07/10/08

Entrevista... Adelaide Ferreira

Primeira parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog a Adelaide Ferreira, publicada no suplemento "Som 80", parte integrante do jornal "Portugal Hoje", extinto no início dos anos 80.

A Adelaide Ferreira é uma cantora/actriz sobejamente conhecida de todos nós e que goza de certo prestígio no panorama musical português. Senão, vejamos: quem é que ainda não ouviu falar daquela música, numa onda rock, chamada “Baby Suicida” e que tem obtido enorme sucesso? E daquele grupo formado por quatro raparigas, Alegres Comadres, e que foram ao festival da canção em 1979? Seguramente que, todos nos lembramos da excelente voz da Adelaide Ferreira no seio desse grupo; e, já agora, estou-me a lembrar da sua interpretação, curta mas interessante, no filme “Kilas o mau da fita”. Foi por esta razão que decidi entrevistar a Adelaide Ferreira.
Perg. – Adelaide Ferreira, em que linha ou onda musical é que tu te integras?
Resp. – Neste momento integro-me na onda rock. Agora, se me perguntares se é ou não definitivo, digo-te que não sei porque normalmente um cantor sofre, não no sentido depreciativo, uma evolução, e eu espero que isso aconteça comigo, espero não ficar por aqui e, portanto, de certeza absoluta que o meu rock vai evoluir progressivamente e daqui por uns anos, não sei o que estou a fazer, se rock, se jazz - rock..
Perg. – Quais os cantores ou grupos que mais te influenciam?
Resp. – Olha, eu admiro muita gente no mundo da música. Creio que estou influenciada por todos os que gosto e não influenciada (parece uma contradição, mas não é), porque normalmente eu tento não me deixar influenciar na totalidade por um cantor, mas sim por um conjunto de cantores que eu selecciono para o meu gosto. Os gostos vou-tos dizer, eles são muitos do jazz e poucos do rock. Do rock são a Janis Joplin, Bette Midler, e a Elkie Brooks; do jazz gosto do Cleo Laine, Sarah Vaughan, Billie Holiday, Al Jarreau que de homens é um dos poucos por quem me deixo, não digo influenciar, mas uma vez que a educação musical em Portugal está tão pouco desenvolvida, existem tão poucas escolas de música e que nos ensinem a cantar, que vou-me ensinando a mim própria através daquilo que ouço. Não me deixo influenciar na totalidade por ninguém, mas parcialmente por toda a gente.
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