Data - 29 de Maio de 2015
Local - Parc Del Fòrum
Notas - Terceiro dia de um festival com mais de uma dezena de palcos espalhadas por um recinto enorme, e, como se já não fosse suficiente a árdua tarefa da selecção do que deve ser visto, ainda se tem a difícil missão de andar alguns Kms de palco em palco.
Disappears - Os riffs e o rock experimental dos Disappears encarregaram-se de dar início a mais um dia de festival. Pelas 17 horas, com um sol extremamente quente, não foi fácil a banda de Chicago conseguir empolgar a assistência. Com um som a fazer lembrar os Can ou os Stoges, e num momento em que estão a preparar a edição de um novo trabalho, o grupo limitou-se a tocar alguns dos seus temas mais conhecidos, extraídos dos álbuns "Lux", "Guider" e "Era".
KVB - Do Reino Unido, chegaram os KVB, com o seu punk-rock misturado com electrónica e Shoegaze. Nitidamente influenciados por Joy Division ou Cure, o grupo que recentemente editou o EP "Out Of Body" deu um concerto morno, demonstrando no entanto algum potencial, mas para isso têm que soltar as amarras que os prendem e influenciam, nomeadamente Joy Divison, que apesar de tudo é uma boa influência, mas, como é lógico, é necessário algo novo. Um grupo a seguir.
Chinarro - Génio e um dos nomes mais importantes da música pop espanhola, António Luque conta já com duas décadas de carreira à frente dos Sr. Chinarro, e para comemorar esse feito, foi lançado recentemente o trabalho "Perspectiva Caballera", disco este que serviu, naturalmente, de base ao bom concerto que deu, tocando as suas baladas e o seu pop corrido, perante um recinto bem composto.
Ex Hex - Após o final dos White Flag, as Sleater-Kinney Janet Weiss e Carrie Brownstein, a vocalista e guitarrista Mary Timony (Helium), surgiram como Ex Hex, projecto novo em que se fazem acompanhar por Betsy Wright (The Fine Tapes) e Laura Harris (The Aquarium), formando o que é vulgarmente designado por uma super-banda. o seu rock forte e ritmado, as canções curtas e simples a fazer lembrar Ramones ou as Runaways, cativaram a assistência, que de forma descontraída saltou, dançou e vibrou.
New Pornographers - Ultimamente vocacionados para as suas carreiras a solo, A. C. Newman, Dan Bejar e Neko Case, decidiram reactivar os New Pornographers em 2014, lançando o trabalho "Bill Bruisers", disco muito bem recebido pela crítica e pelo público em geral, e como consequência dessa boa recepção, impunham-se os concertos e as digressões daquele que é considerado o super-grupo indie por excelência, e demonstraram isso no Primavera Sound, apesar de o concerto ter decorrido ainda com luz do dia e com o público a chegar ao recinto. Se fosse um pouco mais tarde e com uma plateia cheia, teria sido um dos melhores concertos do dia, pois a motivação dos músicos seria diferente.
Tobias Jesso Jr. - O canadiano Tobias Jesso Jr., tocava pela primeira vez perante tanta gente, segundo o próprio afirmou. Sentado ao piano, visivelmente satisfeito, deu um bom concerto, interagindo bem com o público, brincando, cantando e comovendo a assistência.
Perfume Genius - Mike Hadreas (Perfume Genius), com três discos editados, continua a seguir a sua carreira de forma muito equilibrada, exibindo uma sensibilidade fora do comum na forma como escreve e interpreta as suas canções, conseguindo transportar para o público o significado de cada frase que canta, de cada melodia que toca, de cada canção que compõe. As suas melancolias, as suas alegrias, as suas obsessões, as diversas pressões e fases da sua vida, passam para o público, que as sente como se fossem suas, transformando a sua música e a sua actuação com num verdadeiro momento de magia, um momento singular que nos toca e comove; de forma brilhante e comovente. Sidera-nos.
Sleater-Kinney - Dez anos após a edição de "The Woods", este poderoso trio americano, que sacudiu o movimento punk, está de regresso com a edição de "No Cities To Love", um disco duro tal como os anteriormente editados pela banda. Relativamente ao concerto, foi com mas sem grandes improvisos, tornando-se aborrecido. Se fosse uma hora seria perfeito, mais do que isso, torna-se (tornou-se ) aborrecido.
Ride - Pioneiros do Shoegaze à escala mundial, juntamente com os My Bloody Valentine e Slowdive, esta banda inglesa, formada por Andy Bell, Mark Gardener, Laurence 'Loz' Colbert e Steve Queralt, iniciou a sua actividade em 1988, tendo-se separado em 1996, deixando um legado de quatro discos. Em 2001 reuniram-se para procederem à gravação de um programa para o Channel 4, e este ano andam em digressão, aproveitando o renascimento do estilo que os caracterizou, renascimento esse que surgiu graças ao regresso às edições discográficas por parte dos My Bloody Valentine que no ano de 2013 lançaram "MBV".
Alt-J - Muito aclamados pela crítica com o disco de estreia "An Awesome Wave" em 2012, os Alt-J regressaram em 2014 com "This Is All Yours", mais um excelente trabalho. No entanto, se em disco a música deste trio de Leeds liderado por Joe Newman funciona na perfeição criando bons momentos musicais, ao vivo surge o problema que se prende com a dimensão do palco onde o grupo actua. Numa sala pequena, com um palco pequeno, num ambiente mais intimista, acreditamos que um concerto dos Alt-J será mesmo muito bom; agora, quando tocam em palcos de grande dimensão a exigir grandes coreografias e perante cerca de 30 ou 40 mil pessoas, essa magia perde-se e torna-se aborrecido, não sendo de estranhar o facto de a partir de uma determinada altura ser possível ver pessoas a abandonar o recinto. É pena.