Primeira parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog aos Trabalhadores do Comércio, em vésperas de concerto no Rock Rendez-Vous.
Sérgio Castro, Álvaro Azevedo e João Luís formam um grupo rock que apareceu em 1980, grupo esse que tem o nome de Trabalhadores do Comércio. Actualmente tem gravado um LP e dois singles, e uma característica do grupo, é que cantam à moda do Porto. Aproveitando uma vinda deles a Lisboa para uma actuação no Rock Rendez-Vous, fui entrevistá-los.
Perg. – A gravação do vosso LP foi feita em Londres. Porquê Londres? Será que os estúdios portugueses, não têm as condições necessárias para a gravação de um álbum.
Resp. – (Sérgio Castro) – Isso é uma pergunta que muita gente nos faz, e não tem nada a ver com a questão dos estúdios cá não terem as condições necessárias. Efectivamente existem algumas carências nos estúdios portugueses, muitas vezes até a nível humano, por muito que isso possa custar a muita gente e já nos tem acontecido trabalharmos com pessoas pouco experientes o que, às vezes, nos traz alguns problemas. Por outro lado, e a principal razão, é que enquanto nós estávamos ligados à antiga editora (Gira), não havia estúdios disponíveis, e quando a editora quis alugar o estúdio para gravarmos não conseguiu, e foi então que pusemos a hipótese de ir gravar a Londres pois éramos poucos e a coisa às tantas não ficava mais cara. Então marcámos a gravação, aquilo foi adiado por várias razões, e entretanto houve algumas chatices com a editora, que levaram à nossa saída. Foi então que passámos para a Polygram; aceitaram a nossa ideia pois tinham o mesmo problema que a editora anterior: só nos podiam arranjar estúdio para uma determinada altura, altura essa que já não nos interessava, sequer, gravar. Aproveitámos esse estúdio para os Arte & Oficio e fomos gravar a Londres. Foi essa a principal razão.
Perg. – Como toda a gente sabe, vocês cantam à moda do Porto. Existiu alguma preocupação especial, nessa escolha?
Resp. – (Sérgio Castro) – A preocupação é esta: durante muitos anos afirmei, e continuo a afirmar que não gosto de rock cantado em Português, e continuo a não gostar por muito que isso possa custar a muita gente e por muito que eu esteja fora de moda, e de certeza que estou. De repente, porque fizemos este projecto que começou por ser um disco que eu e o Álvaro íamos fazer, e que depois apareceu o João Luís; depois aparece um nome, a seguir há aquele “boom” que foi o “Lima 5”, que não foi maior porque a editora “Nossa Senhora”, não é? Portanto a partir daí os Trabalhadores do Comércio são um projecto para levar para a frente. Acontece que já nesse disco estava notório o nós cantarmos à moda do Porto, ou melhor, utilizando a fonética, o sotaque portuense de determinadas zonas (como por exemplo a Ribeira), nós vamos conseguir, sem dúvida, uma maior musicalidade. Temos uma data de palavras que conseguimos aumentar, temos outras que conseguimos comprimir, mas sem aparecerem como erro. Aí já começo a concordar em cantar daquela maneira, e acho que conseguimos uma determinada musicalidade. Propriamente a nossa música tem influências rock, Reggae e de alguns blues. Essas influências todas juntas, com uma influência fundamental que é a da música popular portuguesa em que fomos descobrir que tínhamos algumas influências do António Mafra, a quem nós dedicámos o nosso LP, dão um tipo de música que me parece um pouco perto de raízes algo folclóricas.
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Sérgio Castro, Álvaro Azevedo e João Luís formam um grupo rock que apareceu em 1980, grupo esse que tem o nome de Trabalhadores do Comércio. Actualmente tem gravado um LP e dois singles, e uma característica do grupo, é que cantam à moda do Porto. Aproveitando uma vinda deles a Lisboa para uma actuação no Rock Rendez-Vous, fui entrevistá-los.
Perg. – A gravação do vosso LP foi feita em Londres. Porquê Londres? Será que os estúdios portugueses, não têm as condições necessárias para a gravação de um álbum.
Resp. – (Sérgio Castro) – Isso é uma pergunta que muita gente nos faz, e não tem nada a ver com a questão dos estúdios cá não terem as condições necessárias. Efectivamente existem algumas carências nos estúdios portugueses, muitas vezes até a nível humano, por muito que isso possa custar a muita gente e já nos tem acontecido trabalharmos com pessoas pouco experientes o que, às vezes, nos traz alguns problemas. Por outro lado, e a principal razão, é que enquanto nós estávamos ligados à antiga editora (Gira), não havia estúdios disponíveis, e quando a editora quis alugar o estúdio para gravarmos não conseguiu, e foi então que pusemos a hipótese de ir gravar a Londres pois éramos poucos e a coisa às tantas não ficava mais cara. Então marcámos a gravação, aquilo foi adiado por várias razões, e entretanto houve algumas chatices com a editora, que levaram à nossa saída. Foi então que passámos para a Polygram; aceitaram a nossa ideia pois tinham o mesmo problema que a editora anterior: só nos podiam arranjar estúdio para uma determinada altura, altura essa que já não nos interessava, sequer, gravar. Aproveitámos esse estúdio para os Arte & Oficio e fomos gravar a Londres. Foi essa a principal razão.
Perg. – Como toda a gente sabe, vocês cantam à moda do Porto. Existiu alguma preocupação especial, nessa escolha?
Resp. – (Sérgio Castro) – A preocupação é esta: durante muitos anos afirmei, e continuo a afirmar que não gosto de rock cantado em Português, e continuo a não gostar por muito que isso possa custar a muita gente e por muito que eu esteja fora de moda, e de certeza que estou. De repente, porque fizemos este projecto que começou por ser um disco que eu e o Álvaro íamos fazer, e que depois apareceu o João Luís; depois aparece um nome, a seguir há aquele “boom” que foi o “Lima 5”, que não foi maior porque a editora “Nossa Senhora”, não é? Portanto a partir daí os Trabalhadores do Comércio são um projecto para levar para a frente. Acontece que já nesse disco estava notório o nós cantarmos à moda do Porto, ou melhor, utilizando a fonética, o sotaque portuense de determinadas zonas (como por exemplo a Ribeira), nós vamos conseguir, sem dúvida, uma maior musicalidade. Temos uma data de palavras que conseguimos aumentar, temos outras que conseguimos comprimir, mas sem aparecerem como erro. Aí já começo a concordar em cantar daquela maneira, e acho que conseguimos uma determinada musicalidade. Propriamente a nossa música tem influências rock, Reggae e de alguns blues. Essas influências todas juntas, com uma influência fundamental que é a da música popular portuguesa em que fomos descobrir que tínhamos algumas influências do António Mafra, a quem nós dedicámos o nosso LP, dão um tipo de música que me parece um pouco perto de raízes algo folclóricas.
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