Castelo de Sines
Notas - Não é possível negar alguma expectativa quanto ao resultado final da colaboração de Béla Fleck, considerado o melhor banjoísta da actualidade, com a excelente voz da cantora do Mali, Oumou Sangaré.
Ha cerca de sete anos, Béla Fleck deslocou-se a África, continente de onde é oriundo o banjo, e de imediato se apaixonou, não só pelo continente, como também pela música africana, e é na sequência dessa paixão que surge este projecto, com uma das melhores cantoras do continente e com quem gravou o disco "Throw Down Your Heart, Africa Sessions, Part. 2" que venceu o Grammy para o melhor trabalho de World Music, no ano de 2011, e que foi, também, o 14º Grammy para Béla Fleck.
Como defensora acérrima dos direitos das mulheres e de grande intervenção política, Oumou Sangaré, não deixou de fazer uma breve referência ao que se tem passado ultimamente no seu país, Mali.
Musicalmente falando, foi um concerto muito bom, com músicos de grande nível, que proporcionaram bons momentos e com grande animação.

Formação:

Oumou Sangaré - Voz
Béla Fleck - Banjo
Will Calhoun - Bateria e percussões
"Benogo" Diakite - Kamele N'Goni
Alioune Wade - Baixo
Dandjo Sidibe - Coros

Setlist... Peter Gabriel

Setlist do concerto de Peter Gabriel no Festival Super Bock Super Rock de 2012

01 - Heroes (David Bowie Cover)
02 - Intruder
03 - Secret World
04 - Après Moi (Regina Spektor Cover e dueto com R. Spektor)
05 - San Jacinto
06 - Diggin In The Dirt
07 - Signal To Noise
08 - Downside Up
09 - The Rhythm Of The Heat
10 - Red Rain
11 - Solsbury Hill
12 - Biko

Encore

13 - In Your Eyes
14 - Don't Give Up

02/08/12

Ao vivo... Dead Combo

Data - 21 de Julho de 2012
Local - Castelo de Sines
Notas - Os portugueses Dead Combo passaram pelo Festival Músicas do Mundo para a abertura do segundo dia do primeiro fim-de-semana, proporcionando um bom concerto. Se momentos há em que a música do grupo aborrece um pouco, noutros momentos consegue empolgar, criando um misto de quase sonolência com excitação e empolgamento.
Neste concerto, o grupo contou com a colaboração daquele que é considerado por muita gente um dos melhores guitarristas da actualidade, Marc Ribot, e ainda com o português Alexandre Frazão na bateria, e foi nessa altura que a música do grupo soou melhor, pois ganhou mais ritmo e foi visível o prazer dos músicos em palco.

Ao vivo... Coldplay

Data - 02 de Junho de 2012
Local - London Emirates Stadium
Notas - Depois de ter assistido ao concerto dos Coldplay no Estádio do Dragão no Porto, é inevitável a comparação (ou falta dela) entre este concerto e o do Dragão.
Com um alinhamento igual, da primeira à última música, e com uma máquina a funcionar perfeitamente, o grupo que se formou em 1998 em Londres não surpreendeu nem desiludiu, se bem que fosse bastante visível no semblante dos músicos, o facto de estarem a tocar na sua cidade perante um estádio com a imponência do London Emirates Stadium completamente esgotado, e nem a habitual chuva de Londres arrefeceu os ânimos, quer dos músicos quer do público.
Relativamente à actuação de Rita Ora, que apresentou alguns temas do seu primeiro disco, "Ora", apesar de não ter deslumbrado, também não desiludiu, cumprindo o seu papel sem conseguir empolgar o público.
O mesmo aconteceu com Robyn, já mais experiente, mas que também não conseguiu agarrar o público. Interpretou dez temas de alguns dos seus discos já editados e algumas covers, entre as quais "Every Teardrop is a Waterfall", dos Coldplay.

Setlist... Rita Ora

Setlist do concerto de Rita Ora no Emirate Stadium (Londres)

01 - Intro
02 - Roc the Life
03 - How We Do (Party)
04 - Hot Right Now
05 - Shine your Light
06 - R.I.P.

30/07/12

Ao vivo... Spain

Data - 19 de Maio de 2012
Local - Hard Club, Porto
Notas - Excelente concerto da banda liderada por Josh Haden formada em 1993 e que regressou aos discos e aos palcos, após um intervalo superior a dez anos. Banda de culto nos anos 90, editou agora "The Soul Of Spain" e foi esse disco que serviu de suporte a este espectáculo, apesar de não terem ficado de fora  os temas mais antigos e que ocuparam a primeira parte do concerto.
Na segunda parte, o grupo tocou, principalmente, temas do novo disco, um trabalho brilhante, num concerto intimista e que deliciou o público que, infelizmente, não conseguiu encher a magnífica sala do renovado Hard Club, que se mudou para a cidade do Porto, instalando-se no antigo mercado Ferreira Borges, na Ribeira.

Ao vivo... Avô Cantigas

Data - 12 de Maio de 2012
Local - Teatro Tivoli
Notas - Espectáculo de alguém que entretém os mais jovens e que passa de geração em geração.

26/07/12

Ao vivo... Frigg

Data - 20 de Julho de 2012
Local - Castelo de Sines
Notas - Oriundos da Finlândia, os Frigg apresentaram-se em Sines para uma dança colectiva, com o seu folk a fazer lembar "Bluegrass" e que o próprio grupo auto-denomina como "Nordgrass". Com uma música assente em violinos, violas e contrabaixo e uma boa disposição em cima do palco, foi com imensa facilidade que o grupo conseguiu transmitir para a plateia um ambiente de festa.
Logo aos primeiros acordes do grupo, uma onda de alegria propagou-se pela assistência que quase enchia o recinto e criou-se um ambiente de grande festa, no entanto, ao fim de algum tempo a música dos Frigg torna-se algo repetitiva, mas nem isso fez com que a alegria fosse quebrada, e este septeto que já tem uma longa carreira com seis discos editados, proporcionou um concerto muito agradável.

Formação:

Alina Jarvela - Violino
Tero Hyvaluoma - Violino
Tommi Asplund - Violino
Antti Jarvela - Contrabaixo
Thomas Logren - Guitarra
Petri Prauda - Bandolim, Cistre e Gaitas

Ao vivo... L'Enfance Rouge com Lofti Bouchnak

Data - 20 de Julho de 2012
Local - Castelo de Sines
Notas - O projecto L'Enfance Rouge que inclui elementos franceses e italianos e que desenvolve um estilo musical muito próximo do rock progressivo, apresentou-se nesta edição do Festival Músicas do Mundo com o tunisino Lofti Bouchnak, considerado um dos melhores intérpretes da canção árabe.
Se os L'Enfance Rouge eram repetentes no festival, já Lofti Bouchnak fazia a sua estreia, e a expectativa em ver como é que ia resultar esta fusão de dois estilos tão diferentes, aparentemente incompatíveis, era imensa, e, para surpresa de todos, apesar de algumas sonoridades mais estranhas às quais se aliava a postura dos músicos em palco, resultou plenamente.
O contraste de uma postura repleta de energia por parte dos elementos dos L'Enfance Rouge, com a postura mais sóbria e discreta dos músicos de Bouchnak e ainda com o seu fantástico dançar gestual, criaram um ambiente que enfeitiçou o público, fazendo com que o mesmo ficasse perplexo a olhar para o palco e que, no final do concerto, fosse visível nos rostos dos espectadores um enorme ar de satisfação.
Um espectáculo de de grande nível.
O grupo era composto por:

Lotfi Bouchnak - Voz
François R. Cambuzat - Guitarra e voz
Chiara Locardi - Baixo e voz
Jacopo Andreini - Bateria
Addelhakim Kayed - Alaúde (oud)
Abdelmajid Ben Adfallah - Violino
Ahme d Chaibi - Qânun

25/07/12

Ao vivo... Al-Madar

Data - 20 de Julho de 2012
Local - Castelo de Sines
Notas - Liderado pelo libanês Bassam Saba, o projecto Al-Madar da New York Arabic Orchestra, pretende estabelecer através de sonoridades e ambiências musicais, uma circunferência (significado de Al-Madar) entre a música árabe e toda uma panóplia de sons originários de uma grande e cosmopolita cidade como New York.
Acompanhado pelo ensemble Al-Madar, composto por quatro músicos oriundos da orquestra, Bassam Saba apresentou-se nesta edição do Festival Músicas do Mundo em Sines para nos apresentar temas do álbum editado em 2010, "Wonderful Land".
A fusão da música de raiz árabe de tradições milenares, com a música anglo-saxónica de cariz mais moderno, resulta de forma brilhante e consegue cativar o público, apesar de em alguns momentos parecer algo muito estranho, mas esse é um dos fascínios da chamada "World Music", principalmente quando entra pelo campo da fusão de vários estilos musicais.
A formação que tocou em Sines, foi:

Bassam Saba - Alaúde (oud), Nay, Saz, Flauta Ocidental e Violino
April Centrone - Bateria e Percussões
Timba Harris - Violino e Trompete
Gyan Riley - Guitarras
Brian Holtz - Baixo

16/07/12

Setlist... Radiohead



Setlist do concerto dos Radiohead no Optimus Alive 2012

Bloom
15 Step
Morning Mr. Magpie
Staircase
Weird Fishes / Arpeggi
The Gloaming
Separator
Pyramid Song
I Might Be Wrong
Climbing Up The Walls
Nude
Exit Music (For a Film)
Lotus Flower
There There
Feral
Bodysnatchers

Encore

Give Up The Ghost
Reckoner
Lucky
Paranoid Android
Everything In Its Right Place (with Thee One I Love intro)
Idioteque

Encore 2
Street Spirit (Fade Out)

09/07/12

Setlist... Perfume Genius


Setlist do concerto de Perfume Genius, no Super Bock Super Rock 2012:

Awol Marine
Normal Song
Take Me Home
Lookout, Lookout
No Tear
17
Dark Parts
Helpless
When
Rusty Chains
Learning
All Waters
Hood
Oh Father
Mr. Peterson
Dreem
Katie

15/06/12

Setlist... Robyn


Setlist do concerto de Robyn, no Emirate Stadium

01 - We Dance To The Beat
02 - Don't Fucking Tell Me What To do
03 - Dancing On My Own
04 - Be Mine!
05 - Hang With Me
06 - Indestructible
07 - Call Your Girfriend
08 - Every Teardrop is a Waterfall (Coldplay Cover)
09 - With Every Heartbeat

11/06/12

Pulseira... Festival para Gente Sentada

Pulseira do Festival para Gente Sentada, edição de 2012

08/06/12

Ao vivo... Festival Primavera Sound

No primeiro dia da primeira edição do Festival Primavera Sound no Porto, as expectativas no que diz respeito à afluência de público, foram confirmadas, pois o objectivo da organização era cerca de 20000 pessoas, e estiveram presentes, segundo os dados da mesma, cerca de 20750, na sua maioria estrangeiros.
O primeiro grupo a actuar nesta edição do Primavera Sound foram os portugueses Stopestra, a que se seguiram os espanhois Bigott.
À chegada ao recinto, após a respectiva troca do bilhete pela pulseira e um cartão (para evitar falsificações), estava a começar a sua actuação Atlas Sound, o projecto a solo de Bradford Cox, dos Deerhunter. Acompanhado por viola acústica e harmónica, às quais momentaneamente adicionava ritmos e sons extraídos de osciladores, Bradford Cox não conseguiu entusiarmar o público presente, não só pelo facto de o seu estilo de música não ter funcionado neste espaço, mas também porque o espírito do público estava um pouco em "regime de fim de tarde, início de noite", ou seja, descansava-se de um dia de trabalho ou de viagem, para poder aguentar uma noite de música. Para além destes dois condicionantes, o som não ajudou, pois estava demasiado alto e com bastantes distorções. Numa sala pequena, talvez funcione.
Após o fraco concerto de Atlas Sound, há que andar um pouco para o lado, para o palco Optimus onde ia tocar o françês Yann Tiersen que, de forma algo redutora é conhecido como o senhor que fez a banda sonora do filme "Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain. Detentor de uma extensa discografia, rodeado por excelentes músicos, Tiersen desdobrou-se entre as teclas, violino, guitarra e voz e deu um concerto brilhante. Se dúvidas existiam sobre a forma como a música de Tiersen funcionaria ao vivo, elas dissiparam-se por completo. Não é pela sua característica, por vezes minimalista e introspectiva, simultaneamente conceptual desconexa, agressiva e suave, que a música de Yann Tiersen não funciona, e a prova disso foi que assistimos a um concerto fabuloso e que, durante uma hora, nos deixou "de boca aberta" e quase sem capacidade de reacção.
Após o bom concerto de Yann Tiersen, estamos de volta ao palco Primavera onde iam actuar os The Drums, banda norte-americana que lançou o primeiro disco em 2009 e desde então é apresentada como uma das novas bandas mais promissoras da actualidade. Durante a hora que estiveram em palco o grupo liderado por Jonathan Pierce, apresentou uma série de canções que entusiasmaram a plateia, mas nunca chegando ao ponto de a empolgar. Os autores do êxito "Let's Go Surfing", tocam um  pop melódico, suave e bastante agradável, mas na minha opinião, parecem não ser capazes de dar o salto para um nível mais alto, para o nível em que os costumam colocar, como a próxima grande banda. No final do concerto, Jonathan disse que andavam em digressão há três anos, e que essa digressão termina agora e que precisam de descansar. Pode ser que esta pausa venha a ser benéfica para o grupo e para a sua criatividade. Vamos aguardar pelo próximo disco do grupo.
Novo intervalo (sempre de 15 minutos), nova mudança de palco, e eis que os Suede começam o seu concerto que, durante uma hora e trinta minutos entusiamou e empolgou os mais de vinte mil espectadores. A banda de Brett Anderson, em digressão de reunião há quase dois anos é como o vinho do Porto "quanto mais velhos melhores". A "máquina" está bem oleada, e Brett Anderson e os Suede continuam a dar concertos fenomenais.
Apesar de não apresentarem temas novos, a vasta discografia do grupo e os temas fortes de alguns álbuns permitem-lhes poder apresentar uma série de canções fabulosas e empolgantes, como por exemplo "So Young" do primeiro disco "Suede" de 1993, "Trash", "Saturday Night", "Beautiful Ones" de "Coming Up" de 1997, ou ainda "Can't Get Enough"de "Head Music" de 1999 e que funciona muito bem ao vivo.
Foi, sem qualquer dúvida um concerto de grande nível e só é pena que o grupo não apresente nenhum tema novo durante os concertos.
Depois da actuação dos Suede é chegada a vez dos Mercury Rev de Jonathan Donahue, grupo que editou em 1998 um dos melhores discos dos ultimos vinte anos, "Deserter's Songs" em 1998. Desde então, a carreira do grupo em termos discográficos estagnou e nunca mais conseguiram apresentar nenhum trabalho de grande nível, mesmo tentando novas experiência sonoras, como por exemplo em "The Secret Migration" de 2005, em que entraram pelos campos da "New Age" e, diga-se em abono da verdade, de uma forma muito fraca.
Quanto ao concerto, não faltaram os grandes temas desse disco de 1998 e a postura do grupo foi birlhante, provando que, se em termos discográficos a produção tem sido muito fraca, no que à qualidade de execução musical diz respeito, os Mercury Rev continuam a ser grandes músicos e de grande presença em palco, pois para além de serem bons músicos, conseguem transportar para o palco toda uma vertente de representação verdadeiramente fantástica, mantendo-nos presos ao espectáculo.
Este foi um dos grandes concertos deste primeiro dia do Primavera Sound. A haver um vencedor, eles seriam os Mercury Rev, mas pode ser uma injustiça, pois quer Yann Tiersen, quer os Suede, deram grandes concertos.

07/06/12

Ao vivo... Coldplay

Data - 18 de Maio de 2012
Local - Estádio do Dragão
Notas - Artigo já publicado neste blog.

Recortes... Coldplay

Xyloband do concerto no Emirate Stadium, Londres

06/06/12

Recortes... Coldplay

Xyloband, a pulseira interactiva que foi entregue à entrada do concerto dos Coldplay no Porto, que  era posta a funcionar (luzes) pela produção da banda em determinados momentos do concerto, criando um ambiente interessante.

Setlist... Kaiser Chiefs

Setlist do concerto dos Kaiser Chiefs no Rock in Rio 2012

Never Miss a Beat
Everyday I Love You Less and Less
Everything is Average Nowadays
On The Run
I Predict a Riot
Kinda Girl You Are
Listen To Your Head
Ruby
The Angry Mob
Take My Temperature
Oh My God

05/06/12

Setlist... Coldplay

Setlist do concerto dos Coldplay no Emirate Stadium (Londres)

Mylo Xyloto
Hurts Like Heaven
In My Place
Manjor Minus
Lovers in Japan
The Scientist
Yellow
Violet Hill
God Put a Smile Upon Your Face
Princess of China
Up in Flames
Warming Sign
Don't Let It Break Your Heart
Viva La Vida
Charlie Brown
Paradise
Us Against The World
Speed of Sound
Clocks
Fix You
Every Teardrop is a Waterfall

Setlist... James

Setlist do excelente concerto dos James no Rock in Rio 2012

Whiteboy
Ring The Bells
Laid
She's a Star
Getting Away With It
Out To Get You
Johnny Yen
Stutter
Sound
Tomorrow
Sometimes
Sit Down

Ao vivo... Festival Rock in Rio

Data - 03 de Junho de 2012
Local - Parque da Bela Vista
Notas - Ultimo dia da 5ª edição do Festival Rock in Rio por terras lusas, e para o encerrar, nada melhor que um Boss, uma lenda viva da história do música: Bruce Springsteen, que regressa a Portugal dezanove anos depois do único concerto que deu por cá, no dia 01 de Maio de 1993, Estádio de Alvalade.
Para este dia de encerramento eram esperadas cerca de 80000 pessoas, mas à hora que os Kaiser Chiefs subiram ao palco principal estariam pouco mais de 30000 nessa zona, pois muitos aproveitaram os primeiros momentos do dia para vaguear um pouco pela auto-denominada cidade do rock, para estarem nas filhas dos sofás insufláveis, para fazerem cortes de cabelo idiotas, para esperarem horas nas filas dos carrosséis e desse modo matarem saudades da feira popular, e ainda para andarem pelo recinto em busca de lembranças que, quando da próxima arrumação de gavetas em casa, têm o seu destino traçado: o caixote do lixo ou, se seguirem os princípios ecológicos, para reciclagem.
Mas, vamos ao que interessa: a música e, pelo menos neste aspecto o dia prometia, com uns divertidos Kaiser Chiefs a abrir, ao quais se seguiam os James, uma banda que não sabe dar maus concertos, para depois entrarem em palco os Xutos e Pontapés, o tal grupo de quem se pode afirmar que "há mais pessoas em Portugal que nunca viram o mar, do que pessoas que nunca viram os Xutos",  e, a seguir, um senhor que do "alto" dos seus 62 anos, continua a ser um fenómeno de força, garra e entrega: Bruce Springsteen.
No que diz respeito aos Kaiser Chiefs, o grupo britânico formado em 2003 e liderado pelo imprevisível Ricky Wilson, conseguiu empolgar a plateia, mais pela presença em palco de Ricky do que pela música que o grupo tocou de forma enérgica e cheia de garra, só que continua muito preso, quase refém, do primeiro disco, "Employment" de 2003, e a prova disso foi que as músicas mais empolgantes e que conseguiram levar ao rubro os espectadores, foram "I Predict a Riot", "Oh My God" ou "Everyday I Love You Less and Less", por exemplo. Apesar de alguma indiferença do público perante temas dos outros discos já editados, a energia de Ricky Wilson torna-se contagiante e, graças a isso, o grupo oriundo de Leeds deu um bom concerto.
Após um curto intervalo, eis que sobe ao palco uma banda que desperta em muita gente uma imensa curiosidade, por um simples facto: os James não sabem dar maus concertos. É impressionante como  conseguem superar a adversidade de estarem perante um mar de gente que não está lá especificamente para os ver, e conseguem dar um concerto fabuloso, perfeito, com o fascinante e inebriante estilo de dança de Tim Booth, a sua extraordinária voz, a presença em palco sem grandes espalhafatos e correrias como o grupo anterior, mas uma presença enérgica e sedutora, que consegue fazer esquecer o motivo que levou os cerca de 80000 espectadores à Bela Vista e faz com que participem, cantem e saltem como se não houvesse mais ninguém a seguir, até que, passado pouco mais de uma hora, os James despedem-se e abandonam o palco, fazendo com que acordemos de um quase sonho e eis-nos de volta à realidade, e essa realidade é o concerto que se segue, os Xutos e Pontapés.
Confesso não perceber a razão que levou a organização a colocar os Xutos e Pontapés a seguir aos James. Não quero com isto afirmar que Tim, Zé Pedro, Cabeleira e Kalu não mereçam, mas acho que seria muito mais justo os James tocarem a seguir aos Xutos, um grupo que já há imenso tempo não acrescenta nada de novo aos seus concertos. São as mesmas músicas, os mesmos gestos, o mesmo visual, a mesma postura em palco. Ao fim e ao cabo é mais do mesmo, mas acaba por resultar, pois como as canções são sempre as mesmas, as pessoas já sabem as letras de cor, o que, se por um lado é positivo pois cria entusiasmo, por outro lado não deixa de dar a entender alguma falta de criatividade do grupo no sentido de produzirem canções novas que façam esquecer as antigas. A regra tem funcionado e em equipa que ganha não se mexe, mas acaba por aborrecer.
Depois do concerto dos Xutos e Pontapés, e após um intervalo maior do que o normal, eis que entra em palco alguém de quem  o jornalista John Landau disse, em Maio de 1974, "Eu vi o futuro do rock n' Roll e o seu nome é Bruce Springsteen. Numa noite em que precisei de me sentir jovem, ele fez com que me sentisse como se estivesse a ouvir música pela primeira vez".
Esta frase, dita numa crítica a um concerto de Bruce Springsteen por alguém que mal o conhecia e que mais tarde se tornou seu empresário, diz tudo sobre este grande músico.
Bruce Springsteen em palco é arrasador e não precisa de confetes, de grandes jogos de luzes, de fogo de artifício, nem nenhum tipo de adereços para proporcionar um excelente concerto de rock puro, e passados praticamente 40 anos desde a edição do seu primeiro disco, "Greetings From Asbury Park, N. J.", a sua música continua  a funcionar e a passar de geração em geração, e um dos maiores exemplos disso é "Because The Night", tema deste primeiro disco e que continua a empolgar quem o ouve, o que, aliás, é uma característica da música de Springsteen, pois fica a ideia que os seus concertos vão muito para além da música e tornam-se uma espécie de celebração onde toda a gente é feliz, quase criando a ideia que estamos no mundo ideal. A felicidade dos músicos em palco, a entrega e a energia que libertam são contagiantes e, coincidência ou talvez não, é engraçado apreciar os raios de felicidade espelhados na cara das pessoas que, como Landau referiu na altura estão a ali como se estivessem a ouvir música pela primeira vez, só que desta vez sabem as letras e cantam, gritam e saltam até à exaustão.
Atrevo-me a afirmar que este concerto que durou duas horas e vinte minutos, arrisca-se a ser considerado o melhor concerto do ano de 2012, em Portugal.
Para finalizar formalizo um desejo: que Bruce Springsteen não demore tanto tempo a regressar a Portugal e que venha em breve.

04/06/12

Setlist... Bruce Springsteen

Setlist do concerto de Bruce Springsteen no Rock in Rio 2012, Lisboa.

01 - We Take Care Of Our On
02 - Wrecking Ball
03 - Badlands
04 - Death To My Hometown
05 - My city Of Ruins
06 - Spirit In The Night
07 - Because The Night
08 - No Surrender
09 - She´s The One
10 - I'm On fire
11 - Shackled and Drawn
12 - Wait In' On  Sunny Day
13 - The River
14 - Lonesome Day
15 - We Are Alive
16 - Thunder Road
17 - Born In The USA
18 - Born to Run
19 - Glory Days
20 - Hungry Heart
21 - Dancing In The Dark
22 - Thent Avenue Freeze-Out

01/06/12

Ao vivo... Festival Rock in Rio 2012

Data - 26 de Maio de 2012
Local - Parque da Bela Vista
Notas - Depois de no primeiro dia o número de espectadores ter rondado os 42000, não posso deixar de manifestar alguma surpresa pela afluência deste segundo dia em que superada a barreira dos 80000 espectadores, e maior surpresa ainda (ou talvez não), foi o facto de a maior parte desses espectadores ter debandado assim que acabou o concerto dos Linkin Park, deixando o imenso Parque da Bela Vista com um aspecto desolador para o grupo que encerrava o dia, os Smashing Pumpkins.
O primeiro grupo a subir ao palco foram os americanos Limp Biskit, que deram um concerto extremamente fraco e a demonstrarem que o seu estilo musical está algo decadente. Não deixa de ser relevante que num alinhamento de dez músicas, seis delas tenham saído do mesmo disco "Chocolate Starfish and the Hot Dog Flavored Water" de 2000 e que foi o disco de maior sucesso de um grupo que já tem oito discos editados, e mais relevante ainda é o facto de terem tocado somente o tema "Bring It Back", de "Gold Cobra", ultimo disco editado pelo grupo, em 2011. Outra coisa que também ajudou a que o concerto fosse fraco e sem ritmo, não conseguindo agarrar o público, foram os intervalos entre as canções que em alguns casos eram extremamente longos.
Para contrastar com o concerto morno dos Limp Biskit, os também norte-americanos Offspring entraram em palco com um ritmo muito interessante, com o seu punk-pop, e apresentaram o alinhamento tipico de festivais, o tal jeito Best Of, que percorreu alguns discos da já longa carreira deste grupo que se formou em 1985 e que vai lançar no próximo mês o álbum "Days Go By", do qual  foi possível ouvir o tema que dá nome ao disco e que pareceu ser interessante. No entanto, a música do grupo torna-se repetitiva, e mesmo com um início muito bom em termos de concerto, chega-se a uma determinada altura em que aborrece. Foram dezasseis temas que percorreram a discografia do grupo, como por exemplo, os álbuns "Smash" de 1994, "Americana" de 1998 e "Splinter" de 2003, entre outros. Com um som de grande nível e uma boa presença em palco, o grupo liderado pelo carismático Dexter Holland, podia ter dado um excelente concerto, mas acabou por dar um bom concerto.
Depois do aborrecido concerto que abriu o palco principal e do que se lhe seguiu, a expectativa para o Linkin Park era enorme. Surpreendentemente, os Linkin Park acabaram por proporcionar o melhor concerto do dia para uma multidão que, ao contrário do que muita gente pensava, estava lá para os ver, para poder apreciar a forma brilhante como o grupo de Los Angeles concilia o cantor Chester Bennington com o rapper Mike Shinoda em excelentes duetos, aliados a uma panóplia de efeitos sonoros produzidos pelo DJ Joe Hahn e a um bom ritmo por parte do baterista Rob Bourdon, e ainda pela sonoridade Metal de Brad Delson. O estilo Nu-Metal do grupo ainda funciona, apesar de alguma crítica afirmar que é um estilo musical ultrapassado.
Os Linkin Park provaram o contrário e, mesmo no tema novo que tocaram, "Burn It Down", do álbum "Living Things" a editar brevemente, conseguiram agarrar o público da mesma forma como o agarraram durante toda a noite, através de um alinhamento bem escolhido de modo a que não existissem momentos fracos ou monótonos que pudessem quebrar o ritmo do espectáculo e o entusiasmo do público, que não se cansou de aplaudir e cantar alguns temas (impressionante no medley "Loatr / Sotd / Iridescent), chegando ao ponto de, apesar da excelência do som, a voz dos músicos mal se ouvir, não por estar baixa ou fraca, mas sim porque o entusiasmo era muito grande, para aquele que acabou por ser o melhor concerto do dia e, seguramente, um dos melhores da edição deste ano do Rock in Rio.
Como já foi referido, após o concerto dos Linkin Park assistiu-se a uma debandada de mais de metade dos espectadores, muitos dos quais assumiam não conhecer nenhuma música de um grupo que obteve grande sucesso nos anos 90, e que desde a sua formação no ano de 1987 em Chicago, é liderado por Billy Corgan, tendo passado por Portugal no passado mês de Dezembro, no Campo Pequeno. Estabelecendo uma comparação entre estes dois concertos, se no alinhamento do Campo Pequeno alguns dos grandes êxitos do grupo ficaram de fora, como por exemplo "Today", "Ava Adore" ou "1979", já neste no Parque da Bela Vista, o alinhamento percorreu esses hits, para além de alguns temas novos do próximo "Oceania", a editar em breve.
Apesar do alinhamento apresentardo ser bom, o concerto desiludiu, pois Billy Corgan excedeu-se nos solos de guitarra que eram demasiado longos para poderem entusiasmar uma plateia que, se por um lado mal conhecia a obra do grupo, por outro lado mostrou não ser grande apreciadora de devaneios musicais, e nesses momentos demonstrava um enorme desinteresse pelo que se estava  passar em palco. Para além disto tudo, o som esteve mau, com falhas de voz e, talvez pelo vento que de vez em quando se fazia sentir, a música ficava como que vazia, pois deixavam de ser audíveis certos intrumentos em algumas partes. Resumidamente foi um mau concerto por parte dos Smashing Pumpkins de Billy Corgan, e atrevo-me a afirmar que foi o pior concerto deste primeiro fim-de-semana de Rock in Rio 2012.

30/05/12

Ao vivo... Festival Rock in Rio 2012

                                                     

Data - 25 de Maio de 2012
Local - Parque da Bela Vista
Notas - O primeiro dia do Festival Rock in Rio 2012 foi, ao contrário do habitual, dedicado aos sons mais pesados, no que ao palco principal diz respeito, tendo passado por lá os Sepultura com os Tambours du Bronx, Mastodon, Evanescence e Metallica.
O primeiro concerto neste palco aconteceu ainda o sol brilhava, às 19 horas, com os Sepultura a entrarem em palco acompanhados pelo colectivo francês "Les Tambours du Bronx", grupo formado nos anos 80, inicialmente composto por 18 membros cuja música assenta numa experiência de percussões de cariz muito urbano, com uma sonoridade agressiva mas bem elaborada. Este tipo de som, estranho mas ritmado, acabou por funcionar muito bem com o Death Metal / Trash Metal dos Sepultura, acabando por ter um efeito apaziguador na agressiva música do grupo que se formou no Brasil em 1984 e que desde então tem mantido uma carreira regular e tem passado diversas vezes por Portugal, sempre com bons concertos, e este não foi excepção.
Depois do bom espectáculo proporcionado pelos Sepultura e os Tambours du Bronx, é chegada a vez dos Mastodon tocarem para os cerca de 43000 espectadores que foram ao primeiro dia desta edição do Rock in Rio.
Não fosse pelo facto de o concerto ter sido demasiado curto (cerca de 45 minutos) o grupo que se formou em Atlanta no ano de 1999, teria dado o melhor concerto do dia. Com um som de grande nível, aliado à já famosa e primorosa execução musical dos membros do grupo - Troy Sanders (baixo e voz), Brent Hinds (guitarra e voz), Brann Dailor (bateria) e Bill Kelliher (guitarra) - os Mastodon mostraram o porquê de serem considerados uma das melhores bandas dentro do seu estilo musical, estilo esse que vagueia por um heavy metal com pequenos pormenores de rock progressivo e post-hardcore, e a música do grupo funciona tão bem ao vivo como em disco e, ao contrário do que se possa pensar,  nos temas longos que a banda costuma tocar, a qualidade musical dos músicos é de tal nível que nem se dá pelo tempo a passar, fica-se, isso sim, deliciado com essa execução.
O facto de ainda estarmos a digerir a excelente actuação dos Mastodon e a estagnação criativa por parte da banda liderada por Amy Lee, fez com que o concerto dos Evanescence fosse (na minha opinião) o mais fraco do dia.
Com o estilo musical característico deste grupo que se formou no Arkansas em 1995, a música dos Evanescence acaba por ser "mais do mesmo". Apesar de o alinhamento escolhido ser em jeito de Best Of percorrendo toda a carreira do grupo, desde o primeiro disco "Origin" de 2000 até ao mais recente "Evanescence" de 2011, o concerto foi fraco e monótono. Se em termos de sonoridade musical a nível instrumental o grupo esteve em bom nível, com os temas bem tocados e com força, já a nível vocal Amy Lee mostrou algumas debilidades, chegando a desafinar em algumas partes e demonstrando alguma falta de garra. Para além de não deslumbrarem, também não se pode afirmar, sequer, que tenham cumprido e fica a ideia que o grupo chegou a uma encruzilhada da qual dificilmente conseguirá sair, com um estilo musical "Has Been", ultrapassado, e refém de meia dúzia de hits, mas que não são suficientes para que o grupo consiga manter a chama e o sucesso que obteve no início da carreira, principalmente com "Fallen" em 2003.
E eis que para suceder ao concerto fraco dos Evanescence, é chegada a hora dos Metallica subirem ao palco. Clientes habituais de terras lusas, James Hatfield, Lars Ulrich, Kirk Hammett e Robert Trujillo têm uma legião de fans impressionante que neste dia não hesitou em vestir de negro o Parque da Bela Vista, para poderem assistir ao concerto de uma das maiores bandas de Metal ao vivo, ainda por cima com a aliciante de nesta digressão o grupo que se estreou com "Kill 'Em All" em 1983, tocar na íntegra o homónimo "Metallica" de 1991, mais conhecido como "Black Album", não faltando ainda temas como  "Master of Puppets" de 1986 ou "Seek & Destroy" de Kill 'Em All, num bom alinhamento, que pecou apenas pelo facto de "Metallica" não ter sido tocado pela ordem, sendo que houve uma primeira parte com hits passados do grupo, depois tocaram o "Black Album" na íntegra, e para o final mais alguns hits. Já que o alinhamento dos temas que fazem parte desse disco foi, propositadamente, separado dos outros com um pequeno interlúdio, teria feito todo o sentido que eles fossem tocados pela ordem em que aparecem no disco, o que não aconteceu.
No entanto, isto não fez com que o concerto não fosse bom; foi, foi muito bom. Só que já houve melhores e o próprio grupo interagiu com o público menos do que é costume, o que foi pena, mas a sonoridade, a postura do grupo ao vivo e a entrega dos músicos em palco, continuam a ser brilhantes e talvez seja por isso que costumo dizer que toda a gente devia, pelo menos uma vez na vida, assistir a um concerto dos Metallica.
Foi o meu oitavo.