10/10/08

Entrevista... Adelaide Ferreira


Quarta parte de uma entrevista feita pelo autor deste blog a Adelaide Ferreira, publicada no suplemento "Som 80", parte integrante do jornal "Portugal Hoje", extinto no início dos anos 80. ...
Perg. – O que achas deste movimento eu surgiu o ano passado, de grupos rock portugueses? Resp. – Essencialmente acho que existe uma saturação por parte do público português, ao rock importado. O rock internacional está a passar uma crise. Por exemplo, eu acho que a New Wave é um estilo muito fraco e, na minha opinião, feito de uma forma muito pouco inteligente. Costumo dizer que é um rock quadrado e o público português é muito inteligente e quando existe qualquer coisa que não lhe agrade, ele agarra o que é bom. O rock português acontece bem por parte do Rui Veloso e os portugueses aderem ao rock feito por portugueses, na medida em que está a ser feito com muito melhor qualidade do que o estrangeiro.
Perg. – Achas que pode ser considerado um movimento?
Resp. – Eu acho que sim. Porque não? Acho que é uma necessidade que a juventude portuguesa tem que qualquer coisa seja feita em Portugal. Nós estamos fartos de ser sempre os fraquinhos, os pobrezinhos. Há pessoas com capacidade no nosso país e a geração que está a consumir o rock português, sabe isso.

Perg. – Não colocas a hipótese do público se vir a fartar devido a um cansaço originado por existirem muitas bandas ao mesmo tempo?
Resp. – Não, eu acho que o que vai acontecer é uma selecção natural. Nem tudo o que se está a fazer é bom, é tudo razoável e os grupos estão todos a começar. Depois vai haver por parte dos grupos, uma melhoria do seu trabalho, uma melhoria de qualidade quer a nível instrumental quer a nível de arranjos. Isso vai originar uma selecção e as próprias pessoas vão aperceber-se do que preferem e daqui a um ou dois anos há uma selecção e vão existir alguns grupos que se vão manter e outros que vão ter de trabalhar mais para poderem melhorar. Isso é sempre bom e é salutar ter de melhorar o seu trabalho para conseguir chegar ao nível dos que já estão seleccionados por determinado público.

Perg. – Como é que vês o papel da mulher no rock que se faz em Portugal?
Resp. – Da mesma maneira que o papel do homem. Acho que têm ambos o mesmo peso, apesar de não serem iguais. Portanto, o papel da mulher é mostrar que é igual ao homem, que pode cantar o rock da mesma maneira, o homem com mais virilidade e a mulher com mais feminilidade, mas ambos têm um papel muito importante.

Perg. – Quais são os teus projectos para o futuro?
Resp. - Eu tenho alguns projectos mas são a curto prazo. Tenho a banda formada, estamos a fazer espectáculos, a nossa estreia correu bem e estou muito contente. Vou editar um Lp e tentar dar o máximo número de espectáculos.

FIM