Primeira parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog aos Xutos & Pontapés, que foi publicada no jornal Musicalíssimo no dia 01 de Fevereiro de 1982
Em 1980 marcaram uma excelente actuação no pavilhão do Belenenses, quando serviram de suporte às vedetas “Wilko Johnson Solid Sender’s”. “Sémen” é tocado pela primeira vez no Rock Rendez-Vous e o salto para o panorama do rock nacional estava dado. Xutos e Pontapés, antes de o serem, foram “Beijinhos e Parabéns” e “De Lirius Tremulus”.
Surgiu recentemente no nosso mercado discográfico, mais um disco de rock português, desta vez do grupo Xutos e Pontapés. Neste single, o grupo brinda-nos com uma música de qualidade invulgar, “Sémen”. Devido ao facto de esse single ser um trabalho bastante positivo, fui entrevistá-los.
Perg. – Em primeiro lugar, gostava que me dissessem qual a formação do grupo?
Resp. – (Zé Pedro) – O grupo é formado por mim na guitarra e voz, o Francis na guitarra, Tim no baixo e voz e o Kalu na bateria. Formámo-nos em 1978.
Perg. – Qual a vossa experiência musical antes de tocarem nos Xutos e Pontapés?
Resp. – O Kalu toca desde os 15 anos e já fez parte de várias bandas, o Tim teve experiência no campo da música contemporânea, o Francis tocou em várias bandas de segundo plano e eu nunca tinha tido nenhuma experiência.
Perg. – Têm aspirações a ser um dos grandes grupos do rock português?
Resp. – Não. Tanto não temos aspirações como nunca nos tentamos impor, nunca nos tentamos enfiar no seio do próprio movimento.
Perg. – Porquê?
Resp. – Para já considero que não deve existir um movimento chamado rock português, porque actualmente o rock português está a ser aproveitado para tudo o que se passa em Portugal a nível de músicas mais mexidas. Portanto, há muita coisa que se faz e é chamada rock português que, à priori, não devia ter sequer qualquer contacto com o rock. Em Portugal, há uma grande paranóia a nível mental das pessoas, de aceitarem grupos pop. Ora bem, há grupos a fazerem o dito rock português, que poderiam dizer que fazem pop.
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