Burial estreou-se no ano de 2005, através da label Hyperdub, altura em participou no EP South London Borough, disco muito bem recebido por parte da crítica musical especializada.
"Southern Comfort" e "Broken Home" foram dois dos temas extraídos desse EP de estreia e fizeram parte do leque de treze canções que deu origem ao primeiro trabalho de Burial, álbum homónimo editado em 2006.
A este primeiro disco, seguiu-se o muito aclamado "Untrue" que fez parte de praticamente todas as listas dos melhores discos editados durante o ano de 2007. Este facto fez com que Burial não consegui-se manter por muito mais tempo o seu anonimato. Recordo que até à altura em que o jornal britânico "The Independent" revelou em Fevereiro de 2008 que Burial seria Willian Bevan, não exisitiam fotos do músico / produtor, e para além dos registos musicais, o que existia era somente uma entrevista que foi dada ao jornal "The Guardian" em 26 Outubro de 2007, na qual não foi revelada a identidade do músico, nem qualquer fotografia.
Este mistérito todo acabou por criar algum misticismo, não só na personagem mas também na música de Burial graças ao seu dubstep muito característico e estranho, uma vez que não existe propriamente uma coerência nas músicas do primeiro ao último minuto, mas existe um fio de ligação imaginário que liga todas as sonoridades que fazem parte de cada tema.
Em "Truant / Rough Sleeper", editado no início deste ano, essa característica é evidente. Composto apenas por dois longos temas, "Truant" e "Rough Sleeper", com 11.45 e 13.47 minutos repectivamente, estamos perante um disco que está muito longe de ser aborrecido, pois são tantas as variações de ritmo e de sonoridades em cada faixa, que ficamos com a sensação de estar a ouvir um disco completo em cada um desses dois temas.
Quando se fala de Dubstep, de uma forma algo redutora, acabamos por associar o estilo a Skrillex, que obviamente tem os seus méritos e alguns bons trabalhos editados, mas o Dubstep praticado por Burial é muito diferente desse, pois é menos barulhento e muito mais mais complexo, com uma sonoridade muito própria e característica.
A música de Burial faz parte do restrito leque que se aprende a gostar, devido à já referida complexidade, às constantes mudanças de ritmo com quebras que nos absorvem mas que de um momento para o outro nos despertam e às divagações estranhas e por vezes alucinadas que quase entram pelos campos da House Music.
Esta conjugação de factores e uma produção cuidada ao pormenor, são uma característica de Burial, e esse talvez seja um dos motivos que leva a que os seus discos sejam sempre considerados como trabalhos de imensa qualidade.
Este "Truant / Rough Sleeper", não é excepção.
01 - Truant
02 - Rough Sleeper
Nota 8,4
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