No primeiro dia da primeira edição do Festival Primavera Sound no Porto, as expectativas no que diz respeito à afluência de público, foram confirmadas, pois o objectivo da organização era cerca de 20000 pessoas, e estiveram presentes, segundo os dados da mesma, cerca de 20750, na sua maioria estrangeiros.
O primeiro grupo a actuar nesta edição do Primavera Sound foram os portugueses Stopestra, a que se seguiram os espanhois Bigott.
À chegada ao recinto, após a respectiva troca do bilhete pela pulseira e um cartão (para evitar falsificações), estava a começar a sua actuação Atlas Sound, o projecto a solo de Bradford Cox, dos Deerhunter. Acompanhado por viola acústica e harmónica, às quais momentaneamente adicionava ritmos e sons extraídos de osciladores, Bradford Cox não conseguiu entusiarmar o público presente, não só pelo facto de o seu estilo de música não ter funcionado neste espaço, mas também porque o espírito do público estava um pouco em "regime de fim de tarde, início de noite", ou seja, descansava-se de um dia de trabalho ou de viagem, para poder aguentar uma noite de música. Para além destes dois condicionantes, o som não ajudou, pois estava demasiado alto e com bastantes distorções. Numa sala pequena, talvez funcione.
Após o fraco concerto de Atlas Sound, há que andar um pouco para o lado, para o palco Optimus onde ia tocar o françês Yann Tiersen que, de forma algo redutora é conhecido como o senhor que fez a banda sonora do filme "Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain. Detentor de uma extensa discografia, rodeado por excelentes músicos, Tiersen desdobrou-se entre as teclas, violino, guitarra e voz e deu um concerto brilhante. Se dúvidas existiam sobre a forma como a música de Tiersen funcionaria ao vivo, elas dissiparam-se por completo. Não é pela sua característica, por vezes minimalista e introspectiva, simultaneamente conceptual desconexa, agressiva e suave, que a música de Yann Tiersen não funciona, e a prova disso foi que assistimos a um concerto fabuloso e que, durante uma hora, nos deixou "de boca aberta" e quase sem capacidade de reacção.
Após o bom concerto de Yann Tiersen, estamos de volta ao palco Primavera onde iam actuar os The Drums, banda norte-americana que lançou o primeiro disco em 2009 e desde então é apresentada como uma das novas bandas mais promissoras da actualidade. Durante a hora que estiveram em palco o grupo liderado por Jonathan Pierce, apresentou uma série de canções que entusiasmaram a plateia, mas nunca chegando ao ponto de a empolgar. Os autores do êxito "Let's Go Surfing", tocam um pop melódico, suave e bastante agradável, mas na minha opinião, parecem não ser capazes de dar o salto para um nível mais alto, para o nível em que os costumam colocar, como a próxima grande banda. No final do concerto, Jonathan disse que andavam em digressão há três anos, e que essa digressão termina agora e que precisam de descansar. Pode ser que esta pausa venha a ser benéfica para o grupo e para a sua criatividade. Vamos aguardar pelo próximo disco do grupo.
Novo intervalo (sempre de 15 minutos), nova mudança de palco, e eis que os Suede começam o seu concerto que, durante uma hora e trinta minutos entusiamou e empolgou os mais de vinte mil espectadores. A banda de Brett Anderson, em digressão de reunião há quase dois anos é como o vinho do Porto "quanto mais velhos melhores". A "máquina" está bem oleada, e Brett Anderson e os Suede continuam a dar concertos fenomenais.
Apesar de não apresentarem temas novos, a vasta discografia do grupo e os temas fortes de alguns álbuns permitem-lhes poder apresentar uma série de canções fabulosas e empolgantes, como por exemplo "So Young" do primeiro disco "Suede" de 1993, "Trash", "Saturday Night", "Beautiful Ones" de "Coming Up" de 1997, ou ainda "Can't Get Enough"de "Head Music" de 1999 e que funciona muito bem ao vivo.
Foi, sem qualquer dúvida um concerto de grande nível e só é pena que o grupo não apresente nenhum tema novo durante os concertos.
Depois da actuação dos Suede é chegada a vez dos Mercury Rev de Jonathan Donahue, grupo que editou em 1998 um dos melhores discos dos ultimos vinte anos, "Deserter's Songs" em 1998. Desde então, a carreira do grupo em termos discográficos estagnou e nunca mais conseguiram apresentar nenhum trabalho de grande nível, mesmo tentando novas experiência sonoras, como por exemplo em "The Secret Migration" de 2005, em que entraram pelos campos da "New Age" e, diga-se em abono da verdade, de uma forma muito fraca.
Quanto ao concerto, não faltaram os grandes temas desse disco de 1998 e a postura do grupo foi birlhante, provando que, se em termos discográficos a produção tem sido muito fraca, no que à qualidade de execução musical diz respeito, os Mercury Rev continuam a ser grandes músicos e de grande presença em palco, pois para além de serem bons músicos, conseguem transportar para o palco toda uma vertente de representação verdadeiramente fantástica, mantendo-nos presos ao espectáculo.
Este foi um dos grandes concertos deste primeiro dia do Primavera Sound. A haver um vencedor, eles seriam os Mercury Rev, mas pode ser uma injustiça, pois quer Yann Tiersen, quer os Suede, deram grandes concertos.
Após o fraco concerto de Atlas Sound, há que andar um pouco para o lado, para o palco Optimus onde ia tocar o françês Yann Tiersen que, de forma algo redutora é conhecido como o senhor que fez a banda sonora do filme "Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain. Detentor de uma extensa discografia, rodeado por excelentes músicos, Tiersen desdobrou-se entre as teclas, violino, guitarra e voz e deu um concerto brilhante. Se dúvidas existiam sobre a forma como a música de Tiersen funcionaria ao vivo, elas dissiparam-se por completo. Não é pela sua característica, por vezes minimalista e introspectiva, simultaneamente conceptual desconexa, agressiva e suave, que a música de Yann Tiersen não funciona, e a prova disso foi que assistimos a um concerto fabuloso e que, durante uma hora, nos deixou "de boca aberta" e quase sem capacidade de reacção.
Após o bom concerto de Yann Tiersen, estamos de volta ao palco Primavera onde iam actuar os The Drums, banda norte-americana que lançou o primeiro disco em 2009 e desde então é apresentada como uma das novas bandas mais promissoras da actualidade. Durante a hora que estiveram em palco o grupo liderado por Jonathan Pierce, apresentou uma série de canções que entusiasmaram a plateia, mas nunca chegando ao ponto de a empolgar. Os autores do êxito "Let's Go Surfing", tocam um pop melódico, suave e bastante agradável, mas na minha opinião, parecem não ser capazes de dar o salto para um nível mais alto, para o nível em que os costumam colocar, como a próxima grande banda. No final do concerto, Jonathan disse que andavam em digressão há três anos, e que essa digressão termina agora e que precisam de descansar. Pode ser que esta pausa venha a ser benéfica para o grupo e para a sua criatividade. Vamos aguardar pelo próximo disco do grupo.
Novo intervalo (sempre de 15 minutos), nova mudança de palco, e eis que os Suede começam o seu concerto que, durante uma hora e trinta minutos entusiamou e empolgou os mais de vinte mil espectadores. A banda de Brett Anderson, em digressão de reunião há quase dois anos é como o vinho do Porto "quanto mais velhos melhores". A "máquina" está bem oleada, e Brett Anderson e os Suede continuam a dar concertos fenomenais.
Apesar de não apresentarem temas novos, a vasta discografia do grupo e os temas fortes de alguns álbuns permitem-lhes poder apresentar uma série de canções fabulosas e empolgantes, como por exemplo "So Young" do primeiro disco "Suede" de 1993, "Trash", "Saturday Night", "Beautiful Ones" de "Coming Up" de 1997, ou ainda "Can't Get Enough"de "Head Music" de 1999 e que funciona muito bem ao vivo.
Foi, sem qualquer dúvida um concerto de grande nível e só é pena que o grupo não apresente nenhum tema novo durante os concertos.
Depois da actuação dos Suede é chegada a vez dos Mercury Rev de Jonathan Donahue, grupo que editou em 1998 um dos melhores discos dos ultimos vinte anos, "Deserter's Songs" em 1998. Desde então, a carreira do grupo em termos discográficos estagnou e nunca mais conseguiram apresentar nenhum trabalho de grande nível, mesmo tentando novas experiência sonoras, como por exemplo em "The Secret Migration" de 2005, em que entraram pelos campos da "New Age" e, diga-se em abono da verdade, de uma forma muito fraca.
Quanto ao concerto, não faltaram os grandes temas desse disco de 1998 e a postura do grupo foi birlhante, provando que, se em termos discográficos a produção tem sido muito fraca, no que à qualidade de execução musical diz respeito, os Mercury Rev continuam a ser grandes músicos e de grande presença em palco, pois para além de serem bons músicos, conseguem transportar para o palco toda uma vertente de representação verdadeiramente fantástica, mantendo-nos presos ao espectáculo.
Este foi um dos grandes concertos deste primeiro dia do Primavera Sound. A haver um vencedor, eles seriam os Mercury Rev, mas pode ser uma injustiça, pois quer Yann Tiersen, quer os Suede, deram grandes concertos.