
Data - 19 de Novembro de 2011
Local - Coliseu de Lisboa
Notas - "Lisboa longe de mim": frase utilizada por Rui Reininho, durante o excelente concerto no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. Rui Reininho é conhecido, apreciado e odiado pelas farpas que vai lançando durante os concertos dos GNR. Se há quem as aprecie, como é o meu caso, também existe quem não goste e, talvez por isso, muito dificilmente os GNR conseguem encher os concertos em Lisboa.
O Coliseu estava cheio, mas ficou a ideia que muita da gente que lá estava era por ter obtido bilhetes de forma gratuita através de passatempos ou convites, e como tal não foi possível deixar de reparar que mais para o final do concerto, junto aos encores, já existissem bastantes lugares nas bancadas e nas galerias, o que na minha opinião é sintomático, pois quem gosta de um grupo e vai a um concerto desse mesmo grupo, não abandona a sala antes daquele acender de luzes, a partir do qual a nostalgia começa a substituir o prazer do momento que passámos.
Relativamente ao concerto, propriamente dito, e estabelecendo a inevitável comparação com o do Porto no passado fim-de-semana, ficou a sensação de que neste concerto não existiu o ambiente de festa que houve no Porto. No Porto houve uma festa de aniversário com um concerto em que se cantaram os parabéns ao grupo de forma respeitosa; em Lisboa houve um concerto para celebrar o aniversário de uma banda.
Um Rui Reininho igual a si próprio, com uma voz que não perde a qualidade e o timbre, apesar dos anos que vão passando e que, ao fim de 30 anos, continua excelente, bem como a sua presença em palco, onde o seu estilo muito próprio e sedutor fazem com que seja extremamente difícil desviar o olhar da sua presença, enquanto Tóli César Machado (único elemento da formação original), discreto como sempre, mantém a jovialidade inicial, mantém o prazer de estar em palco, sempre com uma expressão de orgulho e felicidade por poder continuar a tocar os muitos êxitos intemporais desta grande banda, êxitos que têm perdurado no tempo e que, seguramente, se vão perpetuar, tal como a imagem de um Jorge Romão sempre com uma energia impressionante, mesmo ao fim de 30 anos, e que contínua a estar em palco com o prazer de outrora, como se continuasse a ser um miúdo, como se não tivesse crescido, e nós gostamos, gostamos dessa sensação de recuo no tempo que a música dos GNR transmite, e isso faz-nos pensar que, como eles dizem, "mais vale nunca mais crescer" e continuar a desfrutar dos pequenos e grandes prazeres da vida, e um desses prazeres é ouvir a música dos GNR e recuar no tempo, sempre com um pequeno brilho nos olhos e uma expressão de felicidade.
Na primeira parte actuaram os Capitães da Areia, com um estilo musical pop-rock, com uma pequena fusão com ritmos de world-music. Parece ser um grupo com possibilidades de obter algum sucesso, se bem que um pouco mais de humildade não ficava mal.