Primeira parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog a Rui Veloso, após a edição do disco "Ar de Rock".
Até Maio de 1980, quem é que ele era? Apenas um cidadão normal, como eu, tu e muitos outros. Para alterar completamente a vida deste “Herói do nosso tempo”, bastou um LP, com uma duração musical de cerca de 33 minutos e com uma capa a preto e branco, onde se podia ler “Rui Veloso – Ar de Rock”. Só isto bastou para colocar este “tripeiro”, pois ele é do Porto, nas bocas de todo o mundo, nos Tops, nas listas de discos de ouro, etc, etc.
RUI VELOSO: Um rapaz de 23 anos, nascido no Porto e que recentemente abalou para Lisboa, onde se encontra a residir, mas sem deixar de ir ao Porto com regularidade, pois segundo ele diz “não gosto muito de Lisboa, sinto-me bem quando vou ao Porto, quando estou lá com a malta. Não gosto de Lisboa porque há muito barulho, muito movimento”. Muitas vezes esses contras fazem com que um músico se deixe arrastar para um lado que lhe pode ser prejudicial, pode fazer com que perca a pureza devido às várias pressões que existem. Eis a sua opinião: “Por vezes uma pessoa tem problemas, mas não se trata de perder a pureza. Às vezes tenho crises de inspiração e não consigo fazer nada, por não ter ambiente”.
Algo que sabemos é que com o enorme êxito, conseguido assim repentinamente, Rui Veloso criou um certo compromisso e geralmente quando um cantor consegue um êxito repentino, mais tarde ou mais cedo, sujeita-se a entrar em decadência. Relativamente a este assunto, Rui Veloso disse que o “preocupava na medida em que prefere ganhar dinheiro à custa dos discos, pois não tem grande vida para andar a fazer espectáculos. É evidente que eu não acredito que o meu segundo disco vá vender tanto como o primeiro. As vendas do primeiro foram em grande quantidade, devido ao entusiasmo inicial, pois não havia ninguém a fazer o Rock”.
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