15/04/14

Ao vivo... The Legendary Tigerman

Data - 27 de Março de 2014
Local - Discoteca Lux
Notas - A pequena sala da discoteca Lux, encheu para assistir ao concerto de "True", o mais recente trabalho discográfico de Paulo Furtado, The Legendary Tigerman", disco este já considerado como um dos melhores deste músico de Coimbra, também membro dos Wraygunn e dos já extintos Tédio Boys.
Após a primeira canção da noite, surge um Paulo Furtado no seu melhor, "convidado que está à conversa devia ser decapitado", e, esta irritação com as pessoas que insistiam em estar à conversa durante todo o desenrolar do concerto foi evidente até à última canção. Nem o pequeno aviso que fez - "sou conhecido por duas coisas: tocar guitarra e urinar na cabeça das pessoas. Não me queiram ver a fazer a segunda", nem o mandar o pessoal que estava à conversa abandonar a sala e ir para o c..... -, foram suficientes para que o público adoptasse um comportamento digno de quem está a assistir a um concerto, independentemente do nível do músico que está em palco, e já no encore, o Paulo Furtado pousa a guitarra, salta do palco, e dirige-se a um grupo que, insistentemente, continuava à conversa, estando um pouco alheio àquilo que se passava em palco e que era "somente" a apresentação de um dos melhores discos português de um dos melhores músicos portugueses, The Legendary Tigerman. Segundo Paulo Furtado, "o problema é as pessoas terem medo de por os outros na ordem, seja na política seja no caralho que o foda".
Por muito que esta atitude possa ser criticável eu estou de acordo, pois, se existe algo que irrita durante um concerto é a cambada de papagaios que por lá aparece, e a juntar a estes ainda há aqueles que só sabem o refrão de uma música e, quando chega a essa parte cantam a todos os pulmões e, quando o refrão termina... a veia de papagaio volta à tona. Irritante.
Mas, voltemos ao que interessa, ao concerto, propriamente dito.
Desta vez, Paulo Furtado não esteve sozinho em palco, tendo contado com as excelentes colaborações de Paulo Segadães na bateria, durante praticamente todo o concerto (soberbo em "Storm Over Paradise"), e João Cabrita no saxofone em "Gone" e "Dance Crazy", temas que fazem parte de "True".
Para além dos temas do novo disco, houve ainda tempo para uma curta passagem por "Femina" de 2009, com "And Then Came The Pain", uma viagem ao primeiro disco editado pelo músico, "Naked Blues" de 2002, e a um inédito "A Lifetime of Your True Love".
Num verdadeiro ambiente de Rock 'n' Roll e muita festa, apesar de os papagaios continuarem presentes, foi em euforia e ao som de "21st Centurt Rock 'n' Roll", que Paulo Furtado se empoleirou nas colunas do lado direito do palco, tendo como fundo musical uma melodia anárquica sobre a qual assentavam uns gritos à beira do rugido primal, para gáudio da grande maioria dos presentes (papagaios não contam), rendidos a um excelente músico.
E foi com esta música que Paulo Furtado terminou o concerto e, com os quatro excelentes músicos em palco - para além dos já mencionados, não se pode esquecer (propositadamente deixado para o fim nesta crónica),  Filipe Costa, "as duas melhores mãos de Portugal nas teclas, no resto não sei", segundo Legendary Tigerman, que abrilhantou "Green Onions" com os seus devaneios ao piano -, o músico disse, "não haveria mais, não havia vontade para tal".
Mas o público não arredou pé e continuou a aplaudir de forma insistente, e passado pouco tempo The Legendary Tigerman voltou ao palco para interpretar "Love Ride", e aí sim, chegou ao fim um bom concerto, tendo ficado vontade para mais.
Aguardemos pelos Coliseu.