Mari Boine nasceu em Karasjok, Noruega, no dia 08 de Novembro de 1956, tendo passado a sua infância e crescido em Gámehisnjárga, uma aldeia no rio Anarjohka, município de Karasjok em Finnmark, extremo norte da Noruega.
Os seus pais eram Sapmi, povo de uma região no Norte da Noruega, viviam da pesca do salmão e da agricultura, tendo Boine crescido imersa no ambiente natural da região e também no meio-ambiente rígido do movimento cristão Luterano, um dos principais movimentos religiosos da Noruega e do Norte da Europa e que discriminava o povo Sapmi, chegando ao ponto de considerar que o facto de se cantar no estilo tradicional Sapmi Joik era "uma obra do diabo".
A escola local frequentada por Boine reflectia um mundo completamente diferente do da sua família, tendo sido toda a sua aprendizagem em norueguês. À medida que foi crescendo, Mari Boine começou a revoltar-se contra o preconceito existente na sociedade norueguesa Luterana, segundo o qual, uma mulher "Lappish" é um ser inferior. Aproveitando a sua música, não só nos espectáculos ao vivo como também nas edições discográficas, Boine aproveitou para divulgar as suas mensagens contra o racismo e contra essa atitude preconceituosa em relação à situação da mulher na sociedade norueguesa. Durante os seus concertos tem o cuidado de abordar sempre essa questão, criticando fortemente a discriminação social das mulheres e das minorias.
“Gula Gula”, editado em 1990 pela Real World de Peter Gabriel, trouxe a Mari Boine enorme reconhecimento a nível internacional. Editado com o nome de Mari Boine Persen, apelido que a identificava como norueguesa, a capa do disco apresentava o olho de uma coruja, imagem icónica da sua região natal. A título de curiosidade, é de mencionar que na contracapa do disco, no espaço em que habitualmente a editora menciona o país de origem do músico, aparece “Sapmi”, em vez de Noruega. Em 2007 este disco foi reeditado pela sua própria editora, Lean, tendo a capa sido alterada e, em vez da águia, surge Boine vestida como uma dançarina tradicional Xamanista e em vez de Mari Boine Persen, surge simplesmente Mari Boine.
Mari Boine conta com uma extensa discografia, na qual apresenta um estilo musical fortemente enraizado na cultura e tradições do seu povo, aliando sonoridades Jazz e Rock e baseando o seu modo de cantar no folclore tradicional. Usando a voz e o canto Yoik Yodelling, faz-se acompanhar por uma enorme panóplia de instrumentos de acompanhamento e percussão, alguns deles tradicionais, proporcionando sonoridades, momentos e ambientes de grande beleza.